2º Capítulo {Livro Quatro}

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Observo com melancolia o céu acinzentado, estando sentada sobre o parapeito de minha janela.

Minha nova janela.

Agora não mais tenho a visão do bosque sombreado, mas sim, uma vista atulhada pelas casas e demais construções que formam o povoado de Versalhes.

Enquanto contemplo a paisagem nebulosa, procuro ignorar a movimentação às minhas costas.

Duas criadas que normalmente auxiliam a rainha foram enviadas para organizarem meus pertences em meu novo aposento. Afinal, por causa da torção em seu pé, Laura não poderá me ajudar por enquanto.

E essa ausência deixa-me ainda mais triste. Pois, agora seria o melhor momento para tê-la comigo.

Passei por uma noite tão confusa em sentimentos. Tão conflituosa. Só pude dormir por estar verdadeiramente cansada, mas sei que noutro tempo obteria uma insônia das boas.

Ao amanhecer, avisaram-me que tinha um café da manhã com a família real, mas minha vontade de sentar àquela mesa se resumia a zero.

Por isso, dispensei o compromisso, horrorizando a criada que me veio buscar. No final, fui servida em meu quarto antigo e nem sequer toquei na bandeja.

O pior de tudo é me sentir culpada.

Agora eu sei a que vim ao mundo. Agora eu conheço meu propósito e não me alegrar com ele soa quase como uma traição.

Eu já fiz muitas preces e pedi perdão a Deus, mas o peso em meu peito ainda não diminuiu. Apesar disso, eu acredito que possa diminuir, talvez não desapareça, mas diminuir, eu sei que vai.

E eu vou me manter firme para honrar o meu propósito. Mesmo que isso custe muitas lágrimas.

Já derramei várias delas.

Após o encontro com Laura, precisei sanar minhas necessidades e sendo deixada a sós com meus pensamentos, pude chorar tudo o que tinha para chorar.

O peito doía pela perda que tive e doía muito mais pelo ganho. Foi como se um punhal adentrasse meu peito a cada batida de meu coração.

Terei de me casar com ele.

Toda vez que me dou conta disso, lembranças daquele dia no Louvre invadem minha mente.

Não pedem licença para entrar, apenas me atormentam com a sensação daquele aperto insistente, com o vislumbre daquele sorriso cruel e o aroma estranho que me recordei estar sentindo enquanto era prisioneira em seus braços.

E como se não bastasse...

Também vejo a imagem de Dente perante mim, sorrindo ao revelar seus sentimentos, para depois, recuar horrorizado ao descobrir quem eu sou de verdade.

Ele se foi e abandonou o caminho que seus pais lhe traçaram. Por minha causa. Por não suportar viver no mesmo ambiente.

O que eu mais temia aconteceu e agora para encontrá-lo? E agora para pedir perdão?

À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora