Hospital?

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Marília.

Passei horas sentada atrás da mesa, percorrendo todas as emoções.

Fúria.

Como ela pôde fazer isso comigo... com a gente? Não sabia o que eu sentia por ela?

Não. Ela não sabia.

Por quê? Porque fui covarde demais para contar.

Negação.

Devia ter uma explicação perfeitamente lógica para isso. Ela podia ter encontrado Hugo para uma reunião de trabalho, alguma coisa relacionada à Pet Supplies & More. Lanna podia ter posto o irmão no esquema e pedido para Maraisa repetir a apresentação para ele hoje de manhã.

Sim. Devia ser isso.

Mas ela estava na cama quando ele atendeu a porra do celular.

Na porra da cama dele.

Não na minha, onde deveria estar.

Por quê? Porque fui covarde demais para admitir que tinha medo de dar uma chance de verdade ao que existia entre nós. Ela foi corajosa o bastante para me fazer a porcaria da pergunta. Mas escolhi o caminho da covardia.

Continuei revendo a conversa que tivemos na outra noite.

Se as coisas fossem diferentes entre nós, em um ano ainda estaríamos aqui?

E minha resposta mentirosa foi: "Não. Porque gosto de ser solteira. Gosto da minha liberdade e de não ter que dar satisfações a ninguém, de não ter responsabilidades".

Bom, conseguiu o que queria, babaca.

Barganha.

Se eu pudesse falar com ela, daria um jeito nisso. Sabia que ela sentia alguma coisa por mim; deu para ver nos olhos dela - o jeito como doeu quando falei que não estaríamos juntas daqui a um ano, mesmo que tudo fosse diferente no trabalho.

Tentei me convencer de que gostava da minha liberdade, mas o tempo todo nunca quis abrir mão dela.

Porque tinha medo.

Muita raiva.

Eu precisava falar com ela - iria à casa do embuste e chutaria a bunda dele, se precisasse disso para vê-la. Ela me daria uma chance. O que existia entre nós era verdadeiro.

Não era?

Como eu ia saber? Nunca tive nada verdadeiro em minha vida, exceto o que ela me fazia sentir.

Podíamos estar separadas por milhares de quilômetros, uma de nós no Texas e a outra aqui, mas não faria diferença.

Porque a distância física não mudaria o que eu sentia, o que havia no meu coração.

No meu coração.

Merda.

Apoiei a cabeça no encosto da cadeira e olhei para o teto do escritório enquanto soltava o ar demoradamente.

Estava apaixonada por ela.

Apaixonada.

Como isso aconteceu?

Não amava uma mulher desde...

Luísa.

E olha o que aconteceu na última vez que me relacionei com uma mulher. Luísa não teve uma chance de sentir como era ter um amor correspondido. Por que eu deveria ter?

Não merecia ser amada por uma mulher como Maraisa.

Não merecia o amor de Luísa.

Também não merecia o amor de Noah.

Irresistível | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora