16 | Sardonyx Tonight [parte 2]

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Por Sullivan Sardonyx

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Por Sullivan Sardonyx

Por um segundo, o tom de voz de Sulliel mudou, deixou de ser confiante e passou a ser um mero fingimento do que era agora há pouco: falso e trêmulo, o velho Sentinela puxa uma sequência de aplausos confusos e ainda duvidosos da plateia. Miguel nota uma gota de suor escorrendo por sua testa. Dava para ver que ele estava tenso. E quando Miguel entrou... Bom, seja o que a Matriarca quiser, porque agora há Perseguidores parrudos em suas expressões pouco amigáveis servindo de guardas em todas as portas. Bom, seja o que a Matriarca quiser, porque agora, dentro daquele prédio — e muito provavelmente fora também: Miguel detesta imprevistos — haviam Perseguidores com caras de poucos amigos cercando tudo a procura de algum mal.

Sulliel se pergunta duas coisas quando Miguel desfila pelo palco, em silêncio absoluto:

Aonde está o Dragão Branco? Era quase impossível ver miguel sem ele.

E a outra pergunta: o que aconteceu com Nikiel? O Perseguidor mais forte, o homem com mais cadáveres acumulados em sua trajetória sangrenta no Ministério e o assassino com menor índice de missões fracassadas, não era visto há quase dois anos. Que fim levou ele?

Se uma montanha de músculos comprimidos em um metro e noventa e três de altura, com uma arma imponente como a encarnação da morte como Nikiel fora riscado do mapa com tamanha facilidade, o que resta para o pobre e pequeno Sentinela Exilado, Sulliel?

Exatamente: sentar e chorar. Abaixar a cabeça e obedecer piamente.

— Por favor, sente-se, Vossa Austeridade. — Indica Sulliel, nervoso.

Miguel se senta com suas asas pesando para frente, imponentes; a plateia lotou o salão e não há mais sussurros que interceptam o apresentador, não há o clássico burburinho alegre cruzando os ares da emissora, mas sim... tensão. A ânsia por respostas de algo que fora jogado em sua frente.

— Olá, humanidade... que prazer imenso é poder finalmente me posicionar a respeito de nosso segredo mais precioso... — Começa o Trovão, cruzando suas pernas longas. Parece descontraído, mas ainda inexpressivo. Relaxado.

Algo aconteceu com ele no estúdio, mas o quê?

Sulliel sorri nervosamente. Não dá para saber o que está maquinando na cabeça de Miguel Saladino. Félix já dissera que ele ouve vozes, que não consegue ouvir os próprios pensamentos de tão cheia que é sua perturbada mente.

— Vossa Austeridade poderia começar essa entrevista explicando alguns pontos importantes, como o básico: o que é o Ministério, como... como a magia em si será vista ou manuseada, por exemplo. Seria de grande ajuda.

Miguel abre um sorriso ácido, astuto; umedece os lábios e penteia sua franja para trás com seus dedos, pendendo a cabeça para trás. Está estranhamente divertido por tudo isso. Calmo demais. O Ministro abriu os braços, apoiando-os no sofá de veludo.

Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora