1º Capítulo {Livro Quatro}

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Palácio de Versalhes. França. 1785.

— Deixe-me ver se eu entendi — começa Adam Roux, entrelaçando suas mãos sobre a mesa. — Está nos dizendo que voltou sozinha pela estrada?

Bom... pelo jeito, não entendeu é nada.

— Não voltei sozinha — repito enfática, exalando um longo suspiro. — Obtive auxílio. De início pelo camponês que me socorreu do acidente que mencionei, e depois, encontramos um grupo de cavalheiros na divisa de Lorena.

— Parece-me que vamos de mal a pior — declara Saymon Aubin, chamando a atenção de todos na sala.

Estamos a portas fechadas, e encontro-me de pé no centro do recinto, sendo avaliada, meticulosamente, pelos olhos desconfiados dos sete oficiais, além dos dois olhos do rei.

Todos estão acomodados adiante de mim, em uma mesa comprida, que acredito ser-lhes usada comumente para reuniões urgentes.

Fui trazida até aqui enquanto ainda podia ouvir o eco daqueles aplausos e constantemente tenho tido lampejos daquele sorriso malicioso.

Eu sou a escolhida...

E não há nada que se possa fazer para mudar isso. Mesmo que eu grite, ou esperneie. Mesmo que eu me descabele, ou chore. Nada mudará o destino que sempre foi só meu.

E que tipo de pessoa eu seria se lutasse contra isso?

Acreditei, quando estava diante dos portões fechados, que se fosse a escolhida, de alguma forma, entraria no castelo.

E o que houve depois?

Lutei com todas as forças para entrar, achando que isso me traria uma espécie de libertação. Mal sabia eu que estava indo de encontro as minhas próprias convicções.

Bradei a plenos pulmões aquilo que eu realmente era e, assim, conquistei o meu devido lugar. Diante disso, só lamento ter esmigalhado dois corações no processo.

O dele... e o meu. Afinal, depois... ele se foi... e a culpa disso é toda minha.

— Por que está ferida? — ouço o rei indagar, causando-me um sobressalto.

Ao atentar-me a ele, vejo que aponta o próprio rosto, de modo a sinalizar aquilo que vê em mim.

Só então, passo a sentir o alto de minha bochecha latejando e de forma involuntária, levo a mão até a ferida, despertando-me uma pontada de dor.

Foi a chicotada que levei, antes de entrar pelos portões.

Oh! Que lastima será carregar por aí esta marca, sendo essa, uma recordação notória daquele que de um mal pior me livrou.

— Fui vitima de um aldeão com más intenções — revelo com a voz falhando. — Ele se dizia escandalizado com minhas vestes, mas arrastou-me por uma viela, ao invés de entregar-me para a guarda.

À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora