Perigo: tá doendo?- pergunta sério e eu fico confusa, ele pega meu braço na brutalidade mesmo e ergue a manga do meu moletom deixando alguns roxos e alguns machucados a mostra
Eu: eu caí- minto e ele nega com a cabeça
Perigo: o velho já foi avisado duas vezes, na terceira ele morre- fala sério e eu confirmo com a cabeça- pode ir pro teu barraco, por hoje é só isso mesmo- fala sério e sai da cozinhaVou para a minha casa e o caminho dessa vez foi de boa, entro fechando a porta e trancando a mesma, aproveito que o Perigo me liberou cedo e começo a fazer uma faxina na minha casa, deixo a casa inteira brilhando, não tenho nenhum móvel ainda, só tenho a cama que a dona Dulce me deu, fora isso mais nada!
Quando eu termino de limpar a casa eu subo pro meu quarto e me jogo na cama, minha barriga começa a roncar e eu faço careta, estou dois dias sem comer absolutamente nada, o César pegou literalmente todo o dinheiro que eu tinha para beber, não tenho dinheiro para comprar nada de comer, nem uma bala!
Me aconchego na cama e durmo com fome mesmo, é o que tem para hoje!
[...]
Acordo morrendo de sono ainda, para piorar com fome, vou para o banheiro e faço as minhas higienes matinais, tomo um banho demorado e saio do banheiro enrolada na toalha, vou até a minha bolsa e visto uma calcinha qualquer, uma calça legging e uma camiseta regata branca, passo perfume e desodorante, prendo o meu cabelo num coque bagunçado e pego a chave de casa saindo.
Tranco a porta e subo pra casa do Perigo, abro a porta e entro trancando a porta novamente, vejo ele assistindo tv todo largado na TV, solto apenas um oi e vou para a cozinha, lavo a louça que ele sujou ontem, faço comida e me assusto quando vi o Perigo me observando na porta da cozinha.
Perigo: arruma lá o meu quarto- fala serinho e eu confirmo com a cabeça.
Subo correndo pro quarto dele e começo a arrumar tudo, achei cada coisa, camisinha usada, papel higiênico sujo de uma coisa que eu tenho certeza que eu não vou querer descobrir o que é.
Vejo tudo girando e seguro na parede, minha barriga ronca e eu sinto uma tontura de repente, vejo tudo ficando preto e o meu corpo vai de encontro ao chão.
Leonardo Martins
Escuto uma coisa caindo no andar de cima e subo num pulo, vai que a guria quebrou a minha TV, entro no meu quarto e vejo a guria lá apagadona no chão, mais branca que papel, pego ela no colo e coloco ela deitada na minha cama, vou até o guarda roupa e pego um frasco de perfume, tiro a tampa e espirro um pouco no meu pulso, coloco o meu pulso no nariz da guria e ela foi acordando aos poucos, ela me encara confusa e eu continuo sério.
Eu: tu ta comendo?- pergunto e ela me olha meio envergonhada- bora, levanta- mando e ela me obedece se levantando da minha cama.
Saio andando para a cozinha e ela me segue, pego um prato no armário e coloco comida para ela, coloco o prato na frente dela e ela me olha meio assim mas come.
Deixo ela lá comendo e vou para a boca, pego a arma, o radinho e saio a pé mesmo, vejo uma guria me fitando e ergo uma sobrancelha para ela que olha pro chão na mesma hora, passo um beco e vejo o velho lá tentando abusar de uma guria, pego ela pela blusa e ele me olha assustado, jogo ele no chão e atiro três vezes na cabeça dele e a guria sai correndo e chorando.
Aceito o que for, menos estrupo, qualquer tipo de violência contra mulher eu não suporto, cresci vendo a minha mãe sendo agredida dia e noite por aquele bêbado que se Deus quiser agora deve tá queimando no fogo do inferno, nunca tive como defender ela, hoje eu tenho como defender ela e várias outras mulheres, claro que vou fazer! Eu tô ligado que o crime só tem dois finais, a cadeia ou a morte, mas tô aqui para enfrentar o que der e vier, minha coroa já tentou de todas as formas me tirar dessa, mas eu sou bandido, entrei porquê quis e agora não vou sair, é igual minhas drogas, uso porquê quero, para mim parar só eu que tenho que querer, não é ninguém que tem que chegar em mim e falar "olha Leonardo, chega dessas porras parça, essas merdas não é pra tu não".
Minha mãe fala que eu me encho de drogas, que eu vivo rodiado de putas e não caço uma fiel porquê eu tenho medo, no fundo ela tá certa... Como eu disse, o crime tem dois finais, a morte ou a cadeia, tô ligado que se eu rodar, minha véia, meu véio e as minhas irmãs vão sofrer, não quero uma fiel para sofrer por mim não tá ligado?
Minha mãe diz que o sonho dela é que eu dê um neto para ela, sempre quis um pivete tá ligado? Uma criança com a minha cara, mas nessa vida que eu tenho da não, a mãe da criança e o meu filho viram alvo e eu não quero carregar a morte de uma pessoa que eu amo mas costas não! Para mim ter a minha a família só ficando louco.
Já foi o meu sonho um dia, hoje eu dou viva a putaria, para que arrumar uma mulher e um filho se eu tenho a putaria, cachaça, droga e puta, minha vida tá feita meu amigo, cê tá doido que eu vou querer arranjar coisa para a cabeça, não tô doido ainda não.
BR: qual foi?- pergunta assim que eu entro na boca
Eu: manda uns moleques para se livrar do corpo da treze- falo serinho e ele confirma com a cabeça

VOCÊ ESTÁ LENDO
Liberdade
Teen FictionO meu coração está acelerado, a minha respiração está falha, o medo me corroendo, os meus gritos de ajuda ignorados, será que ninguém está me ouvindo? Eu estou implorando por ajuda, estou implorando por socorro, estou implorando por liberdade... É c...