12º Capítulo {Livro Quatro}

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Durante alguns minutos que, ao meu ver, se tornam horas, permaneço na sala da guarda, sendo consolada por uma paciente Valliéry.

E quando já não me contenho de tanta ansiedade, por fim, presencio o retorno de meus amigos.

Ao menos parte deles.

Dessa vez, o ambiente é preenchido somente pelas figuras de Dente e de Franco.

— Dalibor está muito abalado com a descoberta de vossa real posição e, neste momento, prefere ficar sozinho — conta-me Franco, parecendo encabulado. — Dentre nós, ele é o homem mais experiente e me entristece vê-lo tão resistente a entender as circunstâncias que a levaram a se ocultar.

— Talvez eu tenha sido muito teimosa em não dizer nada antes — comento com a voz embargando.

Isso me trouxe mais problemas do que soluções.

— Oh, minha cara! — suspira Franco, sentando-se ao meu lado no divã. — Não sou ignorante a ponto de não me conhecer e não posso me enganar quanto ao meu próprio passado. Nós éramos criminosos e tu eras uma donzela indefesa. Não duvide nem por um segundo de que houve, naquela estrada, um grande livramento para vossa vida.

— Então entende que apenas quis ser prudente?

Eu sabia que suas condutas estavam em estágio de transformação, mas não lhes confiei completamente desde o início. Não quis jogar com minha vida, depois não quis jogar com as vidas deles e por último, perdi-me em meus próprios argumentos.

Todavia, já naqueles dias, Dalibor pareceu ser o mais resistente a Palavra. Bom... pelo modo como se recusa a me perdoar, parece-me que sua regeneração tem sido a mais lenta.

— Lhe entendo em absoluto! — Franco garante solene. — Dalibor deveria ter sido o primeiro a compreendê-la, mas se recusa a isso por ser um turrão.

— Eu sinto falta dele... — confesso, fungando baixinho.

— Eu também — Franco afirma, abrindo um sorriso triste. — Aquele sujeito sempre foi ranzinza, mas sempre soube ser cordial e sempre agiu como um pai para nós, ainda que impelindo-nos por conselhos indevidos.

Ah, sim! Seu relacionamento devia ser a de uma família, até mesmo enquanto eram ladrões.

— Porém, o homem que saiu desta sala já não é o mesmo Dalibor — conclui Franco com olhar distante.

— A culpa é minha — comento, desabando em lágrimas, ao que Valliéry me puxa junto ao peito, murmurando um suave "shhhh".

— Imagine! — repreende-me ele, desferindo um tapinha em meu dorso. — o culpado tem outro nome e o nome dele é orgulho.

— Acha mesmo? — questiono esperançosa, mantendo meu rosto afundado entre as plumas vermelhas de minha dama.

Afinal, sinceramente, não quero a culpa toda para mim.

À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora