um amor tão grande que nem sabe a força que tem

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Uma brisa quente envolvia toda a casa de férias, enquanto as malas eram preparadas em meio à agitação. Poucos dias haviam se passado desde o Natal. Depois da reunião caótica pra revelar os amigos secretos, fizeram o típico e animado churrasco, repleto por boas conversas na tradicional mesa ao ar livre. Por fim, escolheram virar a madrugada no gramado, contemplando o espetáculo proporcionado pelo sol.

O tempo corria rapidamente, levando consigo a tranquilidade que anteriormente inundava o ambiente. A partida estava marcada para o primeiro dia, malas prontas, corações apertados, mentes distantes. Minho se via diante da incerteza, indeciso entre ficar mais um pouco e mudar seu desfecho com Jisung ou partir. Não é como se ele tivesse muitas opções, mas e se ele desse uma de doido? Como Han Jisung sempre fala. Minho nunca tinha experimentado uma paixão como a que sentia por Han; nunca tinha sequer considerado deixar sua terra e sua família por alguém. Claro que os gatos eram intocáveis, mesmo que precisasse levá-los num avião. Ah, como ele detestava encarar aquela mala, com a camiseta do Corinthians que Jisung notou logo na primeira visita ao seu quarto e o zoou por isso. Não conseguia encarar essa decisão. Não agora. Não quando não tinha certeza se era realmente a coisa certa a fazer.

- Minho. - Uma voz feminina o chamou, e ele ergueu os olhos para encontrar Ryujin, que o encarava com uma expressão tristonha. Aquele olhar de pena, o mesmo que ela lançou a ele quando levou um fora daquele cara que ele estava louco para ficar desde o primeiro post no Instagram. Levou um fora porque o cara achou que Minho tinha um lance com Ryujin na época em que ela começou a enfrentar problemas com a ex, e Minho a acolheu em casa. Tempos difíceis.

- Eu? - Engoliu em seco, levantando-se e deixando a mala para trás.

- Subi para ver como você estava, e agora que percebi que está péssimo, posso dar o fora. - Riu, tentando aliviar a tensão, mas contrariando suas palavras ao entrar no quarto. Ela se sentou na cama com os lençóis bagunçados, observando Lee como se tentasse decifrar o que se passava em sua mente.

- Engraçadinha. - sentou-se ao lado dela, apoiando a cabeça em seu ombro em busca de todo o consolo possível. Minho sempre foi o porto seguro de Ryujin, independentemente do lugar ou hora. Mesmo quando ela se mudou para o Rio para trabalhar no novo restaurante da família, ele continuava enviando mensagens reconfortantes à noite, insistindo que podia contar com ele sempre que precisasse, seguidas por uma figurinha de gatinho mandando beijos. Esse era Lee Minho, o protetor. Mas quem cuida daquele que está sempre cuidando dos outros? Raros eram os momentos em que ele mostrava vulnerabilidade, e esse era um desses momentos. Ryujin respirou fundo e acariciou seus fios loiros.

- Você gosta mesmo dele, né? - Ela olhou pra cima, segurando as lágrimas. A situação dos dois era realmente muito triste.

- Ryu, já teve aquela sensação de se sentir imponente? Ultimamente, só tenho me sentido assim. Se eu decidisse pegar agora um voo para São Paulo, chegasse em casa, levasse meus gatos e desse um beijo de despedida na minha mãe. Alugasse um apartamento na Tijuca, encontrasse o Han todos os dias. O que eu faria depois? E os meus amigos? E o emprego? E o curso? E minha mãe? E meu irmão? Sabe, até posso viver aqui, mas como seria sem conseguir trazer São Paulo comigo? Por mais que tenha as oportunidades, parece que não posso fazer nada com elas quando as consequências são tão dolorosas. Mesmo gostando do Han, não faz sentido enlouquecer sem considerar as possíveis consequências. No entanto, quando olho para ele, surge essa vontade louca de arriscar, de começar do zero, de reviver ao lado dele. Fico pensando se ele faria o mesmo por mim. - Minho solta uma risada entre o choro, sentindo as mãos de Ryujin percorrerem seu rosto, enxugando as lágrimas. - Papo reto, nem sei mais o que estou falando.

- Zé, lembra quando 'cê começou a cursar Direito? Todos ficamos radiantes porque você passou, rolou até uma festinha na sua casa. Era o assunto de todos: Lee Minho, o futuro advogado. Noites sem dormir, estudando para as provas, nos viamos pouco, você imerso nos estudos e lendo sei lá quantos artigos para o seminário da aula do seu professor chato. Só que, aí, você perdeu o brilho por Direito. Não era seu curso, você sabia disso. Foi quando Chan te falou sobre Fisioterapia, te levou para o lugar onde ele trabalhava, e você se apaixonou. Seus olhos brilhavam, e você só me mandava mensagens sobre como adorava seu estágio quando finalmente conseguiu um. - Ela sorriu, observando-o levantar os olhos para ela, sem entender completamente o que ela queria dizer com aquilo.

COPACABANA - minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora