🩸: a voracidade de um recém-criado e adão e eva

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atenção: violência extrema 🩸

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Quando abriu os olhos, e os abriu com bastante voracidade, sua carne queimava como se estivesse sobre o grill de uma churrasqueira. Sua pele estava sensível e dolorida, gritando por acudo diante daquele sol matador.

Esticou o braço diante de seus olhos e arregalou os olhos com o que viu. Veias saltavam de sua mais nova palidez anormal como tiras de tinta prestes a explodirem dentro de si. Suas tatuagens estavam mais visíveis do que nunca, como se tivessem acabado de serem feitas, fortificadas em cada mínimo contorno e detalhe. Até mesmo as que antes estavam foscas pelos anos brilhavam lindamente sob a luz solar.

No entanto, a exposição doía como o inferno. Ele precisava fugir dali.

Ao redor de si uma enorme poça de sangue jazia abundante. Sentia-se vazio e com fome. Gerard não estava lá, Gerard o havia abandonado. O havia transformado e desaparecido como um fantasma. Foi arquitetado. Desde o início. Dos vampiros o procurando ao redor do mundo todo até aquele encontro no hotel. Ele o estava punindo.

Mas que tipo de punição era aquela, que saltava seus olhos tamanha beleza?

Via as cores muito mais vibrantes do que antes, a propagação da onda eletromagnética viva no ar. Refração. O comprimento das ondas de luz mudando, a sua frequência mais e mais constante. As janelas dos prédios, refletindo outros prédios, pequenas lantejoulas brilhantes entre eles. Não conseguia entender muito bem todas as coisas que via. Precisaria de mais tempo para assimila-las.

O céu azul, no entanto, estava fora de seus limites. Seus olhos queimaram quando tentou olhar. Colocou um braço sobre o rosto instintivamente, para esconder os olhos daquela poderosa estrela flamejante.

Reuniu força e rastejou-se até o elevador, onde apertou o número 27. Quando a porta se abriu, jogou-se lá dentro como um embriagado faria. Notou que sua pele logo começou a mudar, a voltar ao normal. Até mesmo as tatuagens perderam sua cor vivida. Seu corpo não estava mais quente, suas veias desinchavam.

Poderia mentir para si mesmo, dizer que era como um humano novamente, não fosse o instinto animal pungente crescendo em seu peito e o alertando de que sua mente não estava mais no mesmo lugar.

Aqueles pequenos dentes afiados em sua boca o chamaram a atenção, pois não os tinha notado antes, e quando passou a língua muito rapidamente sobre eles, sentiu que havia se cortado, mas não sentiu gosto de sangue, pois não havia sangue em seu corpo, não havia nada.

Quando a porta se abriu na grande sala, avistou aquela mulher. Ela parecia confusa e grogue, havia acabado de acordar.

A reação do vampiro foi arrebatadora. Ele nunca havia sentido nada como aquilo na vida.

Era uma besta faminta, e aquela pobre e esguia criatura seria sua primeira vítima.

"Me desculpe, eu passei a noite com você? Não consigo me lembrar..." Ela pausou e olhou propriamente para Frank, para o sangue em sua roupa, em seu corpo, seco e vazado de seus ouvidos, nariz e olhos. Suas órbitas amendoadas cresceram e mostraram uma expressão aterradora, como se ela soubesse que estava em apuros. Mas se manteve estática, em choque, ou talvez apenas esperando pelo ataque inevitável.

Frank não queria que isso acontecesse dessa forma, mas ele sabia, ele sabia que um vampiro recém criado e sem instruções não tinha estribeiras, e que aquela mulher já estava morta quando aceitou o convite de Gerard na noite anterior.

Avançou sobre ela de uma maneira que deve ter sido imperceptível aos seus olhos humanos, de uma maneira que nem mesmo ele entendia ainda. Circundou um braço ao redor de sua cintura magra e apertou tão forte que sentiu e ouviu algo se quebrar dentro dela. Seus braços longos e esqueléticos paralisaram no mesmo instante e seu corpo ficou mole, no entanto, seus olhos permaneceram vidrados no teto, como um cordeirinho assustado, enquanto o monstro abria a boca insaciável e abocanhava seu pescoço quente.

my sweet vampire † frerardOnde histórias criam vida. Descubra agora