🩸: o que um vampiro faz com a eternidade?

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O que um vampiro faz com a eternidade? Frank pensou, enquanto passava por uma multidão de vampiros raivosos e triunfantes - Håkon estava de joelhos, cercado por outros vampiros, clamava por misericórdia.

A eternidade terminaria naquela noite para aquela criatura. Faltavam menos de cinquenta minutos para o alvorecer, o que fosse acontecer ali teria de ser rápido - não obstante da merecida crueldade, é claro.

Quem aquela pretensa criatura superior havia sido em seus dois mil anos de existência? Será que se pudesse ver o seu eu do passado se reconheceria? Ou ficaria muito abismado com o que havia se tornado?

Será que por séculos e séculos planejou o domínio sobre todos os vampiros? Ou tudo não passou de um pensamento momentâneo - transformado em uma epifania megalomaníaca?

Talvez Frank não fosse o único a se perguntar, certamente não era; de qualquer maneira, aquilo não entraria para os livros de história. A motivação era irrelevante diante do resultado.

As mãos de Håkon estavam juntas, presas com algemas de prata, assim como seus pés. Elas o mantinham em dor profunda, pois eram extremamente apertadas e queimavam sua pele com deleite.

"O que houve com Dragomir?" Ele perguntou, manso como um cachorro muito bem adestrado. Encarou o corpo inerte do parceiro, ao lado do de Timmy, com verdadeiro anseio. "A cabeça dele... de repente..."

"Eu a explodi, Håkon." Frank disse, no silêncio cortante da madrugada. A brisa era fria, balançou os cabelos de todos os presentes. "Olho por olho, dente por dente. Essa não é uma coisa do seu tempo?" O velho vampiro permaneceu calado, enquanto Frank andava ao redor dele, com o livro preso ao seu estômago. Gerard estava perto, assistindo tudo com expectativa. "E o outro," Abriu algumas páginas de seu grimório despretensiosamente, apontou para algo específico e franziu o cenho enquanto virava a página para ele - Håkon a leu rapidamente, e ergueu as sobrancelhas em assombro - sua expressão era impagável. "Suguei todo o sangue dele. Coisa de vampiro, você sabe." Sorriu docilmente enquanto falava, para o terror do inimigo.

"Tenham piedade! Sou o vampiro mais velho entre todos vocês. Precisam de mim. O que será de todos, se eu não estiver mais aqui?"

Aquele clamor não surtiu efeito algum.

Houveram vaias.

"Besteira. Isso é o que vocês dizem. Ninguém sabe se a linhagem mais antiga realmente foi extinta. Podem estar em qualquer lugar." Uma vampira disse, enfurecida como Lýssa, a Deusa da ira.

"Aquele que Dragomir matou, Timothée..." Um vampiro desconhecido iniciou. "Disse que já tinha vivido demais. Que a maioria de nós viveu demais. Você está aqui há 21 séculos. O que fez por todos nós, a não ser ordenar que outros matassem dezenas do nosso povo sistematicamente por quase um século? Aquele vampiro merecia viver todos os séculos em que você enganou a morte! É como um Iságoras!"

"Criatura covarde e inútil!" Outra vampira gritou de algum lugar.

Vampiros e mais vampiros surgiram da floresta, com as cabeças sangrentas dos adversários em mãos. Eles as jogaram de qualquer forma sobre Håkon, uma após a outra, caídas aos joelhos dele, em seu rosto, em suas roupas, manchando-o com o sangue daqueles que preferiram segui-lo e protegê-lo.

Bem, nem tanto assim se haviam fugido na primeira oportunidade. Pete pensou assim que viu aquelas expressões congeladas e secas no chão.

Isso não o afetava. Ele não se importava com aqueles vampiros. Seu verdadeiro temor concentrava-se em sua própria vida; era fascinante, seu ego não era tão grande quanto o seu medo. Era de se esperar que fosse o contrário.

my sweet vampire † frerardOnde histórias criam vida. Descubra agora