Era tarde no Rio de Janeiro, e o dia não tinha como ficar mais horrendo. As nuvens cinzentas se encontravam no céu, escondendo toda a beleza dos dias calorosos do Rio. Esse tipo de clima era bastante comum para Minho, uma vez que em São Paulo as mudanças climáticas eram frequentes, e a maioria das tardes apresentava esse cenário nublado. Minho estava ciente de que tinha dormido muito mais do que deveria, mas decidiu se dar um desconto devido à hora tardia em que havia voltado para casa na noite anterior.
O Lee optou por deixar o quarto sem se dar ao trabalho de arrumar a cama de casal. Os lençóis brancos estavam em desordem, e os travesseiros dispersos sobre o edredom, possivelmente devido à dificuldade de Minho em escolher uma única posição para dormir. Ele desceu pelas escadas de madeira envernizada, que davam à casa um aspecto rústico. Seus pés estavam envoltos em uma meia de coelho que havia recebido de presente no Natal, juntamente com um coelho de pelúcia que ainda permanecia guardado em seu quarto. Minho apreciava presentes desse tipo, pois sentia que eram mais úteis e afetuosos do que perfumes ou utensílios mais caros que geralmente são guardados no armário e raramente utilizados, a menos que a pessoa que os deu venha fazer uma visita.
A casa estava completamente organizada e em silêncio, com as luzes apagadas e o som dos pássaros entrando pela janela da sala aberta, que era a única fonte de luz no ambiente. Não fazia ideia do paradeiro dos amigos, mas não ligava muito. Provavelmente o clima os incentivara a descansar mais, ou talvez tivessem saído para fazer compras ou algo semelhante. Chan mencionara ontem que estavam faltando alguns itens de higiene, toalhas e temperos que Seungmin esqueceu de comprar.
Minho abriu uma das portas da geladeira cinza e retirou uma colherada de brigadeiro feito por Felix dois dias atrás. Nada como um doce em um dia silencioso e nublado. Ele acabou decidindo levar o prato inteiro e assistir a um filme romântico na gigantesca televisão de Chan, criando uma atmosfera semelhante à de um cinema. Minho se aconchegou no amplo sofá e, no momento em que estava prestes a escolher um filme, foi interrompido por várias batidas na porta de madeira. Talvez fosse Jisung. Se fosse, o que viria a seguir? Um beijo? Assistir a um filme juntos, abraçados, enquanto saboreavam brigadeiro? No entanto, Minho sabia que Han tinha mais cara de quem o obrigaria a cozinhar sua comida favorita, enquanto ele assistia e ouvia suas músicas preferidas, cantando alguns versos, sem fazer nenhum esforço. Por fim, O Lee praticamente se arrastou até a porta, suspirando antes de finalmente abri-la.
- SUPRESA! - Ryujin soltou um grito, atirando seu casaco nos braços de Minho, que permaneceu imóvel e chocado diante de sua chegada repentina. A garota entrou na casa sem dar atenção ao Lee, seus olhos percorrendo rapidamente o espaço onde os amigos estavam alojados. - Bem que Chan disse que esse lugar era caro.
- O que você tá fazendo aqui, maluca? Plena terça-feira chuvosa no Rio de Janeiro, tem o que fazer não? - Fechou a porta atrás de si, observando a morena correr até o sofá e se jogar nele. Um sorriso se formou nos lábios de Minho. Não importava qual casa ou quanto tempo havia passado desde a última vez que se viram; Ryujin sempre aparecia do nada e agia com a mesma intimidade de sempre. Isso era reconfortante. Minho adoraria ver um filme sozinho enquanto devorava esse brigadeiro inteiro, mas não é sempre mais especial quando se tem alguém para compartilhar até as diabetes?
- Chan Hyung disse que faríamos uma noite de jogos. Ele apareceu no restaurante para me convidar e quase teve que lavar a louça para convencer mamãe a me deixar vir até aqui, acredite! Aliás, não precisava ter se preocupado em fechar a porta, ele está na casa do seu namorado gatinho convidando todo mundo para cá. - Minho arregalou os olhos ao ouvir que Jisung estaria realmente ali em questão de minutos, enquanto a garota usava a mesma colher que ele havia usado para pegar brigadeiro. Não havia motivo para sentir nojo; afinal, eles já tinham compartilhado até cuecas após longas noites de bebedeira. Ryujin tinha essa mania irritante de preferir dormir de cueca por achar mais confortável e sempre acabava pegando as do seu melhor amigo ou do Chris, já que frequentemente esquecia as suas em casa.
- Ele não é meu namorado. - Sentou-se no braço do sofá com o prato de brigadeiro no colo. Disse a Ryujin que teriam que dividir a colher, já que ambos estavam com preguiça de buscar outra na cozinha. Era um tanto nojento, mas a intimidade entre eles permitia esse tipo de coisa.
- Vai me dizer que não deram nem um beijinho? - Minho não respondeu, o que fez a garota rir. O silêncio já dizia tudo entre eles. Era óbvio que haviam se beijado; Han não parecia do tipo que gostava de perder tempo, como Ryujin percebeu em suas redes sociais cheias de fotos com vários homens diferentes. O que ele realmente gostava de fazer era aproveitar os momentos, se é que me entende. - Eu vi o Instagram dele assim que saíram de lá, o sobrenome me parece um pouco familiar.
- Ryu, esse cara tem um cheirão de red flag gigante, mas o jeito como ele beija é tão incrível que acaba ofuscando isso. Não é um cara qualquer, entende? Ele tem algo especial. - Disse, um tanto distraído, relembrando o último beijo dos dois. Jisung era realmente diferente, e Minho sabia disso, mesmo que relutasse em aceitar. Era improvável que encontrasse alguém tão talentoso em tudo o que fazia. E, para ser sincero, até nos momentos mais vulneráveis, Jisung mantinha sua confiança e dominava tudo com maestria. Minho estava disposto a fazer quase qualquer coisa para experimentar aquele beijo todos os dias, se fosse possível.
- Quem tem algo especial? - Uma voz feminina interrompeu a conversa dos dois amigos, fazendo-os virar o rosto na direção dela com uma velocidade surpreendente. Yeji estava ali, carregando sacolas de supermercado repletas de salgadinhos, pipoca de micro-ondas, leite condensado e outros produtos industrializados. Logo atrás dela, Jisung também carregava sacolas, mas com uma coleção variada de jogos de tabuleiro. Sua expressão estava carregada de irritação, como se estivesse prestes a esfaquear alguém. Ele jogou as sacolas no sofá sem se importar se algo quebraria e correu para o andar de cima, provavelmente em busca do banheiro. Ele parecia conhecer a casa, já que a que estava hospedado era semelhante. Sorte que não tentou usar o banheiro próximo da cozinha, pois ficaria chocado com a quantidade de tranqueiras guardadas lá, ou poderia até pensar que se tratava de um depósito ou algo do tipo.
- Nada, gatinha, já nos conhecemos? - E assim partiu a melhor amiga de Minho em direção à sua próxima paixão do mês. Passou o braço pelo ombro de Yeji, que estava envergonhada e meio tímida. Ajudou-a com as sacolas, enquanto Minho levava o prato de brigadeiro já vazio até a pia. Por que Han estava tão mal-humorado? Será que tinha feito algo de errado? Nem quando roubou seu chocolate ele ficou assim. De qualquer forma, sabia que esse ressentimento levaria algum tempo para passar, e Minho teria que lidar com isso mais cedo ou mais tarde. Ele xingaria muito Chan por ser tão sociável e planejar coisas para fazer em dias chuvosos. Deveria ser considerado crime fazer isso. Ainda assim, a presença de Han, mesmo que uma parte dele estivesse possuída por algum demônio macabro, era reconfortante.
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COPACABANA - minsung
FanfictionUma simples viagem ao Rio pode reescrever dois destinos opostos 🏅#4 leeknow 🥉#3 minsung