2020/2021
Frank pensou que aquele seria o fim da humanidade.
Uma doença desconhecida alastrou-se pelo planeta como uma praga sem precedentes.
Milhares de pessoas enfermas, centenas mortas.
Os vampiros estavam sendo cuidadosos ao escolher suas vítimas pois ninguém sabia ao certo como aquele sangue os afetaria; Sally determinou então que trouxessem os não infectados desacordados em hordas para a mansão, onde infelizmente seriam drenados até a morte. Seus sangues coletados e colocados em sacos - recipientes estéreis e transparentes - e deixados em congeladores.
Alguns diziam que aquilo já havia acontecido inúmeras vezes ao longo da história, períodos críticos e assustadores para a humanidade e para os vampiros que se alimentavam deles.
Peste Negra, Varíola, Cólera, Gripe Espanhola - e agora, o coronavírus.
Embora o racionamento fosse um saco e todos estivessem rangendo as presas de puro estresse, não havia muito o que se fazer.
Mikey mesmo havia sido vítima da varíola; e havia visto diversificadas formas de epidemias e pandemias ao longo dos séculos, para ele isso logo passaria. Timmy recordava-se de ouvir sobre a gripe espanhola quando era menino; aquilo era novidade apenas para Pete e Frank, os únicos naquela casa que jamais haviam visto tal coisa em nível mundial antes. Lembravam-se das crises de sarampo nos anos oitenta, mas não era nada comparável com o que estava acontecendo agora.
Absorveu o medo que viu nos noticiários como se fosse mais um simplório ser humano desamparado; talvez isso partisse de seu gênio interior, implorando para pertencer à algo que não mais pertencia. Tinha apenas trinta e dois anos, seu cérebro e corpo haviam estacionado ali, mas teria quase cinquenta se Gerard não o tivesse enganado naquele terraço. Era uma crise de meia idade? Ele não tinha certeza.
Começou a fazer exercícios nos corredores periodicamente, os outros riam dele, sem entender a razão daquilo tudo. Dava cambalhotas no chão e no ar, saltos, fazia abdominais, plantava bananeiras com uma mão só, fazia até estrelinhas e agachamentos.
Surpreendeu-se uma noite ao se observar no espelho de seu quarto, pois viu pequenas camadas de músculos se formando em seu estômago; jamais havia conseguido aquilo como humano, o ócio estava, de fato, sendo benéfico.
"Vamos precisar montar um ringue para o nosso Jackie Chan aqui." Brincou Pete uma vez, de modo afetuoso.
No entanto, para o seu infortúnio particular, estava longe de ser um bom lutador, o que o fazia pensar em Gerard na montanha, seus olhos desacreditados, a maneira como o enxergava de maneira insignificante. Ah...Gerard! Maldito furtador de sonhos; a cada par de meses ele aparecia em sua inconsciência.
Na montanha e na casa da floresta, as vezes seu quarto em Chicago, quando ainda era caçador, ou naquele maldito hotel, sempre falando os mesmos absurdos irracionais, mas nunca concretizando suas sandices; estava enlouquecendo com tantas ereções frustradas assim que abria os olhos.
Os meses se passaram e outro ano chegou, viu vacinas serem aplicadas em alguns países e rejeitadas em outros, por motivos incompreensíveis para ele, os humanos não deveriam estar desesperados pela cura, ele se perguntava; e a resposta era tão simples e ao mesmo tempo tão complexa que o deixava perplexado.
"Fascismo. Manutenção do status-quo, ideologia dominante." Timmy o explicou uma noite. Seus olhos dóceis o encaravam consternados. "Se for conveniente aos vermes de direita, massas cansadas serão conquistadas por seus discursos fáceis. Sem perceber, caminharão em direção à morte. Não se importam com vidas; se importam com seus egos feridos e suas virilidades machucadas. São canalhas de alto comando."
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my sweet vampire † frerard
RomansFrank é filho de um caçador de vampiros. Gerard é um vampiro. Uma história sobre amor e ódio, a passagem do tempo e os problemas de ser um vampiro no século 21.