1 | Halagaz significa "separação de caminhos"

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[Margens do Rio Volga, Saratov, Sibéria, Rússia; 05:34 a

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[Margens do Rio Volga, Saratov, Sibéria, Rússia; 05:34 a.m]


Apesar do pranto desesperado, do choro prolongado e da agonia de não obter uma resposta nos primeiros instantes de tentativa e de rebobinar o tempo até seus olhos não aguentarem a pressão e começarem a sangrar, Nikiel está debruçado sobre Renzo e ainda se recusa a aceitar o destino cruel que lhes fora aplicado. A massagem cardíaca não funciona, os olhos do menino continuam opacos e observando algum lugar onde ninguém pode alcançar, seus lábios continuam estáticos e seu peito, imóvel. A magia não funciona mais, e o desespero é o que domina sobre a confusa mente de Nikiel.

Nikiel tentou mais uma vez, mas Renzo era imune ao feitiço de tempo. Ele não voltou quando tentou.

- Renzo, por favor... j-já está ficando tarde... me responda, por favor... - insistiu Nikiel uma última vez.

Não houve nenhuma resposta, assim como não teve na meia hora anterior.

Foi quando Miguel cai de joelhos na neve, rompendo o silêncio sepulcral que havia recaído sobre os dois irmãos, gritando com toda a força que tinha em seus pulmões; diferente do que Nikiel esperava, Miguel chorava e se debatia, arrancando fios e mais fios de cabelos nas mãos.

- E-Era isso o que vocês queriam?! Era tudo o que eu tinha de fazer?! - ele cobre as orelhas com as mãos, voltando a berrar, lacrimejar em desespero e agonia, ajoelhado, encarando os céus como se sua resposta deles viesse - Eu matei uma criança, porra, uma criança inocente! Era isso o que vocês queriam?! E-Era esse o meu futuro brilhante?! Um assassino de inocentes?! Era isso o que queriam que eu fosse?!

Miguel Saladino esmurra o chão até que os nós de seus dedos sangrem em cascata, urra de dor como um animal encurralado, se despeja como uma cachoeira de sentimentos. Mas em seguida, não menos perturbado, o Exilado fecha os olhos com força e se afoga em pranto desolado.

- Elas... pararam. As vozes se calaram, os murmúrios infindáveis... acabaram. Eles queriam que eu matasse uma criança...

Mas Nikiel ficou furioso vendo que Saladino ousou chorar por ele, ousou chorar por Renzo Montanari depois de lhe tirar a vida; o Perseguidor Exilado invoca o Bidente corrompido de sua sombra, usando-o primeiro como bastão, acertando Miguel no rosto com o lado chato da arma, sem usar a lâmina afiada; Saladino cuspiu sangue e acariciou a região acertada com a mão, ainda processando o que fez.

- Você... você matou ele... Você... você matou Renzo - resmungou Nikiel, empunhando o bidente com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos - Ele era inocente, seu filho da puta!

Ele desfere um golpe exageradamente desesperado com as mortais e afiadas pontas duplas do bidente. Miguel não resiste, não resmunga, não rebate o argumento com uma resposta bem estruturada como sempre faz. Não. Miguel se deixa ser atravessado pela arma até que as pontas duplas saiam do outro lado de suas costas rasgando ainda mais a camisa delicada de cetim. Nikiel o chuta para que caia de vez no chão. Saladino está sangrando horrivelmente pela boca e pelo corte que agora jaz em seu estômago.

Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora