Marília.
Contentamento.
Fazia meia hora que eu estava ali deitada, tentando lembrar a última vez que tive esse sentimento. Se alguém me perguntasse alguns meses atrás, eu teria respondido que era isso que sentia cada vez que fazia sexo - esse relaxamento pós-orgasmo que domina o corpo todo. Mas teria me enganado.
Aquilo era saciedade. Até agora, eu nem tinha percebido que existia uma diferença entre saciedade e contentamento. Mas existe, e é grande. Saciedade é aquela satisfação que se tem depois de uma boa refeição, quando se estava faminto. Ou quando você está cheio de tesão e encontra um alívio que drena a vida do seu corpo. Sim, eu estava esgotada agora; não me entenda mal. E também me sentia satisfeita. Mas não estava saciada. Saciedade satisfaz uma fome que sempre volta. Contentamento dá a sensação de que você não precisa de mais nada. Nunca mais.
E isso é uma merda.
Mas, no momento, eu não dava a minima para quanto eu estava ferrada por ter esse sentimento. Na verdade, na última meia hora, senti vontade de fazer xixi. Mas não fui, porque tinha medo de que, quando colocasse os pés no chão, esse sentimento sumisse.
A cabeça de Maraisa descansava em meu peito, e eu afagava o cabelo dela. Seus dedos traçavam um pequeno círculo no meu abdome.
— Posso perguntar uma coisa? — A voz dela era baixa.
— Sim. Eu consigo de novo. É só escorregar a mão um pouquinho mais para baixo e ficar lá por um minuto.
Ela riu e deu um tapinha de brincadeira na minha barriga.
— Não era isso que eu ia perguntar. — Uma pausa breve, e sua voz ficou séria. — Mas você conseguiria mesmo repetir? Já foram duas vezes desde que eu cheguei.
Segurei a mão dela e a guiei para baixo, até meu pau. Ainda estava meio ereto depois da última rodada.
— Hummm... talvez você tenha algum problema. Tem que baixar de vez em quando, sabe?
— Bom, agora que estamos falando sobre o meu pau, ele sabe disso e está ainda mais acordado, então, se tiver uma pergunta séria para fazer, é melhor ser rápida. Em um minuto, sua boca vai estar cheia demais para perguntar qualquer coisa.
Maraisa apoiou a cabeça na mão fechada sobre meu peito.
— O que acha que aconteceria se não tivéssemos um prazo de validade? — Paralisei..
— Como assim?
— Se trabalhássemos juntas e uma de nós não tivesse que ser transferida em breve? Acha que daqui a um ano estaríamos aqui? — Eu não queria magoá-la, mas precisava ser honesta. Normalmente, as palavras saíam da minha cabeça, mas essa parecia rasgar meu coração e brotar dele.
— Não.
Ela fechou os olhos e assentiu.
— Ok.
Porra.
Maraisa virou a cabeça e a descansou novamente em meu peito. Alguns minutos depois, senti a umidade na pele.
Porra. Porra.
Ela estava chorando. Fechei os olhos e respirei fundo algumas vezes. Depois mudei de posição, até ela estar deitada com as costas na cama e eu conseguir falar cara a cara. Limpei uma lágrima com o polegar. Ela olhava por cima do meu ombro, em vez de olhar para mim.
— Ei. Olha para mim.
Odiei ver os olhos dela cheios de dor. Dor que eu havia causado.
— A resposta tem tudo a ver comigo, nada a ver com você. Você é...
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Irresistível | G!P
FanfictionApós a fusão de duas grandes empresas de publicidade, Maraisa e Marília "duelam" pela mesma vaga de diretora criativa. Uma disputa irresistível se inicia: as cartas estão na mesa, que vença a melhor. "Talvez haja uma linha tênue entre o amor e o ódi...