Capítulo 4

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Tiana

Espero a Ayres amarrar a lateral do meu vestido, tá um pouquinho rasgado, mas eu não vou deixar de curtir o baile por isso. Nasci pelada, roupa é só acessório, então eu vou curtir o baile toda maltrapilha mesmo, faz mal não. Ela amarra os fiapos soltos, quando ela solta, desfaz tudo, então ela desiste.

Eu: Deixa assim mesmo então, se rasgar mais, eu fico pelada - ela tenta amarrar de novo, mas eu puxo a perna - Deixa, amiga! Olha aí se já caiu o pagamento no nubank, quero ver mesmo se ele vai mandar o dinheiro pro meu vestido de grife.

Ayres: Eu senti a vibração aqui no meu priquito, será que o tigrinho pagou? - eu vou pro lado dela, jogando meu cabelo pra trás, enquanto o baile rola aqui em baixo - Tiana, sua vagabunda! Caiu 10 mil na minha conta, piranha! - eu pulo com ela e dou risada - Foi a maior quantidade de zero que a minha conta já teve, meu Deus!

Eu pulo, sentindo as pedrinhas perfurando meus pés, porque eu tô descalça. O safado meteu a maior marra pra cima de quem? Logo da Tiana, eu duvidei, mas ele ficou na postura e naquela calma irritante, quando pediu o pix, eu fiquei bem desconfiada. Passou as mãos nas minhas coxas, eu fingindo acreditar na bondade dele, ele tava era se aproveitando, mas eu reclamo? Não reclamo, eu amei, ainda lucrei com o vestidinho rasgado. Obrigada, vagabundo que me atropelou!

Eu: Ayres, ele é rico mesmo! - bato no ombro dela e grito sem emitir som - Meu vestido de grife rasgou e ele bancou outro, que homem!

Ayres: É rico porque é o dono, eu não conheço de rosto, mas sei que o vulgo é Sanches - eu olho pra ela e franzo o rosto, vendo ela confirmar - E deixa de ser fingida, porque fui eu que te dei esse vestido, custou 50 reais, sua vaca!

Eu: Lucro foi grande então, lucrei muito - abaixo meu vestido rasgado e dou risada - A gente vai fazer a partilha, vou te dar 2 mil, fico com 5 mil pra mim e o resto a gente faz de compras pra casa - ela dá risada e eu pulo, jogando minha bebida pra cima - Eu tô rica!

Passo as mãos no rosto e não consigo parar de rir, pobre ganhando dinheiro é evento pro mês inteiro. Eu curto mesmo, tem gente que gosta de ser orgulhoso, eu não julgo, até acho invejável o tamanho do amor próprio. Mas eu não nasci assim, eu faço o que tenho vontade, ganhar dinheiro de homem não significa ser puta, significa ser inteligente. Dar de primeira? Se eu tiver vontade, eu dou com gosto, dou horrores e mato a minha vontade, tem essa não de ser recatada e dar depois, isso só faz perder grandes oportunidades. Mas, às vezes, é bom pagar de difícil, só tem que saber os momentos certos pra isso, eu sempre acho bom fazer isso depois de uma chave de buceta, aquelas bem dadas!

Ayres: Eu vou ganhar dinheiro também? - eu ajeito os cachos dela, confirmo e ela me abraça rindo - Vou dar entrada na PCX da Tifanny, ela disse que tá sendo tão pressionada pra vender, agora ela vai ter que passar pro meu nome.

Eu: Bota dinheiro na mão da piranha e ela abaixa até o valor - ela mexe no celular, transferindo o dinheiro pra minha conta - Essa foi a primeira vitória do meu dia, porque hoje eu tirei o dia pra tomar naquele lugar, foi só botadão no fundo da Tiana, mas o Sanches salvou a minha noite - sussurro o nome dele bem baixo, porque as más línguas falam muito.

Me acabo no whisky com gelo de coco, tá eu e a Ayres dividindo o mesmo corpo, porque a gente tá com pena de gastar o nosso dinheiro. Sempre fui econômica, pobre sempre tem que economizar, não é agora que eu tô rica, que eu vou sair gastando tudo.

Passo a mão pela boca, sentindo tudo suado e a agitação no meu peito, pulo no ritmo do funk e dou risada, sentindo o esbarrão que a menina dá em mim. Ela que se esbarrou em mim, mas eu que pedi desculpas, porque tô muito feliz e de novo eu digo, obrigada, Sanches!

Por uma BucetaOnde histórias criam vida. Descubra agora