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[Mansão Salah'Adin, terceiro andar, Dnial Mekhael St., Cidade do Cairo, Egito. 2:56 p.m, horário local]
Era impressionante como o mundo ainda conseguia girar mesmo com todos os problemas e responsabilidades que caíam bruscamente em segredo sobre os ombros de Miguel Saladino. Mesmo depois de tudo que aconteceu em sua vida secreta, ele estava mudado, abalado até às raízes de seu ser; porém, para os humanos, não aconteceu nada mais do que um ataque terrorista no qual o melhor amigo do filho de uma das famílias mais ricas do mundo estsva envolvido.
Mesmo sem Félix, o mundo iria continuar girando. As pessoas lá embaixo seguiriam sua rotina insignificante e miserável, iriam para seus empregos patéticos para ganhar pouco e se esforçar para se encaixar em padrões que ninguém nunca faria por boa vontade.
O mundo não sabia que Miguel era o Ministro da Catedral Celestial, mas enquanto oito bilhões de humanos não sabiam disso, centenas de milhares de Celestiais se curvam perante a ele e lhe juram lealdade.
Mas desde então, da tomada do Ministério e das consequencias sangrentas disso, Miguel tem sentido um gosto amargo em sua boca desde que Félix decidiu se entregar a polícia. O decorrer do julgamento envolveu bastante manipulação de memória, usando da magia de Trovão que Miguel dispunha tão facilmente, e mesmo assim... tudo parecia tão mais desbotado desde então.
Mas Félix não queria apenas uma fachada; para redimir-se consigo mesmo, Félix Bociccio decidiu assumir as consequências do que fez no mundo humano, no mundo ao qual o garoto estava inserido, no qual Renzo viveu seus dias de inocência e depois, a vida lhe fora ceifada. Félix estava preso desde então.
E agora, Miguel Salah'Adin atava a gravata preta em seu pescoço na frente do espelho com moldura banhada a ouro. Sua respiração esrs ofegante e o colarinho parece apertado, fazendo o Ministro o arreganhar com os dedos. Os broches de ouro com as correntes delicadas douradas caem de forma inocente no tecido do terno negro. O sobretudo o caía sobre os ombros e misturava-se com o lenço branco e vermelho em sua cabeça. Miguel observa seu reflexo pela primeira vez em meses: um par de olhos castanhos - não vermelhos, como são os olhos de todos os Exilados - o encarava de volta; o nariz empinado e fino, os cabelos escondidos cuidadosamente debaixo do Guhtra tradicional que sua família obrigava-o a trajar. A franja fora penteada para trás e Miguel estava morrendo de calor dentro daquele mar de tecidos pretos.
Ele estava nervoso há dias...
Era hoje. O dia do julgamento final, que ou libertaria Félix Bociccio ou então o condenaria de imediato a nunca mais ver a luz de um amanhã; Miguel iria muito longe para reverter o que o destino o preparava.
Bem antes que seu futuro nublado continuasse assombrando o falso jovem, as portas duplas da suíte presidencial do último andar da mansão eram escancaradas com violência. A voz nojenta de Caleb ecoava pelas paredes coloridas em um vermelho vibrante; seu rosto em formato de coração agora estava contorcido em um semblante furioso. Miguel o olhava com desprezo gritante em seu rosto.
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Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus Espinhos
FantasyOlá... ainda tem alguém aí fora? Depois dos fatos da falha tentativa de unificação da Rebelião dos Celestiais levantada por Nikiel, o cerco começa a se fechar em torno daqueles que ele jurou proteção, deixando para trás perguntas que a resposta é tã...