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4161 palavras.

[Fazenda de lenha Noroeste, Divisão de Santa Gertrudis, Sibéria, Rússia

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[Fazenda de lenha Noroeste, Divisão de Santa Gertrudis, Sibéria, Rússia. Rancho de Roman Kristel, 30 de novembro, 4:21.]

Os dias passaram voando por cima das cabeças de todo mundo da famlia Kristel; os últimos dois anos foram ficando pouco a pouco soterrados debaixo de camadas frias de neve, cobertores quentinhos, sopa de lentilha e... olhares nebulosos, leitosos e opacos por conta de um feitiço de manipulação de mentes.

Mesmo contra sua vontade, Nikiel teve de fazê-lo. Evitaria perguntas. Ele ainda não está pronto para perguntas messe momento, nem sabe se algum dia o estará.

Nikiel (ou Nikolai. Ninguém o chama de “Nikiel” há dois anos) tem como única companhia o barulho ritmado de suas mãos fortes balançando um Machado afiado contra pequenas toras de madeira seca. O machado corta o ar gelado com ruído audível e acerta a madeira, cortando-a em dois pedaços que formam uma meia lua. Ele joga os dois pedacinhos menores em uma espécie de cômodo ao seu lado esquerdo com uma porta deslizante de metal enferrujado. Já tinha bastante lenha lá dentro, mas não o suficiente para aguentar um inverno rigoroso para dez pessoas na Sibéria. Ainda mais agora, que o fim de ano se aproxima e a família Kristel tem a tradição de passar o fim de ano no meio do nada num rancho afastado da civilização.
O bidente estava sendo usado apenas para pescar no Volga. Ele se recusava a usá-lo na frente da família agora. Isso explica o rifle preso em suas costas por uma fivela. Inútil, já que Nikiel era quase imortal, salvo apenas por armas híbridas agora.

Mas para aliviar seu pai, ele aceitou.

Sem contar que ele está cortando árvores há dois dias ininterruptos. Bom, “ininterruptos”, mais ou menos.

Seu trabalho é interrompido aqui e acolá por Bolota, o gato laranja gordo e velho da família Kristel. Nikiel pousa o machado no ombro e se agacha no chão para acaricia-lo; Bolota se esfrega em seus joelhos e deixa pegadas em formato de patas na neve.

— Ah, olá... — ele esfregou os pêlos laranja desbotados e longos do gato. Hoje, alguém colocou luvas e um gorro vermelho com buracos para as orelhas dele. — Deixa eu adivinhar... Katarina?

Ele tirou as luvas e o gorro, deixando as orelhas dele livres; quando falava, vapor quente saia de seu hálito e respiração.

— Nikolai! Hoje tem cartas para você! — Berrou Natasha, erguendo o braço com uma carta em papel preto elegante. Os cabelos dela estão escorrido pelos ombros de uma forma jovial hoje. — Tem até um selo de cera... é bonita.

Nikiel seguiu a mãe, deixando pegadas na neve ao ir em direção ao chaléda família Kristel. Bolota veio atrás dos dois, olhando para cima na expectativa de conseguir algum petisco e se sentou em cima das botas de Nikiel.

— O papel é bonito. Quem é a garota da vez? — pergunta Natasha, com um olhar brincalhão. — Sua ex namorada não quer saber de nada além de correr atrás de você...

Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora