O casamento real se aproxima e a corte toda está em polvorosa!
Exceto por uma pessoa... O que seria um fato isolado, e até irrelevante, se essa pessoa não fosse justamente a noiva.
Panny Delyon recebeu a notícia que mais temia, ou que aprendera a te...
Depois de uma ampla procura nos mais variados cômodos do palácio, vim encontrá-la nos jardins reais, sentada num banco de pedras numa postura encurvada, tendo os olhos fitos nas flores.
Como não obtenho dela resposta alguma que não seja uma rápida olhada por sobre os ombros, avanço mais alguns passos e acomodo-me ao seu lado.
— Precisamos...
— Não quero ouvir nada — interrompe-me ela veemente, mostrando-me uma voz embargada e uma face avermelhada pelo choro. — Eu espero muito, muito mesmo, que não tenha vindo defendê-la.
— Não sou ninguém para julgá-la. Já cometi esse erro por vezes demais. Sempre acabo chegando a conclusões precipitadas.
— Então não concluiu o óbvio? — Laura indaga, elevando o tom. — Ela matou minha mãe.
— Ela não matou sua mãe — argumento aflita, recebendo em troca um olhar enraivecido.
— Ouviu o que ela disse! Como pode dizer isso? Ela prejudicou minha mãe de uma forma irreversível.
— Eu...
Simplesmente não tenho palavras para expressar algo com clareza.
Me dói ver o estado de minha amiga e sei que perceber como as coisas se deram foi algo terrível. No entanto, compreendo os sentimentos de Meia Noite naquela hora.
Acredito que ela não tenha tido a intenção, por mais que a sua decepção lhe tenha cegado.
Elas eram amigas e isso fez tudo se tornar mil vezes mais doloroso. Não que o desfecho tenha sido dos melhores, no que diz respeito a Nicolle, mas a rainha não tinha como saber que ela seria raptada, estando fora do castelo.
— Laura... — começo, envolvendo-a pelos ombros. — Precisa perdoá-la. Precisa exercer dentro de si a força necessária para perdoá-la.
Dito isso, vejo minha amiga se inclinar ainda mais, descansando os cotovelos no próprio colo e, dessa forma, observar o calçamento, que cerca os canteiros, com um olhar melancólico.