Point of view Marília.
— O que diabos ela está fazendo?
Quando o farol abriu, continuei correndo no mesmo lugar, em vez de atravessar. A cena do outro lado da rua era interessante demais para interromper. Meu carro estava parado na frente do escritório, e uma morena de cabelos ondulados e pernas lindas se debruçava sobre o para-brisa. Pelo jeito, o cabelo dela estava preso no limpador.
Por quê? Eu não fazia a menor ideia. Mas ela parecia bem brava, e a imagem era cômica, por isso continuei longe, curiosa para ver como aquilo ia acabar.
Era um típico dia de vento na Bay Area, e uma rajada mais forte soprou de repente, fazendo seus longos cabelos voarem por todos os lados em meio à luta com meu carro. Isso a deixou ainda mais furiosa. Frustrada, ela puxou o próprio cabelo, mas a mecha presa no limpador de para-brisa era grande demais e não se soltava. Em vez de tentar tirá-la com delicadeza, ela puxou mais forte, e desta vez ergueu o corpo para puxar a mecha com as duas mãos.
Funcionou. O cabelo se soltou. Infelizmente, meu limpador de para-brisa continuava enroscado nele, pendurado. Ela resmungou o que eu desconfiava que fosse uma sequência de palavrões e depois tentou, sem sucesso, remover a mecha emaranhada. As pessoas que atravessaram a rua quando eu também devia ter ido agora começavam a se aproximar de onde ela estava, e de repente a morena pareceu se dar conta de que alguém podia notá-la.
Em vez de ficar brava com a maluca que tinha danificado meu Audi comprado há uma semana, não consegui segurar a risada quando ela olhou em volta, abriu a capa de chuva e escondeu o limpador de para-brisa lá dentro. Depois ajeitou o cabelo, afivelou o cinto e virou para ir embora como se nada houvesse acontecido.
Pensei que o show tivesse acabado, mas, aparentemente, ela pensou melhor no que havia feito. Era o que parecia. A mulher virou e voltou para perto do meu carro. Enfiou a mão no bolso procurando alguma coisa, que encaixou embaixo do outro limpador antes de se afastar apressada.
Quando o farol abriu de novo, atravessei e corri até meu carro, curiosa para ver o que a mulher havia deixado. Ela devia ter ficado presa ali por algum tempo e escreveu o bilhete antes que eu a visse, porque não pegou nenhuma caneta enquanto eu a observava.
Levantei o limpador de para-brisa restante, peguei o bilhete e o virei, e descobri que a mulher não tinha deixado um bilhete de desculpas. A morena havia deixado para mim uma maldita multa de estacionamento.
Que manhã. Meu carro foi vandalizado, não tinha água quente na academia ao lado do escritório e agora um dos elevadores estava quebrado de novo. No rush da manhã, o único elevador que funcionava encheu de gente como sardinhas espremidas em uma lata. Olhei para o relógio. Merda. Minha reunião com Jake deveria ter começado cinco minutos atrás.
E estávamos parando em todos os andares.
As portas se abriram no sétimo, um abaixo do meu.
— Com licença. — disse uma mulher atrás de mim.
Dei um passo para o lado para deixar as pessoas saírem, e notei a mulher quando ela passou por mim. Seu cheiro era bom, como filtro solar na praia. Eu a observei sair. Quando as portas começaram a se fechar, ela virou para trás e fez contato visual comigo por um breve segundo.
Lindos olhos castanhos sorriram para mim.
Comecei a retribuir o sorriso... e parei ao olhar de verdade para aquele rosto - e para o cabelo dela - justamente quando as portas se fecharam.
Puta merda. A mulher daquela manhã.
Tentei pedir à pessoa que estava na frente do painel de controle, do outro lado do elevador, para abrir a porta, mas começamos a nos mover antes de ela entender que eu falava com ela.
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Irresistível | G!P
FanfictionApós a fusão de duas grandes empresas de publicidade, Maraisa e Marília "duelam" pela mesma vaga de diretora criativa. Uma disputa irresistível se inicia: as cartas estão na mesa, que vença a melhor. "Talvez haja uma linha tênue entre o amor e o ódi...