voce beijaria de novo?

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Os olhos de Jisung permaneciam fechados, pés descalços tocando o gramado, impulsionando um pouco a rede. Teria que lavá-los antes de entrar em casa, ou escutaria reclamações de Changbin por longos minutos. A ventania fria agitava seus fios morenos, desarrumando-os. Ele infundia a brisa ao seu redor, proporcionando-lhe um sentimento agradável de serenidade graças à suave maresia. Foi um dia tumultuado, repleto de conflitos e discrepâncias. Ao entardecer, Han se recolhia na rede, colocava a sua playlist aleatória da Elis Regina pra tocar e contemplava a beleza do seu Rio de Janeiro. Absorto pela paisagem, todas as suas outras vivências pareciam desinteressantes. Não tinha conhecimento exato de quando esse ciclo passou a fazer parte da sua rotina, porém isso também lhe era irrelevante. Nos dias de trabalho, quando a rotina exaustiva o aprisionava, o único refúgio que tranquilizava sua alma consistia nos momentos em que ele respirava o ar puro na pequena praça do bairro à beira-mar. Há sempre uma poesia nos momentos onde você se sente vivo.

- Hm - Um leve pigarreio ressoou, chamando a atenção do carioca. Han inspirou e expirou antes de abrir os olhos, deparando-se com um Minho de braços cruzados. - Tá na minha vez de usar a rede. - Jisung revirou os olhos, indignado com a imaturidade do outro. Embora Minho fosse mais velho que Han, cada vez que ele abria a boca, demonstrava o contrário.

- Por acaso não viu que eu to relaxando no bagulho? Não dá pra usar depois? - Respondeu ríspido. O Lee sentiu vontade de sacudir aquela maldita rede e jogá-lo no mato, mas controlou sua irritação. Afinal, não é do interesse de ninguém causar mais conflitos entre os dois.

- Acontece que eu também quero relaxar agora. Não é só você que teve um dia cansativo, não, nervosinho. - Ele enfatizou a voz ao usar o apelido provocador, destacando uma brutalidade na entonação. É inaceitável a postura rude de Han, que parece acreditar que pode impor sua vontade sobre quem quiser, meramente por se mostrar confiante. Jisung ignorou a presença do paulista, voltando a se deliciar com a voz sublime da Elis, sorrindo ao notar o início de sua canção favorita. Recostou-se na rede, apoiando os braços atrás da cabeça, revelando uma rara expressão de despreocupação. Minho, por sua vez, revirou os olhos e reuniu todas as suas energias físicas e mentais para enfrentar o carioca mais uma vez.

- Que porra?! - Han, mais uma vez, tirou o fone de ouvido de fio preto de seu ouvido, quase o danificando devido à intensidade de sua irritação. Minho tava ali, sentado ao seu lado na rede, eletrizando cada centímetro dos seus corpos com um simples e breve contato. A rede de cor branca cedeu levemente, indicando que estava suportando o peso de dois adultos, mas o material demonstrou ser robusto, garantindo que não houvesse risco de queda.

- Eu disse que precisava usar agora.

Han permaneceu em silêncio. Minho estava parcialmente correto; havia espaço para ambos ali, mesmo que a ideia de estar tão próximo do paulista lhe causasse repulsa. A mancha do entardecer gradualmente se estendia sobre o gramado do jardim, subindo em direção às silhuetas dos dois jovens, iluminando seus rostos com tons graciosos de laranja. O silêncio se instalou novamente. Agradável era a sua presença, não causava incômodo nem constrangimento, mas era um silêncio preenchido pela profundeza de seus pensamentos. Han desejava perguntar sobre a garota do restaurante. Minho ansiava por discutir o acontecido do beijo, porém, de uma maneira menos fria. Queria abordar verdadeiramente como se sentiram naquele contato íntimo. Gostando ou não, ambas mentes continuavam presas ao início do dia, quando toda essa tensão se acentuou.

- Não vai voltar a ouvir sua música? - Minho perguntou, observando o outro de lado, ainda relutante em encará-lo diretamente.

- Você arruinou o clima. - Jisung afirmou, consciente de que estava mentindo. Na realidade, parecia que as circunstâncias estavam mais descontraídas com a presença do outro, como se, de alguma forma, ele trouxesse um calor reconfortante a Jisung. Sabe aquela sensação que se experimenta ao descer de um brinquedo de grande altura em um parque de diversões, quando se sente uma ligeira e agradável turbulência no estômago? Era essa adrenalina que preenchia completamente Han, fazendo arrepiar até o último fio de cabelo. Não se fazia necessário mais nada além daquilo entre eles.

COPACABANA - minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora