a poesia do seu olhar.

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Lavar a louça nunca fora a atividade doméstica favorita de Felix, mas quando percebeu a tristeza que Changbin ficou ao se encarregar dessa função, acabou por se oferecer. La estava ele, perdendo a conta de quantos pratos já havia ensaboado e cantarolando alguma canção da Gal Costa. Ele a adorava, escutava todas as músicas com muita paixão.

- Gal Costa? - Uma voz masculina surgiu, assustando o loiro. Seu coração pareceu saltar quando notou a presença de ninguém além de Hyunjin ali, com os cabelos levemente armados, recém penteados por sua mão. Ele encostou o corpo na quina do balcão, analisando o Lee por inteiro. Hyunjin nunca fora o maior fã do amor. Ainda que gostasse de aproveitar as belezas da vida, amar definitivamente não era uma delas. Mas, Gal Costa representava a paixão em sua melhor forma. Super o perfil de Felix. Ele carregava consigo algo que Hyunjin não tinha: liberdade. Felix não era só um garoto adorável, ele também tinha um perfil de quem enxergava beleza em coisas simples, como correr no gramado e ler livros sobre paixão na madrugada. Era isso que Hyunjin entendia ao vê-lo. E, honestamente, sentia um pouco de inveja dessa despreocupação. Queria sentir-se livre, disposto, jovem. Mas, no fim do dia, o mundo enxergado por si sempre seria bruto e pessimista. O otimismo não o perseguia, mas com certeza era a raiz de toda a existência do loiro.

- Definitivamente. - Respondeu, com os olhos concentrados na louça. A água gelada corria em suas mãos, retirando o sabão. O som de risadas vindas do gramado havia cessado, mas ainda sim era possível ouvir a voz de Chan conversando sobre um tal personal do Instagram com Changbin.

- Você a escuta apenas porque gosta do toque? Ou existe algo a mais? - Hyunjin questionou, curioso. Algo nessa pergunta despertou uma adrenalina no loiro, como se finalmente tivesse a brecha que precisava pra conversar com o Hwang.

- A música é um sentimento, Gal Costa estimula os meus. Não é só sobre a melodia, mas também por ela. Tudo é arte, desde a leveza com as palavras até o toque envolvente. - Felix enxugou as mãos com um pano de prato branco e encarou os olhos escuros de Hyunjin. São belos olhos, uma pena que pareçam atulhados de dores não ditas. Não ditas por ele, mas escritas em seu olhar. Felix era bom entendendo as pessoas, mas Hyunjin não era qualquer um. Ele parecia diferente, mesmo que o loiro ainda não soubesse no que.

- Você é legal, loirinho. Gostaria que o mundo fosse cheio de pessoas como você, ainda que não te conheça bem. - Disse o moreno, demorando seu olhar no outro. Felix não lhe dissera nada. Às vezes, é difícil encontrar palavras pra elogios relacionados a personalidade. Quando alguém diz que você é bonito, você sorri e responde obrigada. Não obstante, há uma intensidade diferente em elogios como estes. Ademais, Felix sentia que não era preciso palavras entre eles, quase como se entendessem. Melhor: se completassem. Hyunjin se virou pra sair, mas foi interrompido pela voz do mais novo.

- Hyunjin. - O chamou. O Hwang virou, dando-lhe atenção. - As pessoas não são tão desprezíveis assim, acredite. - Um sorriso de canto nasceu nos lábios do moreno. Realmente adorável.

- Acho que finalmente conheci alguém que me provou isso.

COPACABANA - minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora