espírito natalino

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À medida que o Natal se aproximava, a galera do condomínio ficava toda agitada com os preparativos. A ceia marcada para a véspera e o almoço com amigo secreto no dia seguinte eram os destaques. Seungmin, Chan e Minho assumiram a cozinha, enquanto Jisung, Jeongin e Yeji cuidavam dos presentes e das roupas natalinas. Ryujin, convidada especial, estava pronta para participar de tudo, até da ceia com as delícias da mãe dela.

Apesar de não ser obrigatório trazer algo, Ryujin preferiu não parecer mal educada, mesmo com Chan dizendo que não era necessário, considerando que os moradores daquele condomínio eram todos muito estáveis financeiramente, provavelmente contratariam alguém pra cozinhar ou comprariam comida pronta. Não era esse o intuito quando pediram pra cada família preparar sua refeição, a intenção era aproximar cada um com um pouco de diversão na cozinha, mas quem disse que rico liga pra essas besteiras?

No entanto, na casa dos Bang a atmosfera também não estava nos conformes. Seungmin estava meio maluco com a comida, e Chan tentava tranquilizá-lo, mas às vezes era em vão. Kim corria pela cozinha, sempre agitado, seja atrás de tempero, procurando ingredientes na geladeira, preocupado com a geleia no fogão ou observando Chan cortar a carne em pedaços muito grandes. O peru se mostrava um desafio, e Seungmin até sentiu vontade de chorar de desespero. No entanto, Chan, tranquilo como sempre, o abraçou por trás, deu uma cheiradinha no pescoço dele e sussurrou para se acalmar, lembrando que comida é feita com amor, não com pressa. Chan distribuía beijinhos demorados pelo rosto e boca de Seungmin, transmitindo todo o amor e paz necessários para continuar no caminho certo. O relacionamento deles era um apoio mútuo, cada um suprindo as necessidades do outro.

Enquanto isso, Minho percebia algo estranho em Jisung. Apesar de não tratá-lo mal, Jisung estava tenso, sempre conferindo o celular. Changbin tentava distraí-lo o tempo todo, como se já esperasse algo pior por vir. Minho sabia que algo não estava certo. Mesmo preocupado, optava por não ser invasivo, pois mesmo os amigos que pareciam entender bem o que se passava entre ele, não diziam nada. Parecia que Jisung tinha esse mesmo estresse na mesma época, como se algo semelhante já tivesse acontecido antes, e por isso Seo sabia exatamente como reagir. Isso deixava Minho pensativo, mas ele tentava ao máximo manter-se calado.

Agora, Jisung dormia no quarto de Minho por três dias, depois Minho ficava no dele por mais três, e o dia livre, geralmente domingo, era reservado para almoços e reuniões entre todos os amigos. Eles caminhavam na praia às cinco da manhã, curtiam o nascer e o pôr do sol juntos, devoravam salgados baratos em pequenas lanchonetes do Rio, enquanto Minho ouvia atentamente Han contando todas as travessuras da infância quando fugia para a casa da tia.

À noite, dançavam samba, tomavam cerveja e caipirinha barata, se beijavam à luz do luar e ouviam conselhos de idosos bêbados, sorrindo simpáticos quando diziam que formavam um casal lindo. Até foram juntos para a academia, algo que Minho quase não fazia, pois a dança já ocupava todo o seu tempo. No fim, mesmo que Jisung estivesse passando por um momento difícil e não compartilhasse com ninguém, ele tentava não deixar isso afetar Minho, pois sabia que era a última semana. A última.

A palavra "última" doía tanto quanto Han pensava que doeria, porque significava fim. Talvez Minho voltasse ao Rio em algum outro ano, em algum outro dia, mas seria a última vez que viveriam aquilo daquela forma. Quando Minho voltasse, talvez seus cabelos não fossem tão loiros, o calor do Rio já não fosse o mesmo, e o sorriso de Han estivesse dedicado a outra pessoa. Essa seria a última vez. A última noite passeando pelas ruas do Rio sem o celular, preferindo deixar que roubassem só notas de dois reais e bebidas baratas. Seria a última vez que Han ouviria Seu José, do barzinho da Lúcia, falar sobre como se casou com a falecida dona Angela, eternamente o amor da vida dele. Linda como as praias do Rio, com cabelos enrolados, pele negra macia e vestido branco de bolinhas pretas. Também seria a última vez que Minho choraria com essa história, já meio bêbado com a caipirinha e o corpo pedindo carinho. Última vez.

COPACABANA - minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora