4484 palavras.
[Fazenda de lenha Noroeste, Divisão de Santa Gertrudis, Sibéria, Rússia. Rancho de Roman Kristel, 30 de novembro, 5:57.]
Iniel, Lamiel e Nikiel encaravam embasbacados o garoto em sua frente. Parecia maior, parecia crescido. Sua voz era mais grave, os cabelos maiores, algumas marcas apareciam no rosto. Ele parecia ter crescido bastante nos últimos meses.
Ele estava vivo. Há quanto tempo voltou? Há quanto tempo estava ali, esperando por eles? Se havia crescido tanto, esperou muito, não é?
Perguntas... perguntas demais.
Não demorou nada, os três Celestiais se lançavam num abraço apertado, forte, mantendo o garotinho seguro entre um emaranhado de braços, choro e escândalo. Era a primeira vez que os dois Sentinelas vêem um Perseguidor tão forte quanto Nikiel chorar como uma criança.
Mas Lamiel sentia algo diferente no ar ao ver aqueles olhos, antes castanhos, agora completamente rosados o encarando: sua pele estava arrepiada e um estranho nó se formava em sua garganta. Ele adoraria estar errado nesse palpite e que seja apenas a magia da Catedral deixando marcas pars trás no corpo humano de Renzo.
- Me perdoa... por ter deixado você... morrer... - Murmurou Nikiel. - E-Eu tentei, tentei de tudo, mas...
O garotinho riu e o abraçou com força.
- Tudo bem... mas eu... eu posso falar com Lamiel... a sós? Eu prometo que não vamos demorar. É importante. Prometo que vamos voltar logo.
Os três Celestiais se encaram; Lamiel demora responder, parece estar em transe. Os olhos de Renzo não saem dele, por algum motivo.
Rosa. Rosa, rosa, rosa! Por que estão dessa cor?!
- Claro... vamos destravar o tempo, aliás. - Comenta Iniel, estalando os dedos.
Ele arrasta Nikiel para fora, aonde ficam conversando com a avó dele. Lamiel ouve suas vozes de distanciando da varanda. E a água da torneira volta a correr, Nikita volta a fazer barulho no banheiro, os ponteiros do relógio voltam a mexer.
Renzo o arrasta pela mão até enfiar os dois em um quarto de hóspedes que a Vovó Eveline deixou arrumado para Nikita dormir lá. Ao fechar a porta, ele salta nos braços do Celestial, sem chorar dessa vez.
O nó em sua garganta triplica de tamanho.
- Você... voltou. - Fora a resposta insossa de Lamiel.
Ele assente veementemente.
- Uau... você reparou rápido dessa vez... - ele riu, nervoso. Sua resposta parecia sarcástica. - Eu prometi que voltaria, custe o que custar.
- Como você fez isso? É... É-é impossível. Você... não poderia ter voltado. Eu vi os noticiários... ninguém reclamou o corpo, e... e... minha nossa. A sua escolha me deixou enojado. Por que Renzo? P-Por que só agora? - Lamiel retrocedeu alguns passos.
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Cidade dos Anjos: O Conto da Rosa e Seus Espinhos
FantasyOlá... ainda tem alguém aí fora? Depois dos fatos da falha tentativa de unificação da Rebelião dos Celestiais levantada por Nikiel, o cerco começa a se fechar em torno daqueles que ele jurou proteção, deixando para trás perguntas que a resposta é tã...