31 de outubro de 2022
52 se fosse humano.
16 como vampiro.
Mas 32, eternamente 32.
Frank vestiu um sobretudo e um capuz por cima de suas roupas. Agasalhou-se por inteiro, colocou botas de cano alto, luvas longas e óculos de sol.
Eram dez da manhã. Esperava poder atravessar as colinas descongeladas até a casa da bruxa mais uma vez.
Todos ainda dormiam quando deixou a residência e abriu uma enorme e sofisticada sombrinha sobre si, o sol estava forte e impiedoso como sempre naquela primavera. Usou de sua velocidade para chegar mais rápido em seu destino; embora estivesse protegido e soubesse que suas veias estavam sob controle, algo queimava dentro de si. Uma queimação leve, como se estivesse debaixo de um chuveiro em temperatura elevada. Era enervante, mas bom... por tempo limitado.
Quando alcançou a casinha no meio da floresta, bateu na porta um tanto quanto desesperado até a mulher abrir; ela o fez cautelosamente, como se estivesse se preparando para lidar com um lunático, tamanha aflição do lado de fora; fez um vinco entre as sobrancelhas quando percebeu quem era, parecia uma enfermeira em busca de um braço amputado.
Desta vez seus cachos pretos estavam presos em um coque com tiras aos lados. Usava um vestido branco de algodão, com amarraduras bem feitas ao redor dos seios. Um tipo diferente e mais confortável de corset à envolvia no estômago, e uma sapatilha preta - que muito se parecia com a de uma bailarina - enfeitava seus pés pequenos em laços que iam quase até o joelho. Suas unhas estavam grandes e pontudas, mas desnudas de qualquer pintura.
Ela o olhou em descrença e o puxou pelo braço para dentro, fechando a porta e a janela com rapidez. Frank selou o guarda-chuva imediatamente.
"O que traz um vampiro tão cedo à casa de uma bruxa?" Ela o indagou, com curiosidade, e consternação também. Seus olhos lilases piscavam lentamente em sua direção.
A escuridão logo tomou conta do ambiente. Ela estralou os dedos e o interruptor ao lado da porta mudou de posição, ligando a lâmpada logo acima de suas cabeças.
Frank entortou o nariz, um cheiro muito estranho emanou da cozinha em direção às suas narinas; algo detestável escondido pela cortina laranja. Tinha se esquecido. Halloween. Bruxas. Apertou os lábios em desgosto.
"Já li a maioria dos livros que você indicou. Mas..." Apertou o guarda-chuva em suas mãos nervosamente, a bruxa franziu apenas uma sobrancelha, esperando que ele continuasse. "Hoje é meu aniversário. E quero surpreender os meus amigos. Li algo em um dos grimórios que me chamou atenção. Mas não consigo fazer, sei que não consigo, estava escrito que para uma demonstração grandiosa como aquela eu precisaria de mais magia, magia inteira, pura, e eu simplesmente não a tenho. Sei que é porquê sou meio mago." Gesticulou em direção à si mesmo, com certa decepção.
A bruxa suspirou. "Isso é verdade, sua magia é apenas boa, mas jamais será espetacular. Não que isso importe, para quem não tem magia, qualquer magia é brilhante. Não se convença do contrário. Estará se auto proclamando medíocre. E você não é medíocre. Faz o que pode, e o que pode é o suficiente." Ela disse, caminhando até o sofá, onde se sentou de lado com uma perna sobre a outra. "Mas me diga, que tipo de magia quer mostrar à eles?"
"Primeiro, pensei em projetar os signos deles no céu, depois pensei em desenhar o rosto deles, não sei, algo que os representasse. Fiz esboços, para que não ficasse uma grande porcaria, só que... isso tudo soou tão estúpido quando parei para pensar melhor. Quero dar algo extraordinário à eles." Olhou brevemente para a cozinha enquanto falava. Havia sangue, muito sangue, carne queimando, uma panela fervendo. "Algo bom de verdade."
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my sweet vampire † frerard
Roman d'amourFrank é filho de um caçador de vampiros. Gerard é um vampiro. Uma história sobre amor e ódio, a passagem do tempo e os problemas de ser um vampiro no século 21.