13º Capítulo {Livro Quatro}

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— Perdoe-me, alteza — exclama Desiderata, abaixando-se de imediato para junto dos cacos. — Soltei a xícara antes que a tivesse segurado com firmeza, foi minha culpa. Foi minha culpa.

— Ah, isto foi apenas um contratempo — afirma o monarca, indiferente à ameaça que nos ronda. — Imagino que não tenha se queimado, não é mesmo, princesa?

— Estou bem...

— Sirva-lhe outra porção e pode se retirar — o rei ordena a Desiderata, antes de solver o próprio chá. — Quando encerrarmos a reunião poderá cuidar dessa bagunça.

Ouvindo-lhe, sem pensar duas vezes, Desiderata larga os cacos, endireita a postura e põe-se a servir-me o líquido fumegante, noutra xícara.

Em seguida, a mulher que jamais quis voltar a ver, estende o objeto em minha direção e deixa escapar um daqueles seus risinhos esquisitos.

Apreensiva com sua presença, e sem saber como expô-la, esqueço-me como pegar a xícara, assim, proporcionando um longo minuto em que a dama permanece lhe segurando a esmo.

— Deixe-a sobre a mesa, a princesa a recolherá quando estiver segura dos gestos — lhe instrui Henrique, fazendo-me encará-lo e então se dirige a mim: — Parece-me que está tremendo, cara donzela. Sente-se bem?

— Estou bem... — repito no mesmo tom atônito que usei antes.

Oh, meu Deus!

Como vou dizer ao rei que está ao lado de uma partidária do Caspatio? Como farei isso sem lhe arriscar a vida?

— Com licença, majestade — ouço Desiderata pedir e, sem demoras, ouço o som de seus passos se afastando.

— Devo tê-la impressionado muito com a história que lhe contei, mas não se preocupe. Os objetos que vistes não passam de velharias e a promessa feita sobre eles, dificilmente teria obrigação alguma de ser honrada nos dias de hoje. Afinal, sabemos muito bem como o herdeiro dos Caspatios tem se comportado.

— Então não entregaria o trono ao líder rebelde, mesmo que ele obtivesse a adaga? — questiono, soltando o fôlego.

— Seria o mesmo que assassinar os franceses. De modo algum.

Bom... Assim fico mais calma. Porém, o problema está longe de estar solucionado.

Ainda existe a presença de Desiderata e ela está com a adaga. Ao menos acho que está.

E se ela cometer algum ato de barbárie? E se ela cometer um atentado contra Henrique.

Pode não tê-lo feito agora, mas estando no castelo, oportunidades não vão lhe faltar.

— Peço que não diga nada a ninguém a respeito do que lhe contei sobre Olair — ouço o rei dizer, tendo minhas vistas dispersas na direção da janela. — Contei apenas para que esteja ciente da origem dele e, assim, defenda-se melhor. Porém não posso arriscar que ele perceba que já foi descoberto. Só Deus sabe o que faria nessa situação.

À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora