Liberdade

39°

TT: você está bem?- pergunta já entrando em casa comigo.

Eu: estou, ou pelo menos vou melhorar- falo e ele confirma com a cabeça- eu vou subir para o quarto, preciso de um banho, e te prometo que vou lavar a camiseta antes de te entregar- fala e eu confirmo com a cabeça.

        Subo as escadas direto para o quarto, passo direto para o banheiro do meu quarto e já trato de tirar a minha roupa molhada do corpo, tomo um banho quente, o mais demorado possível, saio do banheiro com a toalha enrolada em volta do meu corpo e ja vou direto até o guarda-roupa.

        Passo alguns produtos corporais, visto um conjunto preto da Calvin Klein e um short preto de tecido da Nike.

         Passo desodorante e um body splash, arrumo o meu cabelo em um coque desengonçado e já trato de me sentar na cama, ainda bem que segunda-feira de manhã eu tenho terapia, eu acho que depois de hoje eu vou precisa de longas horas com a minha terapeuta.

TT: posso entrar?- pergunta abrindo uma fresta da porta.

Eu: pode entrar- falo e ele vem até mim se sentando do meu lado.

TT: você se lembrou do seu pai, não foi?- pergunta e eu confirmo com a cabeça.

Eu: como você sabe da história do meu pai?- pergunto e ele da de ombros.

TT: o BR me contou, me contou tudinho, não deixou faltar nada, eu sinto muito, você não merecia passar por isso- fala me abraçando de lado.

Eu: você já passou por algo parecido?- pergunto e ele nega com a cabeça.

TT: não, na cadeia eu era um rei, filho do Lobão e da Rainha né?! O meu pai pagava um absurdo de suborno todo mês, eu tinha uma cela única, com TV, cama box, vídeo game, tudo do bom e do melhor- fala e eu confirmo com a cabeça.

Eu: desculpa, eu esqueci que você tem pais perfeitos- falo e ele da de ombros.

TT: a não, nem me venha com essa, eu não me dou bem com os meus pais, acho que foi até por isso que o meu pai escolheu o Perigo como herdeiro dele, eu não sou digno de ser filho deles- fala e eu nego com a cabeça.

Eu: não, não, não, a sua mãe falou de você com tanta orgulho, com tanto amor, que até eu fiquei comovida- falo e ele da um sorrisinho de lado.

TT: de vez em quando eu saio para encontrar com ela por aí, ela sim é família, agora o meu pai não- fala e eu deito a minha cabeça no seu ombro.

[...]

No outro dia:

         Sigo sentada no sofá da sala, o Thiago saiu para resolver alguns assuntos dele, então eu estou sozinha, olha que maravilha, já pedi um belo e enorme combo de comida japonesa, não sei nem se o Thiago gosta, mas se ele não gostar é melhor que sobra mais para mim.

        Estou assistindo Sob Pressão, uma ótima série, me arrisco a dizer que é a melhor série brasileira, muito melhor de Grey's Anatomy, porra, é uma série brasileira de médicos, que mostra a realidade caótica do SUS, eu amo essa série, de coração mesmo.

TT: cheguei- fala entrando em casa- tinha um motoboy pedindo para subir, disse que era para tu e deu o endereço daqui- fala me entregando dois pacotes de papel.

Eu: obrigada- falo me ajeitando no sofá toda animada.

TT: comprou o que para a gente comer aí- fala se jogando do meu lado no sofá.

Eu: e quem disse que eu comprei para você também? Está se iludindo muito- falo e ele da de ombros.

TT: se você for comer tudo o que tem nesses dois pacotes, desse tamanho, porra filha, tu é um poço sem fundo- fala e eu faço careta.

Eu: gosta de comida japonesa?- pergunto e ele da de ombros.

TT: nunca comi- fala me observando abrir os pacotes- como usa essa porra aqui?- pergunta pegando os hashis e eu dou risada da cara que ele fez.

Eu: assim- falo arrumando os palitinhos na sua mão.

        Abro as caixas e o ajudo a pegar alguma peça com o hashi, mas só tento mesmo, porquê foi tudo um grande fracasso, ele só não derrubou a peça porquê foi mais rápido e a pegou antes de cair no chão.

TT: que se foda, vou comer essa porra com a mão mesmo- fala enfiando a peça na boca e joga o hashi de volta na sacola- pior que esse negócio é muito bom.

          Seguimos assim, comendo, assistindo série e batendo papo, tudo na santa e divina paz, tudo maravilhoso e perfeito, nada além disso. O Thiago é sim uma ótima companhia, nunca vi ninguém mais engraçado que esse homem, e olha que eu nem gostava dele quando o conheci.

            Sem contar que ele está sendo um ótimo motorista para mim nesses dias, nessas duas semanas que estou morando aqui na casa dele, eu tenho carona para ir e para voltar do trabalho, graças ao meu amigo que está me servindo de moto táxi nesses dias.

[...]

Leonardo Martins

       Me levanto da cama e já vou atrás da minha cueca, sem a Carolina aqui em casa está sendo foda, pelo menos eu arrumei uma forma de me aliviar, duas semanas sem transar ia ser foda para aguentar.

Érica: eu estou morta- fala jogada na cama- a Carol não merece isso Leonardo- fala me olhando e eu dou de ombros.

Eu: então é só parar, eu não estou te forçando a nada não- falo e ela se levanta da cama já indo caças as roupas dela.

Érica: mas é tão bom- fala e eu dou risada.

Eu: obrigada- falo e ela pega as roupas dela saindo do quarto.

Érica: eu me sinto péssima assim- fala alto do banheiro.

          Eu não, eu tenho completa e total certeza que a Carolina está transando com o TT, aquele filho da puta, ele quer roubar a minha mulher de mim, eu não estou gostando nada dessa história, ninguém mexe com a minha mulher nessa porra, ninguém vai roubar ela de mim.