— Como isso aconteceu? — indago-lhe apavorada.
Javier se encontra transtornado e tenta a todo custo destrancar a porta do arsenal enquanto os habitantes do Toulery lhe rodeiam.
O príncipe esteve tão desesperado por não encontrar a irmã que andou de aposento em aposento, despertando a todos nós.
Trazia consigo uma angústia tão forte que contorcia-lhe o rosto para um aspecto rabugento.
— Estive com ela quase o dia todo — responde-me ele, numa voz embargada. — Nós esperamos à tardinha para nos separar. Então fui levar lady Baudin para um passeio no jardim e Elena avisou-me que iria a sala de artes para desenhar.
— Depois disso não a viu mais? — questiona-lhe mamãe, tão espantada quanto os outros.
— Não... — diz o príncipe, esforçando-se em colocar a chave na abertura da tranca. — Eu pensei que estivesse tudo bem. Foi só quando fui lhe dar o tradicional beijo de boa noite é que percebi seu sumiço. A cama estava vazia e intocada.
— Parece que a menina nem pode se aprontar para o descanso — afirma lady Rubbia.
— Eu ajudei a vasculhar os cômodos até que a encontrássemos — revela Dulce pesarosa. — Mas não tivemos nisso qualquer sucesso.
Dito isso, desvio os olhos do rosto encabulado da donzela e o fixo na direção da porta ao ouvir o estampido de sua abertura.
Dessa forma, vejo que Javier invade o cômodo tão, ou mais, inquieto que antes e começa a recolher algumas munições, bem como uma pistola.
— O que vai fazer? — indago perplexa, adentrando o recinto.
Encontrando assim um ambiente abafado, repleto de armas nas paredes, estas sustentadas em ganchos, além de outras empilhadas pelos cantos.
Aonde quer que se olhe há baús com capsulas e barris com pólvora.
— Vou caçar quem a raptou — enfatiza enraivecido. — Vou caça-lo até os confins da terra se preciso for.
— Não pode sair assim — argumento aflita. — Não temos qualquer pista de para onde ela foi e o Norte está muito perigoso...
— É com essas palavras que pretende me convencer a ficar? — questiona-me impaciente, fazendo-me recuar.
Bom... Receio que tenha razão. Não é nada reconfortante saber que sua irmãzinha está em mãos estranhas, num lugar ermo e hostil.
— Temos de parar e refletir — sugere Franco, postando-se ao meu lado. — Não é bom tomar decisões de cabeça quente.
— Já está tudo pensado! — esbraveja Javier. — Não há tempo a perder. Eu sei exatamente para onde ela foi levada.
— Sabe? — questiono surpresa.
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À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.
Ficção HistóricaO casamento real se aproxima e a corte toda está em polvorosa! Exceto por uma pessoa... O que seria um fato isolado, e até irrelevante, se essa pessoa não fosse justamente a noiva. Panny Delyon recebeu a notícia que mais temia, ou que aprendera a te...