Marília.
Eu queria muito o emprego? Quanto?
Maraisa tinha saído há algumas horas para o jantar mensal com Maiara. Como eu tinha um compromisso no escritório bem cedo na manhã seguinte, e minha cama ficaria vazia esta noite, fiquei acordada até muito tarde terminando tudo para minha apresentação completa para a Star Studios, que aconteceria em breve. Esta semana havia sido agitada, embora fosse só quarta-feira. E ainda tínhamos o jantar com a irmã do embuste na sexta-feira.
Peguei a chave da sala de Maraisa na gaveta da Naiara para deixar alguns desenhos na mesa dela. Hoje, durante o almoço, ela havia comentado que estava bloqueada, não conseguia criar a logo para uma empresa de marcadores infantis que estava se expandindo e levaria ao mercado uma linha profissional de marcadores para artistas. Tive uma ideia enquanto trabalhava no sombreamento de outro projeto, e achei que poderia funcionar para o cliente dela.
Maraisa trouxe essa conta da Wren, não estávamos disputando o cliente, eu não tinha motivo para deixar de ajudar.
Mas, quando fui deixar os desenhos na mesa dela, encontrei todo o conceito da campanha da Star bem ali: storyboards, modelos de logo em 3D e uma pasta vermelha e grossa, dessas sanfonadas, com uma etiqueta: pesquisa. Olhei para a pasta presa por elásticos. Devia ter uns oito centímetros de pesquisa. Muito mais do que eu fiz. O que podia ter ali? Coisas que a colocariam em vantagem, certamente.
Deixei meus desenhos na cadeira dela e peguei a pasta. Era pesada.
Merda.
Eu não devia.
Mas e se tivesse deixado passar alguma coisa?
Eu tinha certeza absoluta de duas coisas. Uma, o que eu ia fazer era muito baixo. E duas, se fosse ela no meu lugar, se fosse Maraisa que tivesse entrado em minha sala e encontrado toda essa merda, ela daria meia-volta e iria embora.
Mas eu não podia mudar para o Texas. De jeito nenhum.
Não estava fazendo isso por mim. Estava fazendo isso pelo Noah.
Havia uma exceção para um comportamento condenável quando os fins justificavam os meios, certo?
Que diabo ela podia ter aqui? Sério, essa coisa devia pesar mais de um quilo. Talvez guardasse um tijolo? Ou um livro? Uma cópia de capa dura de Marketing para leigos? Pelo menos isso eu podia checar, não? Ficaria mais tranquila se soubesse que não tinha perdido nada na pesquisa.
Puxei o elástico vermelho da pasta.
Caramba, eu sou uma cretina da porra.
Deixei a pasta sobre a mesa e olhei para ela por mais alguns instantes.
E se não fossem da Maraisa?
Ela mesma disse que tentava remover a pessoa da equação quando estava decidindo como agir. Uma mulher casada de sessenta anos... tinha certeza de que ela fingia que era essa sua concorrente.
O que eu faria se encontrasse essa pasta cheia de informação potencialmente útil, mas a concorrência fosse uma mulher de sessenta anos, em vez de Maraisa?
Queria acreditar que encontrar a resposta para essa pergunta exigia algum debate.
Mas... todos nós sabemos que não, certo?
Eu já estaria na sala de xerox copiando tudo que havia nessa pasta.
E isso resumia a diferença entre mim e Maraisa. Quando ela se deparava com um cenário do tipo como eu me comportaria, sempre chegava a uma conclusão ética. Eu, por outro lado, escolhia o que me levaria mais perto daquilo que eu queria.
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Irresistível | G!P
FanfictionApós a fusão de duas grandes empresas de publicidade, Maraisa e Marília "duelam" pela mesma vaga de diretora criativa. Uma disputa irresistível se inicia: as cartas estão na mesa, que vença a melhor. "Talvez haja uma linha tênue entre o amor e o ódi...