O que aconteceu?

300 64 4
                                    

Maraisa.

— Tem certeza de que está bem?

Tirei o prato de Marília. Ela mal havia tocado na comida.

— Sim. É só cansaço. — Ele massageou a nuca.

— Não gostou do frango?

— Gostei, estava ótimo. Eu... hummm... comi com o Noah mais cedo. Não parei para pensar. Desculpa, você teve todo esse trabalho e eu nem comi direito.

Levei os pratos para a pia, voltei e fiz um gesto para Marília afastar um pouco a cadeira da mesa. Sentei no colo dela e afaguei seu cabelo.

— Tudo bem. Não me importo com isso. Você só parece... distante hoje.

— Desculpe.

— Pare de se desculpar. — Levantei e estendi a mão para ela. — Venha. Está cansada e não para de esfregar a nuca desde que chegou. Vou desmanchar esses nós de tensão.

Marília segurou minha mão, e eu a levei para o quarto. Ela tirou os sapatos e sentou na beirada da cama.

Fui até o banheiro e peguei o frasco meio vazio de óleo para bebê que sempre mantinha embaixo da pia, uma ótima solução para minha pele seca.

— Tire a camisa para não sujar.

Quando despejei óleo nas mãos, e ela não fez nenhum comentário pervertido, tive certeza de que o que a incomodava era mais sério que dor no pescoço e cansaço. Ajoelhei atrás dela e comecei a massagem com óleo de bebê. Marília encostou o queixo no peito enquanto eu trabalhava em seus músculos.

— Você não estava brincando. É muita tensão. Parece que tem um nó gigante aqui.

Marília fez um barulho, um gemido que misturava prazer e dor, quando enterrei os dedos mais fundo em sua pele.

— Está melhor?

Ela assentiu.

Depois de desatar os nós nos músculos de suas costas, pensei em trabalhar em outra parte do corpo. Deslizei a mão por seu peito e desafivelei seu cinto, enquanto beijava sua nuca. Depois saí da cama e me coloquei entre as pernas dela, onde me ajoelhei.

O som do zíper da calça de Marília ecoou no quarto. Libertei seu membro, e ela deixou escapar um suspiro alto, trêmulo. Pensei que fosse o som do autocontrole se dissipando, mas, quando levantei a cabeça, vi que ela estava de olhos fechados, com o rosto contorcido de dor.

— Marília? — Recuei. — Que foi?

Ela abriu os olhos.

— Nada.

— Não venha com essa de nada. Você está muito perturbada.

Elá se levantou e deu alguns passos, afastando-se de mim.

— Desculpe.

— Pare de se desculpar. O que está acontecendo?

Esperei ela dizer alguma coisa, mas Marília continuou respirando fundo, inspirando e expirando. Era como se tentasse se acalmar, recuperar o controle.

Ela passou a mão na cabeça.

— Pooooorra! — Agora parecia zangada, mas eu percebi que estava brava com ela mesma, não comigo.

— Fale comigo.

Mais alguns passos pelo quarto, depois ela se sentou na beirada da cama, a cabeça entre as mãos e os dedos puxando os cabelos.

Ajoelhei na frente dela.

— Marília?

Vi sua respiração erronea. Os ombros começaram a tremer. No começo, pensei que estivesse rindo, uma espécie de risada histérica que precisava sair ou ela acabaria desabando e chorando.

Mas Marília levantou a cabeça.

E eu vi seus olhos cheios de lágrimas.

Meu coração parou.

Ela não estava rindo; estava chorando em silêncio, fazendo tudo que podia para não chorar.

— Meu Deus, Marília. Que foi? O que aconteceu?

Irresistível | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora