vinho tinto e queijos não comidos

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O dia foi incrivelmente agitado. Depois de explorarem a vista ao máximo, fotografando até os pássaros e sobrevivendo a mais uma viagem de bondinho na volta, decidiram passar um tempo na praia. Jisung aconselhou que deixassem todos os utensílios de importância no carro, pois naquela época os roubos eram mais intensos, e o Rio de Janeiro se transformava em uma loucura caótica em datas comemorativas. Pegaram os coolers com cerveja e levaram para a praia, mesmo com Hyunjin e Chan insistindo em pagar todas as rodadas. Jeongin apenas respondeu que do modo insalubre era mais divertido, recebendo a afirmação de quase todos ali presentes.

Horas se passaram na praia, entre risos, cerveja e até alguns momentos mais íntimos, especialmente entre Jisung e Minho, que trocavam carinhos notórios aos olhos de todos. Jisung chegou a passar protetor solar nas costas do Lee que, ao perceber que Han estava prestes a acabar seu trabalho, o puxou pela cintura, roubando um beijo e chamando a atenção de alguns na praia, que os encaravam desaprovando e cochichavam entre si.

No fim do dia, decidiram ir ao restaurante da família Shin e pedir uma grande quantidade de caranguejo, peixe frito e camarão. Ryu estava de folga dessa vez e pôde ficar mais à vontade. Provavelmente, eram a mesa mais barulhenta do restaurante, e isso quer dizer que o caos era extremo, considerando que o lugar estava lotado. Ryujin comentou que, naquele horário, era incomum lotar ao ponto de faltar lugares para sentar. Contudo, como era época de festa e o Rio de Janeiro estava repleto de turistas, obviamente estava faltando espaço até nas lanchonetes de esquina. Quando partiram, cada um seguiu seu caminho. Ryujin ficou no restaurante ajudando a mãe com o movimento e recebeu um beijo na testa de Chris, pedindo que voltasse a vê-los no ano novo, recebendo um olhar severo da senhora Shin por ter sua filha raptada tantas vezes. Minho também se despediu com um abraço, Jisung colado a ele, parecendo recém-casados. Os meninos foram para suas casas, com exceção de Han, que decidiu dormir com Minho naquela noite. Obviamente, ninguém disse nada, mas trocaram olhares sugestivos a todo momento.

Agora, Minho preparava a água da banheira para que ele e Han pudessem desfrutar de um vinho tinto e trocar alguns beijos, enquanto Jisung procurava por sais de banho, toalhas e taças. Ambos estavam bastante nervosos, seria a primeira vez que teriam qualquer tipo de contato mais íntimo, seja relacionado a atos físicos ou não. Aquilo seria diferente de tudo que já tinham experimentado. Além disso, havia o fato de que Chan e Seungmin estavam deitados na sala, assistindo a um programa de casamento às cegas, e Felix e Jeongin nos quartos ao lado, com o quarto de Minho situado entre os dois. Eles não podiam se dar ao luxo de fazer barulho, é claro.

Decidindo descer as escadas, Jisung, com o rosto corado de vergonha por estar na casa de outras pessoas, invadiu a cozinha em busca de taças e vinho. Por que não aproveitar e pegar alguns queijinhos também? Se já estavam no "inferno", melhor sentar no colo do "capeta". Ao colocar as taças de vinho no balcão, chamou a atenção de Chan e Seungmin, que pausaram o que estavam assistindo na Netflix e se ajoelharam no sofá, observando Han procurar pela garrafa de vinho.

— Eles crescem tão rápido. — Chan simulou um choro falso, como se estivesse testemunhando seu filho de dezessete anos saindo para encontrar sua primeira parceira de baile do ensino médio. Ou parceiro, para ser mais preciso.

— Larga de ser tonto, Chan, você conhece o Jisung tem nem um mês. — Seungmin desferiu um tapa no braço do mais velho, revirando os olhos diante de toda aquela palhaçada. A dinâmica deles realmente lembrava a de um casal de pais idosos, algo tão hilário que Han não conseguiu conter a risada ao ver como Bang puxou os braços, fingindo sentir dor com o tapa, só para provocar solidariedade em Seungmin.

— Pô, só pra tu saber, eu tava falando do Minho, mas o Changbin deve tá na mesma que eu. — Chris comentou, recebendo outra resposta ácida de Seungmin, algo que Jisung nem escutou, pois já tinha terminado de fatiar os queijos, pegado o vinho e as taças. Largou os dois no meio de um debate sobre a vida sexual do Minho, subindo as escadas com um frio na barriga. Changbin devia estar surtando mesmo, e não é pouco. Ele nunca se importou muito com as relações casuais de Jisung, e nem mesmo Han ligava, porque eram exatamente isso: algo casual. Mas ter algo com Minho parecia diferente, Jisung não sabia explicar por que significava tanto para ele. Queria fazer dessa vez algo que Minho nunca mais fosse esquecer, de um jeito que, mesmo dormindo com outros caras, ele sentiria falta de Han. Queria que Minho sentisse falta de passear sobre sua pele, de sussurrar seu nome ao pé do ouvido, de beijar seu pescoço, e tudo mais que fariam da melhor forma possível. Abriu a porta com auxílio dos pés, dando de cara com o Lee sentado na cama, mexendo no celular.

— Já quer entrar na banheira? — questionou o paulista, um tanto acanhado com sua própria dúvida. Por Deus, pareciam virgens! Levantou da cama para ajudar Han, que estava com as mãos cheias de coisas. Minho queria ter tido tempo para cortar morangos e outros frios para eles, mas provavelmente nem iriam tocar no queijo, o que não era uma perda para ele dadas as circunstâncias. Ele preferia outro aperitivo. Jisung assentiu, pedindo que Minho se trocasse no quarto, enquanto ele pegaria sua bolsa e se dirigiria ao banheiro para se vestir lá. Jisung passara em casa antes, tomara as devidas precauções higiênicas e colocara seu melhor robe na bolsa. Han não era do tipo que se preparava muito pra transar, sendo bem honesto, ele sequer ligava muito para preliminares ou coisas do tipo. Óbvio que ele era limpo e sempre mantinha seus exames em dia, mas apenas isso. Contudo, como já havia dito: queria fazer dessa noite algo inesquecível. Daria o seu melhor para isso, com certeza.

Ele retirou um robe de cetim vermelho cereja da bolsa e vestiu, sorrindo satisfeito ao se ver no espelho já trajado. Ele era lindo. Verdadeiramente lindo. E sabia disso. Ciente de que aquele traje era apenas um detalhe cobrindo a verdadeira obra de arte por trás, gostava de como caía tão bem em si. Ouvindo Minho bater na porta, ele inspirou antes de abri-la, sorrindo mais uma vez ao vê-lo de boca aberta, admirando a visão. E que visão, hein!

Você é surreal. — Minho comentou, ainda paralisado, observando Han como se estivesse hipnotizado.

— Você também não tá nada mal. — Minho revirou os olhos com o comentário engraçadinho de Han, entrando em seu banheiro. O cheiro era ótimo, como se tivessem perfumado o ambiente inteiro, mas era só aromatizador. Tinha quase o mesmo efeito, na verdade. As taças de vinho próximas a banheira aquecida, mais parecida com uma jacuzzi do que com um banheira em si. Os queijos em um pratinho cortados em cubo estavam próximos da taça junto ao vinho. A banheira espumava, chamando pelos corpos que fora dela estavam. Han engoliu seco, mas obteve o primeiro passo, começando a desfazer o laço do roupão. Minho observava a cena, sentindo um calor percorrer seu corpo ainda escondido pelo roupão comum parecido com aqueles de hotel. Finalmente, o robe vermelho de Jisung foi de encontro ao chão, deixando o totalmente nu a frente de Minho.

Ele era poesia. Era arte. Era beleza personificada. Seu corpo não era apenas bonito; era perfeito. A pele bronzeada exibia uma tatuagem de concha na linha V, realçando ainda mais sua beleza. Minho sentia o desejo de acariciá-la, questionar quando Jisung a fez, por que a fez e se mais alguém já tinha tocado aquela tatuagem com a mesma ternura que ele pretendia. Desejava beijar, marcar. Talvez marcar todo o corpo. Minho tinha a necessidade de deixar pelo menos uma marca física no corpo de Han, considerando as muitas marcas emocionais que ele próprio recebera. Tão absorto estava que mal percebeu quanto tempo passou encarando o carioca até ouvi-lo dizer:

— Vai ficar só olhando ou vai tirar o roupão também? — E assim Minho fez, vendo Han sorrir satisfeito em resposta. Adentraram a água, que estava em uma temperatura perfeita. Não muito quente, pra não matá-los de calor naquele banheiro e nem muito fria pra não estragar a atmosfera entre eles. Jisung pegou o vinho, despejou em ambas taças, entregou uma pra Minho e ligou a luz vermelha da banheira com o controle, aconchegando-se na banheira.

— Você me irrita tanto. — Jisung disse, sem olhar nos olhos de Minho. Bebeu mais um pouco de Vinho, na tentativa de apaziguar sua mente.

— O que? — Minho pareceu surpreso; dentre todas as coisas que Jisung poderia dizer naquele momento, essa era a frase que ele menos esperava.

— Sim, Minho, você me irrita. Fica aí, parado, com esse corpão de gostosão, só me olhando, me secando – pra ser mais específico –, torcendo pra me ver rendido, mas não faz nada, só fica lá paradão. E eu te odeio, porque me prometi mil vezes não dar o braço a torcer, e agora tô aqui, quase dando outra coisa. Dá vontade de te sacudir, pedir pra parar de ser tão bonito, com esse cabelo loiro molhado infernal caindo sobre o rosto, tirando minha paz. — Aproximou-se do Lee, deixando seus corpos tão colados que dava pra sentir o calor da respiração de Jisung novamente, como se estivessem quase se tornando um só. Han deu um beijo no pescoço de Minho, subindo pelos selares até o maxilar e, quando chegou com os lábios perto do ouvido, murmurou:

— Você me disse que é bom em muitas coisas, mas nesse jogo, eu garanto que eu te venço, turistinha. — Han mordiscou o lóbulo do ouvido do Lee, sorrindo sacana. Se tem uma coisa que ambos curtem é um desafio, e os dois são famintos por vitória. Han sabia disso. Ou, pelo menos, esperava.

COPACABANA - minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora