eu gosto do seu jeito

3.7K 565 574
                                    

Minho permitiu que Han o guiasse para onde desejasse, mesmo que isso implicasse ser trancado em um banheiro apertado ou largado sozinho em um quarto qualquer. Naquele instante, ansiava apenas prolongar aquele contato, suplicando silenciosamente ao senhor tempo por mais uma oportunidade, mesmo que talvez não a merecesse. Han, por sua vez, emanava certa inquietude, como se houvesse descoberto o segredo da existência e estivesse a ponto de revelá-lo a Lee. Abrindo abruptamente uma porta de madeira, deparou-se com o quarto de Minho, talvez reconhecendo-o pelas roupas bregas que Han jamais usaria, espalhadas sobre as malas de viagem, e pelo aroma envolvente de canela, café e maçã que impregnava o ambiente. Jisung adentrou quarto, puxando todo o ar que conseguia pra sentir o cheiro mais forte. Adorava canela, ainda mais quando estava em conjunto com a melhor combinação do mundo. Minho devia ter um incenso escondido por aí, não tinha nenhuma outra explicação pro cheiro tão forte. O paulista juntou-se a Han, ainda prendendo suas mãos, e fechou a porta atrás de si com a mão livre. Han finalmente olhou em seus olhos e não disse nada, permanecia inexpressivo, mas ainda movimentava os pés com ansiedade, como se tivesse algo importante entalado na garganta, pronto pra ser cuspido fora.

- Eu sinto ciúmes de você com a Ryujin. - Confessou, revelando um desgosto profundo. Minho soltou um suspiro e, então, desatou a rir, uma risada tão intensa que o fez sentar na cama para recuperar o fôlego. - Do que está rindo, idiota? Isso é sério. - Advertiu Han, embora sua expressão já não fosse tão rígida. Ao ver o paulista rir e agir como um tolo, Han sentiu uma vontade inexplicável de se juntar àquela tolice.

- Ji, cê me trouxe até aqui, mão suando, só pra soltar a mesma que todos os meus outros pega já soltaram em algum momento? Pensei que tu ia mandar um papo tipo "sou da máfia, vamo nessa" e depois me dar um susto, seu bobo. - Provocou, aproximando-o, a mão jogada de forma casual em sua cintura, olhando nos olhos castanhos tingidos de raiva. Han não gostava de sentir-se um tolo, mas admitiu que talvez fosse compreensível as pessoas sentirem ciúmes de Ryujin com Minho, afinal, os dois eram verdadeiramente inseparáveis. Ciúmes não era uma emoção que Han costumava entender ou tolerar, sempre pulando fora ao menor sinal de insegurança em seus relacionamentos anteriores. No entanto, como já afirmara antes, Minho era uma exceção infeliz.

- Sei lá, Lee. Não curto essa parada de ficar agindo possessivamente ou tendo atitudes como se fosse uma pessoa insegura, saca? Bati um papo com o Seungmin e meio que saquei que, se a nossa parada for ficar de beijinhos na praia ou dançando juntos em lugares onde eu sou conhecido como "pega e não se apega", talvez seja preciso trocar uma ideia melhor, mesmo conhecendo você há tão pouco tempo. - Falou sério, sentindo um arrepio percorrer sua única espinha quando Minho começou a acariciar sua cintura sobre a roupa. O paulista permanecia sentado na cama, com os braços estendidos sobre o carioca, o olhar voltado para cima na tentativa de encontrar os olhos de Jisung. As pernas de Minho entrelaçavam-se nas canelas de Han, quase como se estivessem se abraçando. A despeito das constantes implicâncias, pareciam um casal. A posição era praticamente involuntária, tão imersos no diálogo que mal percebiam o nível de intimidade que estavam atingindo.

- Tranquilo, desculpa aí pela risada, cara. Olha, de boa, nunca rolou e nem vai rolar nada com a Ryu, é só uma amiga mesmo. Mas, tipo, essa parada que você tá sentindo meio que mudou o rolê entre a gente, correto? Não sei se tá ligado no que tô falando. - Hesitou um pouco em abordar a real natureza deles, o que seriam ou poderiam ser, mas não dava mais para ficar com essa incerteza na cabeça sobre se deveria ou não beijar Han novamente. Queria beijá-lo todos os dias, dançar juntos em mais rodas de semba, devorar um podrão da esquina, mesmo que Han tivesse grana para comprar o carrinho de cachorro-quente e tudo que acompanhasse. Queria percorrer a praia ao pôr do sol, batendo papo sobre futebol, embora soubesse que o outro provavelmente torcia para o time rival. Desejava viver o verão ao lado dele, sem se preocupar com a despedida que inevitavelmente corroeria o peito, sem antecipar as lágrimas que cairiam durante a viagem, ou pensar nas que seguraria enquanto abraçasse Jisung pela última vez.

COPACABANA - minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora