18 | Rastros (Parte 2)

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Enquanto Renzo e Nikita passavam cada vez mais tempo  juntos em uma adorável harmonia estranha, era a vez de Nikiel assistir Lamiel, por algum motivo, escrevendo no Grimório de Magia do Exílio; às vezes Lamiel sorria, às vezes suapirava em surpres...

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Enquanto Renzo e Nikita passavam cada vez mais tempo  juntos em uma adorável harmonia estranha, era a vez de Nikiel assistir Lamiel, por algum motivo, escrevendo no Grimório de Magia do Exílio; às vezes Lamiel sorria, às vezes suapirava em surpresa, ou abraçava aquele livro. Os dois haviam, com o passar de uns dias, estado mais próximos, mas Nikiel sentia, a cada passo da rebelião, que estava certo sobre o que supôs sobre Renzo.

De alguns dias para cá, Lamiel andava escrevendo mais e mais. Nem mais ia à Catedral, se limitando a esconder-se, junto da rebelião, nos confins frios da Estação Amnésia. Lamiel fizera da extensão do túnel dos trilhos seu novo abrigo, que de acordo com Iniel, “Lamiel e Nick passavam o dia todo buscando porcarias para encher o novo cômodo”. Era verdade, Nikiel sempre carregava caixas pesadas enquanto Lamiel escorria até o fundo dos trilhos, descobrindo uma locomotiva velha e empoeirada, com sua tinta reluzente preservada pelos anos de inutilização. E como sempre, o livro jazia abaixo de seu braço.

— É um lugar bonito... nunca estive aqui.
Nikiel bufou demoradamente.

— Sorte a sua de nunca precisar ter vindo aqui antes, isso era... um show de horror.

Lamiel o encara, curioso.

— Por que? Parece tudo tão... calmo.

— Ha. Vai sonhando. Os primeiros Trovões apagavam nossas memórias aqui. Nos “consertavam”, por assim dizer. Tiravam algumas memórias que nos levavam a ser mais parciais, mas depois que descobriram o Exílio, ficou mais fácil só... expulsar os Celestiais rebeldes da catedral. Solucionaria o problema as superpopulação da Catedral, e... sei lá. Só abandonaram o prédio.

Lamiel assentiu, olhando o Perseguidor subir com pouca elegância na cabine locomotiva no fim do trilho, aonde começava a parede; seus coturnos estavam cheios de pedregulhos do trilho. Estendera a mão para ajudar o Sentinela, que aceitou a ajuda sem hesitar. O toque das mãos dos dois era muito diferente, agora: enquanto Lamiel tinha uma pele quente, bem mais do que um humano normal, Nikiel tinha seu toque frio como um cadáver. Porém, Lamiel não tomou-o com espanto e lhe ofereceu um sorriso cálido.

— Valeu.

Lamiel esquadrinha a cabine com seu olhar: espaçosa, de metal frio e áspero, pintado de um azul marinho descascando. O painel e alavancas da locomotiva jaziam inertes no escuro. Chaminés duplas se elevavam no teto dourado, com símbolos Ministeriais no topo. Lamiel é Nikiel haviam preenchido o espaço com almofadas e cobertores, já que Nikiel precisava de fontes de calor para se aquecer. Também penduraram luzes pequenas e fracas, que na verdade, quase nada iluminavam, e alguns livros. O pequeno Sentinela se sentara em uma pilha de almofadas e novamente, em frenesi, voltara a escrever no grimório.

Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora