Unificando os pés aos grãos de areia, a leveza consumia cada centímetro do corpo de Minho. Tudo tão ingênuo, como se estivesse ali a longos anos, admirando a vista oferecida pela praia e escutando os berros revoltados de Jeongin por errar o saque.
O Lee não conseguia distinguir bem os sentimentos gostosos que o abraçavam, mas sabia que adorava sentar-se na cadeira de plástico traga por Changbin, escutar as músicas brasileiras e beber um pouco de água de côco. Jisung, em contrapartida, assemelhava-se a um pimentão de tão vermelho. Fazia minutos desde que o carioca começou a procurar a parafina, decidido a pegar uma boa onda, mas de forma alguma encontrara. Questionou Changbin sobre o destinatário da mesma, acabando sem resposta, já que o outro manteve seu foco total na maldita partida de toquinho desde sua chegada.
De longe, os olhos de Minho admiravam a vista do moreno estressado, acompanhando cada reação do outro. Ele se arrastava sobre a areia, vasculhando qualquer vestígio de bolsa traga por seus amigos. Não contente, buscava por algo em baixo da prancha, das cangas, das mesas e até mesmo cadeiras. Por fim, Hyunjin aproximou-se de si e lhe entregou algo semelhante a um sabão, rindo ao notar que, ao em vez de contentar-se, Jisung pareceu ficar ainda mais bravo. Minho realmente acreditou que passar raiva era um passatempo para Han. Sem protestos, Jisung puxou sua prancha de surf e começou a preparar-se para enfrentar a maré repleta de ondas violentas. O paulista não tinha a mínima noção das habilidades de Jisung no surf, sequer entendia bem sobre o esporte, porém algo dentro de si dizia que Han seria o espetáculo do dia. Ele sempre era, de certa forma. Conseguia roubar as atenções onde quer que estivesse. Mal haviam chegado e algumas garotas já o assistiam com o mesmo desejo que consumia Minho, quase como se a atração por Han fosse uma coisa universal.
- Ele te pegou de jeito, né irmão? - O loiro pronunciou, finalmente tirando os olhos castanhos do livro de poema posto em seu colo e os focando em Minho. - Você sempre gostou de desafios, imaginei que abraçaria esse, mas não presumi que te veria tão enlaçado.
- Não tô enlaçado, Felix. - Forçou-se a parar de observar Jisung adentrando o mar, fundido pela coragem e levando consigo todos os olhares possíveis. No fundo, Han sabia que era o melhor e só isso o satisfazia. - Só acho ele gatinho, mas se parar pra pensar, dificilmente alguém aqui discorde disso. - Felix encarou Jisung na primeira tentativa de pegar uma onda média. Falhou, mas não desistiu. Realmente, ele tinha beleza de sobra, mas o mais novo entendia que esse não era o ponto. Felix não achava que fosse só pelo desafio, mesmo sabendo que o irmão não corria de um. Jisung era cativante, tinha uma personalidade forte e extremamente sedutora, como se fosse capaz de encantar qualquer um. Todo esse complô de emoções agia como ímã pra Minho, que obviamente estava sendo muito bem atraído.
- Também o acho lindo e tenho a impressão de que aquelas garotas ali provavelmente concordam com a gente. - Direcionou a cabeça pra dupla de amigas sentadas em cangas de praia coloridas, mãos apoiadas na areia e olhos focados no carioca. Elas tinham corpos lindos, bronzeados como o de Han. Também usavam chapéus floppy brancos, contrastando devidamente com o tom da pele. A morena de cabelos longos trajava um biquíni preto tomara que caia, exibindo a bela tatuagem de serpente próxima aos seios. Já a loira parecia mais reservada, vez ou outra soltava algumas risadinhas modestas e endireitava o biquíni rosa bebê. Minho não sabia se essa atenção delas sobre Jisung realmente o incomodava, mas claramente não devia. Elas eram lindas, quem sabe não ajudassem Han com todo esse estresse, né? Ainda sim, só de pensar, o estômago resfriava.
- Não tenho nada além a dizer, acho que só você sabe a verdade do que sente, mano. - Minho voltou os olhos até Jisung, o assistindo adestrar uma onda perfeitamente. Han parecia ter nascido do mar. Há uma conexão surreal dele com a água, quase como se isso fosse algum tipo de terapia pra si. Ele não enfrentava a maré, mas se fundia à ela. Minho se perguntava quantas coisas incríveis sobre Han não conhecia. O mais velho contou alguns segundos de Jisung em pé, triunfando. Por fim, adentrou a onda e mergulhou já na beira.
Minutos depois, Han reapareceu. Seu corpo inteiramente encharcado, a roupa de mergulho colada, marcando a cintura e os fios escuros brutalmente penteados pra trás. Ele carregava a prancha branca com detalhes pretos impossíveis de reparar bem devido à distância. Ao notar Minho o observando, sorriu e gritou:
- E aí, babaca, assistiu meu arraso? - Naquele breve momento, o coração de Minho disparou pela primeira vez em longos anos. Felix estava certo, havia algo a mais. Todos os momentos em que Jisung demonstrou não estar dando a mínima pro que Minho pensava, as extravagâncias e manifestações nervosas significavam algo a mais. Jisung era divino, mas não só isso. Entre as linhas e parágrafos desperdiçados, algo único se concebeu na simples história dos dois. Ainda que impossível saber o que, por enquanto, já era um avanço enorme descobrir que sempre houve algo a mais. Maldito Felix e sua paranóias convincentes!
- Eu avisei. - O Lee mais novo não evitou em sorrir de canto. Minho não mudara nada. Sempre seria uma criança determinada a ter o que queria, mesmo entendendo o tamanho da dificuldade. Talvez, a dificuldade até fosse a melhor parte.
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COPACABANA - minsung
Fiksi PenggemarUma simples viagem ao Rio pode reescrever dois destinos opostos 🏅#4 leeknow 🥉#3 minsung