Aíte Sithe, Kent - Inglaterra 8 de Outubro de 2019
Chaeyoung:
Acordar naquele dia fora difícil para todos, mas o fizemos. E naquele momento Mina e eu adentravamos a cozinha, apenas para encontrar todos cabisbaixos. E eu os entendia e sentia o mesmo, mas a evacuação havia sido necessária.
Já era de tarde, então, quase todos optaram por um almoço leve. Fiquei entre Jjimin e Mina quando me sentei. Meu amigo parecia o mais triste de todos ali, sabia do risco que era estar nos ajudando e indo contra seu pai, mas ainda assim estava ali e longe de sua garota. Por isso, foi quase um milagre ele ter comido algo, ainda mais quando parecia não ter vontade de fazer nada.
Depois da refeição, tia Park e Jihyo optaram por levar Jimin para a loja, onde estavam estudando sobre a marca e o demônio ao qual ela pertencia. Talvez assim ele se distraisse, pelo menos um pouco, pois era doloroso não poder fazer nada para que ele se sentisse melhor.
Logo que elas fizeram isso, minha namorada me levou para seu escritório e se sentou em sua cadeira, comigo em seu colo. - Você está bem? - Questionou com pesar e isso foi o suficiente para que eu tivesse de esconder o rosto em meio aos seus cabelos ondulados para não desmoronar. - Sei que tudo isso está acontecendo muito rápido e que pesa, mas eu estou do seu lado, Chae...estou aqui pra cuidar de você, assim como você tem cuidado de mim. - Sussurrou como o mais precioso segredo enquanto acariciava meus cabelos lentamente.
Levantei minha cabeça e tomei o rosto em minhas mãos, acariciando suas bochechas com meus polegares.
- Não pesa se você estiver carregando isso comigo, Mina, e eu sei que está - Murmurei com suas lindas orbes castanhas em mim. Naquele momento eu sabia que aquela mulher iria ao inferno por mim, e eu faria exatamente o mesmo por ela.
E como todas as coisas entre nós, aquilo não precisou ser dito, apenas sentindo em um beijo no qual nós não sabiamos quem havia tomado a iniciativa e não nos importávamos. Seus lábios em sincronia com os meus, tomando aquilo que já pertencia a ela assim como eu fazia. Nossas línguas batalhando por controle em meio a rendição e suas mãos me apertando contra ela compunham aquele momento perfeito. O momento no qual eu sabia que já era a hora de algo que ambas desejávamos há muito tempo.
Separei meus lábios dos dela hesitantemente e sorri contornando seus lábios agora inchados - com meu polegar. Mina abriu uma leve fresta de seus olhos e sorriu, beijando meu dedo antes de murmurar.
- Acho que temos uma caçada para planejar. - Ri levemente de sua voz arrastada em meio ao seu torpor.
- Eu acho que você tem razão...
A noite já havia caido sobre a cidade vazia quando Bora, Momo, Sana, Eunha, Mina e eu saímos em direção a floresta para caçar. E eu não podia esconder da minha alfa que estava receosa e triste devido a nossa conexão.
Aquela cidade vazia parecia tão macabra e sem vida que me deixou profundamente receosa. Diversos "E se" surgindo em minha mente e eu sinceramente não queria que nenhum se concluísse, ainda mais tendo o braço de Mina em minha cintura numa tentativa de me acalmar.
Havíamos decidido nos separar em duplas enquanto alguns dos rapazes que ficaram, como Taehyung, Niki e Hyunjin manteriam uma guarda e estariam a disposição caso alguma de nós precisasse de auxílio médico. Mina e eu permaneceriamos juntas, Momo e Bora formavam a segunda dupla e Sana e Eunha já a última dupla.
Seguiriamos por caminhos diferentes atrás de algum animal que pudéssemos levar de volta a cidade para que o resto também pudesse se alimentar. Ainda mais Minwoo, que estava se recuperando com o auxílio de Karina, que usava sua habilidade angelical de fazer pequenos milagres para curá-lo aos poucos, o que seria ainda mais difícil agora que havia uma lua cheia tão próxima.
- Lembre-se, podemos ouvir os uivos umas das outras, então caso seja necessário, usem isso ao seu favor - Instruiu Bora, não levando mais de um segundo para deixar com que sua loba tomasse conta, assim como Momo e Sana.
Aquela era a primeira vez que eu via alguém além de Mina e minha mãe passar por aquele processo. As três não haviam se importado com as roupas, então eu vira exatamente como era. Como rapidamente a cor dos olhos mudava, como as unhas e mãos eram substituidas pelas grandes garras e patas, como os pelos cresciam, e como os narizes se afilavam e se tornavam focinhos e os dentes cresciam até se tornarem presas afiadas, rasgando certas partes da pele humana que antes havia ali.
A pelagem de cada uma era diferente. Enquanto a de Mina possuía era preta e branca, a de sua irmã se assemelhava a um marrom caramelado com algumas manchas mais escuras espalhadas por alguns lugares de seu corpo como respingos de tinta. Seus olhos eram uma mistura de seu castanho e de um amarelo claro que parecia enxergar a alma de alguém.
Já Bora possuia um pelo negro com manchas brancas em suas costas, que pareciam apontar para a sua cabeça, como se dissesse a aqueles que lhe seguiam que aquele era seu ponto forte. Seus olhos vermelhos amedrontariam qualquer um, mas eu sabia que a última coisa que Bora queria era aquilo.
Momo possuia pelos brancos na maior parte de seu corpo, mas seu rosto era pintado de um cinza escuro, começando das orelhas e chegando ao focinho, que possuía a mesma pequena cicatriz que seu nariz em sua forma humana e os olhos azuis tão claros como o céu num dia perfeito de verão.
Mas aquela que mais me surpreendeu fora a namorada de minha melhor amiga, que como uma "mordida" só atingia o terceiro estágio daquela metamorfose, conhecido como Crinos, ostentava um pelo que parecia a mistura de todos os outros além é claro de um tamanho assustador.
Suas costas e parte da cabeça e braços eram de um um cinza escuro, enquanto sua barriga e o resto era branco, com lugares manchados daquele marrom caramelado e seus olhos quase que completamente brancos exceto pelas pupilas mostravam que apesar de seu tamanho, ela continuava sendo a Eunha, um amor de pessoa.
As três se curvaram diante de Mina e eu como soldados fazem na presença de seus superiores antes de partir para mais adentro da floresta. Um suspiro deixou meus lábios antes que eu fechasse meus olhos e deixasse com que Argent tomasse conta do meu corpo.
Logo senti o focinho de pinguim, o lobo de Mina contra os pelos do meu pescoço, em uma carícia sutil. Fiz o mesmo com ele e logo Mina usava o focinho para sinalizar o único caminho não tomado naquela floresta. Pelo qual seguimos.
A primeira caçada de um lobo demonstra o quão habilidoso e forte ele é ou pode se tornar. Por esse motivo, Mina havia permitido que eu guiasse o caminho, mantendo-se em meu encalço para me proteger de qualquer inimigo que escolhesse me atacar por trás. E assim seguiamos em meio as árvores com rapidez, até meu olfato capturar o cheiro delicioso de um alce.
Passei a seguir furtivamente, me guiando pelo aroma e não demorei a encontrar a fonte. Havia um pequeno bando, composto em maior parte por fêmeas e filhotes e somente dois grandes alces, se hidratando em uma pequena nascente. Os observei por instantes antes de minha alfa e eu saltarmos para um ataque contra os dois, alertando os demais animais que correram para longe.
Nunca me imaginei tirando a vida de um animal da forma bruta que estava fazendo naquele momento. Abocanhando seu pescoço, para que cessasse o fluxo sanguíneo coordenado pelo coração e cérebro. Mas enquanto no fazia, me senti bem, pois sabia que era o meu papel como uma alfa.
Mina apenas confirmou que eu havia cumprido minha responsabilidade com louvor quando deixou sua vítima de lado e lambeu meu rosto, em uma parabenização silenciosa. Me senti orgulhosa de mim naquele instante, mas como sempre, minha namorada foi capaz de melhorar aquele momento ao se afastar para perto das árvores. De onde puxou uma bela rosa vermelha e trouxe entre seus dentes.
E eu sabia que ela me entregaria aquela flor se não tivesse se jogado sobre mim, rolando comigo pelo chão e pela água para impedir que eu tomasse um tiro. O que eu soube quando a vi se metamorfosear de volta a sua forma humama em meio a agonia. Manchando a água de vermelho com o sangue que escorria da ferida em sua costela.
Mina olhou para mim com um brilho gentil em seus olhos e levou sua mão ao meu rosto, acariciando meu pelo antes de se entregar a inconsciência, me deixando ali.
Levantei minha cabeça ao céu noturno e uivei como se não houvesse amanhã, sentindo medo, medo de perder aquela menina mulher que eu havia descoberto como minha, medo de perder minha alfa, minha outra metade.
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Bloodline | Michaeng G!P {AOB}
أدب الهواةSon Chaeyoung é uma simples jovem com seus quase 18 anos e seu pequeno grupo de amigos, nascida em Miami, mas residindo em Kent, Inglaterra desde os 11, a garota sempre viveu uma vida normal, nos padrões em que um portador da Doença de Wilson é capa...