[???????????, local preciso pode estar incorreto; informação de data e hora pode estar corrompida pela alta memória de Renzo Montanari. 04 de dezembro, 1:59 p.m, minutos antes da Ordem de Necromancia.]
Renzo Montanari já tinha tomado aquela decisão: Milano Montanari volta primeiro. Era justo, era lógico: ele morreu primeiro, é justo ele voltar primeiro.Tudo o que ele precisava era de uma caneta, do Grimório... e uma mão amiga do outro lado das páginas mágicas.
Dava para ver o desgaste da alma de Milano Montanari de longe: os olhos rachados com fissuras negras que já dominavam metade de seu rosto cansado, de escleras escurecidas, os dedos da mão já também começaram a aparecer as mesmas fissuras sombrias. Mas a pior parte era sua memória: ele se esquecia de mais coisas do que deveria, não lembrava mais o nome dos próprios pais, errava o nome do único filho com o passar do tempo.
A única pessoa que Milano ainda não errou o nome ou as características faniliares... era Rosemary.
Ele ficava horas a fio falando dela para o filho enquanto desenhava, curvado sobre uma folha amassada de papel encardido. Já tinha virado rotina, para não enlouquecer, para firmar-se e manter o que sobrava de sua mente estável, Milano recolhia pedacinhos de lápis, canetas esferográficas, borrachas, desenhava coisas que se lembrava em vida: rostos, objetos do dia a dia, canecas, chaves, livros, a visão que tinha da janela para a casa dos Lee, as casas vizinhas, a casa na árvore.— Pai, no que tá pensando agora?
Hoje, o foco dos traços do lápis apagado de Milano é Rosemary.
— Na sua mãe. — Ele estendeu a folha, mostrando um esboço simples, ainda com as marcações. Já tinha os olhos, arregalados, formato arredondado, um nariz de botão. Os lábios eram apenas um esboço, entreabertos. — Vocês se parecem muito, sabia?
Renzo provavelmente já conhecia essa história, ele talvez diria “Você tem os mesmos olhos curiosos dela”, ou “Ela adoraria estar com você a essa hora”, quem sabe até “Ainda bem que você não puxou meu lado da família”.
— Até hoje me lembro do dia que eu a conheci. Ela era estranha.
Hoje, Renzo errou a previsão.
— E como se conheceram...? — Ele se senta aos pés do pai, ouvindo-o atentamente. — Você nunca me disse.
Milano riu, voltando a traçar sobre a prancheta que apoiava o papel; com as pernas cruzadas, ele se curvou mais sobre a folha.
— Você vai me julgar. Achei melhor guardar isso só pra mim.
— Fala aí...
— Eu conheci a sua mãe comprando maconha, tá legal? — Ele torceu o nariz, divertido. — Eu sempre tive problemas de raiva, duas ofensas e eu dava logo um soco. Um dia, o seu tio Zach me viu quebrando um nariz, e...
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Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus Espinhos
FantastikOlá... ainda tem alguém aí fora? Depois dos fatos da falha tentativa de unificação da Rebelião dos Celestiais levantada por Nikiel, o cerco começa a se fechar em torno daqueles que ele jurou proteção, deixando para trás perguntas que a resposta é tã...