6 | Estação Amnésia

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[Fenda Ministerial Esquecida da Estação Amnésia, Dublin Drive, esquina com a Bleached Coral st

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[Fenda Ministerial Esquecida da Estação Amnésia, Dublin Drive, esquina com a Bleached Coral st., subterrâneo da Cidade do Cânion, 1 de julho, dois anos atrás]
Iniel.

Iniel abria seus olhos avermelhados com pressa, suspirando, se agarrando ao próprio pescoço como se algo o machucasse, pressionasse a região com força, deixando-o agoniado. Estranhamente, em pânico, apenas uma de suas delicadas mãos acariciava com os dedos mimosos ao longo da clavícula e ele não percebeu. Se jogou sentado com dificuldade, puxando fôlego com todas as forças que tinham.

— Por favor... não... — gemeu ele.

Uma garota aparentemente jovem jazia sentada ao seu lado; parecia desleixada, com cabelos castanhos atados em duas tranças apertadas que caíam sobre seus ombros; seus olhos eram de um vermelho opaco e apagado, quase próximo ao marrom. Ela o encarou com expressão triste, apenas suspirando.

— Não se esforça muito... o teu braço ainda tá todo fodido.

Iniel finalmente olhou para baixo, fitando seu corpo: os cabelos bicolores caíam em uma cascata desleixada pelo peito dele; sangue seco havia manchado seu casaco preto rasgado e sujo de terra, barro seco e pedaços de grama morta. De seu braço direito em regeneração, apenas uma parte pouco abaixo da junta do cotovelo restava. Saía vapor de onde a ferida começava a regenerar e a coceira estava insuportável, deixando-o estressado só de olhar o pedaço fumegante de si.

— Abby... Oi. — ele deitou de novo no chão frio, encarando o teto com pesar. Ele levantou o braço para ter noção de quanto ele perdeu. Ele ainda tinha um pouco mais de carne e um pouco do osso abaixo do cotovelo — Renzo... Nikiel, onde estão eles? Eu me lembro que eu tentei parar o tempo, mas o Dragão Branco estava atrás de mim e... puta merda, eu apaguei por quanto tempo?

Abby bufou, negando silenciosamente com a cabeça; pouco tempo depois ela deixa pender a cabeça para trás, fechando os olhos.

— Dois dias; você ficou apagado e febril por dois dias inteiros. Cê foi atrás do ruivo de novo, não é? Por isso que você desapareceu por três meses inteiros? Me diz, o que fez você ir correndo atrás dele de novo? Não aprendeu a lição da última vez? Iniel, sua vida é caótica, mas não precisa sair por aí arriscando seu pescoço só porque ele é bonito. Nikiel é um estrategista, mundo sabe que esse tipo de gente só sabe usar os outros.

Iniel abaixou os olhos, suspirando.

— Eu... Eu não pude deixar de ajudar ele... — rebateu Iniel — Não interessa, eu só... eu quis estender a mão pra alguém que precisava. Eu não tô mais a fim dele, essa fase acabou já tem milênios. Eu fiz isso por outro motivo, tá legal?

Abby riu.

— Eu particularmente amo a sua vida amorosa; vamos recapitular todos os seus amores que te levaram a estar aqui comigo nesse buraco desconhecido que chamamos de “fundo do poço”: primeiro... o maior matador de Exilados do Ministério, o indomável, indestrutível, implacável e imparável Nikiel. Certinho demais, sempre chato, bruto, violento, apesar de ter um rostinho bonito e olhos verdes azedos e um sorriso com uma falha deixa ele até que interessante... ele nunca te deu bola, aposto que ele sente mais tesão por matar nossa gente do que em sexo propriamente dito. Mas você cresceu, né, aí quando decidiu mudar o disco e “esquecer” aquela carinha fofinha... — ela o encarou com deboche.

Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora