Pelo bem do trabalho

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Point of View Marília.

Talvez amanhã eu deva deixar uma lingerie.

Bem na hora, Maraisa entrou na minha sala carregando uma grande caixa de papelão. Ela usava o chapéu que eu tinha deixado na sala dela só para ser um pé no saco. Só que, agora que ela usava o chapéu, eu estava pensando com outra parte do meu corpo.

A mulher era muito sexy com todo aquele cabelo preto selvagem embaixo do chapéu. Aposto que ia ficar uma delícia de espartilho de renda preta e sapatos de salto fino para combinar com o chapéu de caubói. Balancei a cabeça para apagar a imagem produzida por minha imaginação. Mas a mente não cooperava. Estava ocupada sugerindo um milhão de possibilidades para combinar com o chapéu.

Em cima de mim.

Montando de costas.

É, que burrice, Marília.

Desviei o olhar por um minuto, antes de pigarrear e ir pegar a caixa das mãos dela.

— Ficou bom em você. Vai se adaptar muito bem no novo escritório em alguns meses.

— Pelo menos, talvez lá eu tenha um lugar para trabalhar sem passar o dia inteiro chapada por cheirar produto de limpeza.

— Eu estava brincando. Seu escritório de verdade está ficando pronto agora mesmo.

— Ah. Uau. Obrigada.

— Por nada. Tenho certeza de que a crosta de sujeira nos mictórios vai dar à sua nova sala um cheiro muito melhor.

— Não estou...

Levantei a mão para interrompê-la.

— Brincadeira. Sua nova sala tem o mesmo layout da minha e fica duas portas adiante. Sei que gostaria de ficar mais perto de mim, mas foi o máximo que pude fazer.

— Você é sempre tão ridícula a esta hora da manhã? — Ela levantou uma caneca de café com um M cintilante gravado. — Porque estou só começando a segunda xícara e, se for sempre assim, vou precisar me entupir com mais cafeína antes de vir para cá.

Eu ri.

— É, vá se acostumando. E já me disseram que as manhãs são meu momento menos ridículo, o que significa que, talvez, seja uma boa encher essa caneca com alguma coisa mais forte depois do almoço.

Ela revirou os olhos.

Naiara, minha assistente, nossa assistente, entrou na sala e deixou um envelope em cima da minha mesa. Sorriu para Maraisa, disse bom-dia e fingiu que eu não estava ali.

Balancei a cabeça quando ela saiu.

— Aliás, acho melhor avisar: cuidado para não comer acidentalmente o almoço da sua nova assistente.

Maraisa parecia pensar que eu estava brincando.

— Ok.

— Não diga que eu não avisei.

Andei até a mesinha redonda que ficava em um canto, onde eu costumava fazer pequenas reuniões, e deixei a caixa ali. Só então vi o rótulo.

— Vinícola Henrique? Pensei que íamos reavaliar todas as nossas contas para equilibrar a carga de trabalho e redistribuir os clientes entre as equipes.

— E vamos. Mas achei que não faria mal mostrar a apresentação que preparamos para amanhã. Talvez possamos chegar a um acordo sobre qual é a melhor, sem ter que concorrer diretamente?

Sorri.

— Está com medo de perder, é?

Ela suspirou.

Irresistível | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora