[Maddison Ave, esquina com a Avenida Smith, biblioteca do segundo andar. 30 de novembro, 6:21.]
Sammy e Jaxwell se espremiam contra uma parede decorada com arabescos de estampas florais enquanto pesados e vagarosos passos ecoavam nas escadas bem em frente ao corredor que estavam escondidos. Vozes abafadas e irritadas eram ouvidas de acordo com que quem quer que seja estivesse ali subia aqueles degraus. O que Sammy tinha certeza era que era mais de uma pessoa, para piorar sua situação.
— O que a gente faz?! — reclamou Pamela, num sussurro irritado. — Você disse que estaríamos sozinhos, Samuel!
Sammy fechou os olhos, tentando pensar.
— Pra um dos quartos. Vai, vai, vai, vai! — Ele a empurra. — Não enrola!
Jaxwell Arrows faz a mesma coisa, se escondendo com a irmã; mas quando chega a vez de Sammy, os passos estão perto demais para qualquer reação. Ele se esconde atrás de uma prateleira, agachado, abraçando os joelhos. Sufocando seu terror com uma mão na boca, ele ouve finalmente as portas abrindo. Ele teria alguns segundos até ser encontrado.
— Você e aquele perdedor do Nikiel se esconderam aqui antes dele matar Gabriel, não é? — Ele ouve uma voz feminina. Áspera e ríspida. — Muito conveniente que o seu esconderijo tenha sido roubado.
As portas duplas da biblioteca foram fechadas com um baque surdo.
— Você acha que fui eu quem roubou o Grimório? Logo eu, que tenho acesso à Biblioteca dos Jardins Suspensos? — Retrucou outra vez. — Sou um idiota, Ariel, mas assim, nem tanto. Se eu quisesse aquele Grimório idiota, eu o teria pego lá no Ministério. Sem descer aqui.
Ela revirou os olhos.
— Se vai ficar enchendo o meu saco, você vai procurar por algum artefato mágico que possa estar fora do lugar enquanto eu fico lá embaixo checando algum arrombamento... se é que Exilados deixam esses tipos de rastro.
Ela adentrou a biblioteca, como sempre autoritária, pisando duro. Lamiel a olhava com o cenho franzido.
— “Lamiel, ela vai ser boa pra você”, me disseram, “Ela vai pegar leve com você”, me disseram... — Ele resmungou, imitando uma voz aguda e irritante. Ariel já estava distante. — Nick, como eu sinto a sua falta...
Sammy imediatamente se lembrou desse nome, há muito enterrado nas entranhas de seu subconsciente: Renzo o mencionava várias vezes quando falava sobre seu repetitivo e estranho sonho. Sammy decidiu arriscar seu pescoço nisso — talvez literalmente — para procura-lo. Não foi difícil encontrar Lamiel: de rosto mimoso e cabelos mal cortados, olhos azuis vibrantes e uma pedra esquisita grudada na testa, parecia nada mais do que um humano normal, se ignorar suas marcas estranhas azuis em suas bochechas; se ele tivesse que lhe dar uma idade, o daria vinte anos. Sammy se levanta com pressa e com as mãos erguidas.
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Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus Espinhos
FantastikOlá... ainda tem alguém aí fora? Depois dos fatos da falha tentativa de unificação da Rebelião dos Celestiais levantada por Nikiel, o cerco começa a se fechar em torno daqueles que ele jurou proteção, deixando para trás perguntas que a resposta é tã...