[????????????, atualidade].
Renzo Montanari despertava novamente naquele mundo escuro e poeirento. Seus olhos emtiam um brilho rosado forte e que lentamente fora apagando-se pouco a pouco, até que suas pupilas estivessem castanhas mais uma vez.
A pouca energia que tinha acabou, então, Renzo fora apanhado pelos ombros por Milano.
— C-Calma, calma... Você conseguiu? — Perguntou Milano, segurando o filho nos braços de uma maneira meio torta, estranha. — Você não parava de repetir umas palavras sem sentido, e-eu... não soube o que fazer.
Renzo assentiu fracamente.
— Luzes... E-Eu o guiei... com luzes. — Constatou Renzo, ofegante. — M-Mas eu usei energia demais... tive que fazer Sammy ter uma alucinação. Extrapolei todos os limites do meu Caelite.
Ainda trêmulo, ele busca apoio no pai. A jaqueta velha de lona dele está empoeirada, suas mãos estão frias e tudo o que Renzo sente agora é um cansaço avassalador capaz de se ele fechar os olhos, não abri-los nunca mais. Foi acalentador estar ali.
— Você conseguiu..? Ele viu você?
Renzo assentiu.
— Ele... ele vai ajudar. Eu precisei de muito mais energia do que eu deveria ter gastado, mas... Sammy vai dar conta do recado. Ele... ele vai ser a ponte que precisamos pra contatar alguém do lado dos Celestiais. — uma pausa desconfortável toma conta do pequeno espaço entre pai e filho. — Acho que vai me custar um mês sem fazer nenhum contato.
Milano assentiu, tomando um assento do lado do filho, sobre a colcha de retalhos macia que cobria sua cama na velha e pacata Mulberry Street — ou na representação sombria, falsa e embolorada daquele lugar.
— Seu cabelo está grande de novo. — Comentou, olhando para a franja inquieta de Renzo, tomando algumas mechas pequenas com o indicador e o dedo do meio. — Isso é estranho. O meu cabelo não cresceu depois que eu morri. Acho que tem alguma coisa errada com o seu corpo, lá na terra.
Renzo deu de ombros.
— Eu não sei o que pensar... Já faz dois anos e só agora eu tive energia suficiente pra me manifestar do outro lado. Acho que isso vem de acordo com a quantidade de Caelite que nós temos disponível. Você disse que também é um híbrido... não deve ter relação com o meu corpo. Acho que é... com o que sentimos aqui.
Milano negou devagarinho e roeu a unha do dedão.
— Sua voz está engrossando e você me parece um pouco maior, já que as roupas que você apareceu aqui usando não te servem mais; estão curtas. Você está crescendo, e gente morta não cresce. Ficam do mesmo tamanho. — Observou Milano, comparando o filho com o que tamanho que tinha antes.
Os dois se entreolharam de um jeito cúmplice. Não falaram nada por um bom tempo.
— Bom... não é como se eu achasse ruim. Só... é um pouco desconfortável poder ver as pessoas lá do outro lado depois de tanto tempo. Nunca reparei isso, mas a vida, ela é tão... colorida... vai continuar com ou sem nós. E isso me assusta um pouco, não sermos mais do que um momento. — Começou Renzo, olhando para as próprias mãos e desviando um pouco o olhar para a parede atrás delas, que deveria ser amarela; está desbotada e cracas de tinta estão penduradas por cantos e fileiras descascando, mostrando o reboco feio de cimento cinza sem graça. — Aqui é como uma cópia sem graça e chata do lado de lá. As cores do outro lado são tão fortes que quase me cegaram.
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Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus Espinhos
FantasyOlá... ainda tem alguém aí fora? Depois dos fatos da falha tentativa de unificação da Rebelião dos Celestiais levantada por Nikiel, o cerco começa a se fechar em torno daqueles que ele jurou proteção, deixando para trás perguntas que a resposta é tã...