Maraisa.
Dois anos atrás, exatamente nesse dia, eu estava arrasada.
Acendi as últimas duas velas e diminuí a intensidade das lâmpadas na sala de estar. Perfeito.
A lareira estava acesa, a mesa estava arrumada com a porcelana que ganhei da minha mãe quando saí de casa, vinte velas criavam o clima romântico, e eu tinha o prato preferido de Marília no forno. Olhei em volta e sorri. Finalmente essa mulher teria um encontro com uma namorada no Dia dos Namorados.
No ano passado, eu havia planejado uma noite especial para essa data, mas, como a maioria das coisas desde que conheci Marília, nada aconteceu de acordo com o esperado. Naquela manhã, recebemos um telefonema de Noah. Ele estava no hospital com a avó. Quando acordou e a encontrou inconsciente, ele telefonou para a emergência. Eliane tinha sofrido um AVC.
Uma semana depois, ela faleceu dormindo, ainda na UTI. E nossa vida mudou de forma inesperada mais uma vez.
Dois anos atrás, o homem com quem eu era namorada havia oito anos me deu um fora no Dia dos Namorados. Hoje eu criava um adolescente ao lado da mulher que me faz querer montar nela e apertar seu pescoço ao mesmo tempo. Mas nunca estive mais feliz.
Um dia depois da morte de Eliane, Marília entrou com o pedido de guarda temporária de Noah. Pedimos a guarda permanente alguns meses depois. Insisti para Noah fazer terapia, temendo que ele pudesse enfrentar dificuldades pela perda da segunda mulher da vida dele. Como sua guardiã, Marília foi com ele a algumas sessões, e também acabou procurando um terapeuta para falar sobre a culpa relacionada à morte de Luísa. Isso fez muito bem aos dois.
Peguei o porta-retratos da estante da sala e deslizei um dedo sobre o rosto sorridente de Luísa.
— Não se preocupe. Eles estão felizes. Estou cuidando bem do nosso menino e da nossa menina.
Durante o último ano, encontrei consolo falando com ela em diferentes ocasiões. Quando Noah agia de modo difícil, ou quando Marília me irritava com sua incessante superproteção. Tinha com ela uma dívida eterna pela vida linda que eu vivia hoje, e dizia isso a ela com frequência.
Ouvi a chave na porta e me encostei na bancada da cozinha, expondo uma porção provocante de colo enquanto esperava minha linda entrar em casa. Ela abriu a porta e olhou imediatamente para o que eu exibia. Deixou as chaves e duas sacolas em cima da bancada. Seus olhos procuraram os meus, mas voltaram ao decote duas vezes antes de ela perceber que o apartamento estava cheio de velas.
— Cadê o Noah?
— Foi dormir na casa do Adam, amigo dele — falei com um tom insinuante.
Marília sorriu.
Um sorriso malicioso iluminou o rosto de Marília. Ela se aproximou com um olhar determinado que me arrepiou toda. Tive que me controlar para ficar quieta, não me agitar com a expectativa.
Ela enlaçou minha cintura com um braço e me puxou contra o corpo, enquanto a outra mão segurava minha nuca.
— Vou fazer você gritar tão alto que os vizinhos podem até chamar a polícia.
O beijo me deixou sem ar. Eu não tinha dúvida de que ela pretendia cumprir a ameaça.
Tivemos que moderar um pouco a vida sexual em casa depois que nos tornamos mães de um adolescente. Se antes fazíamos sexo pelo apartamento todo - encostadas na parede, no chão da sala, em cima da bancada da cozinha, no chuveiro -, depois da chegada de Noah nossa atividade teve que ser confinada, e o barulho, limitado.
Mas isso não refreou Marília - ela só se tornou mais criativa. Mandava todos os funcionários para casa mais cedo para podermos transar sem nenhuma inibição no escritório. Normalmente, isso acontecia depois de discutirmos sobre como lidar com determinada conta. Podíamos fazer parte da mesma equipe agora, mas discussão acalorada ainda mexia com os hormônios. Às vezes, eu a irritava de propósito só por isso.
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Irresistível | G!P
FanfictionApós a fusão de duas grandes empresas de publicidade, Maraisa e Marília "duelam" pela mesma vaga de diretora criativa. Uma disputa irresistível se inicia: as cartas estão na mesa, que vença a melhor. "Talvez haja uma linha tênue entre o amor e o ódi...