45º Capítulo {Livro Quatro}

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Procurando me manter longe das vistas, aguardo pelos momentos oportunos e mudo de corredor sempre que encontro o próximo vazio. Dessa forma, prossigo de cômodo em cômodo até alcançar a entrada da ala real.

Só então, dou-me conta de que minha tentativa de não ser vista nestes trajes não será em nada bem sucedida, pois sem dúvidas há guardas diante dos aposentos dos monarcas e deles não terei como me esconder.

Ora! Como vou chegar até meu quarto para me trocar? Impossível com a presença daqueles dois de paus ambulantes.

Um tanto aborrecida por não ter refletido sobre isso de antemão, inclino-me junto ao portal e espio o corredor, esperando avaliar a situação em busca de uma ideia.

Todavia, qual não é a minha surpresa ao perceber que não há nenhuma guarnição em se tratando de todos os quartos.

Estranho...

Sem tempo para especulações, aceito minha boa sorte e avanço pela ala, com destino certo até meu quarto. Antes, porém, que meus dedos alcancem a maçaneta, ouço um inesperado grito de mulher.

Este veio da parte do quarto do rei e me soou como um grito de pavor.

Intrigada quanto ao que possa ter gerado uma reação desta natureza, hesito um instante, então abandono minha rota inicial e corro em direção das portas duplas, escancarando-as num segundo.

Nisso, vejo-me dentro do quarto do rei e a primeira coisa na qual reparo é o corpo da criada que se encontra estatelado sobre o carpete. Não demoro a me aproximar dela e horrorizada com o achado descubro que a mulher se encontra de olhos esbugalhados, debruçada sobre uma mancha escarlate que o tecido fofo já começa a absorver.

Está imóvel, sem dúvidas, morta e isso aconteceu há pouquíssimos segundos.

Desesperada, esquadrinho todo o aposento, temendo dar de cara com o assassino, mas, para meu alivio e também apreensão, não há ninguém por perto.

Ao direcionar meus olhos rumo ao leito real, avisto Henrique Bourbon repousando pacificamente em meio aos travesseiros. E somente ao adiantar-me até sua pessoa, descubro-o tendo uma terrível adaga encravada no peito.

À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora