Capítulo 15

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Sanches

Passo a mão no peito sem camisa, sentindo a pele fria e os pelos espetando minha palma grossa. Fico parado na frente dela, que tá sentada e pego minha camisa, enfio os dois braços dentro da minha polo azul e viro pro lado certo, deixando a linha lateral no avesso. Coloco os braços de novo e visto, sentindo o aperto na cintura, quando a Tiana fecha meu cinto preto de couro. Espero ela colocar o ferro dentro do buraco pequeno, enquanto eu ajeito o cabelo dela pra trás, penteando com os dedos.

Pablo: Sanches, é pra pousar no terraço da casa ou na quadra? - eu olho pro lado, vendo a cabine sendo aberta depois de uns segundos - 2 minutos pra aterrissagem.

Eu: No terraço, a quadra tá interditada - ele mexe na camisa social branca e olha pra Tiana - Olha pra mim, Pablo - falo baixo e o cara mais velho desvia o olhar - Pousa no terraço, entendeu?

Pablo: Entendi - eu espero ele sair e olho pra Tiana sentada no assento de couro - 1 minuto e a gente desce.

Ele sai do cômodo e o piloto se vira por cima do ombro, balançando a cabeça na minha direção, olho por um tempo e desvio, pegando na mão da Tiana. Uma coisa que eu não gosto é de gente querendo saber demais, não gosto que olhe muito, não é porque sou bandido e sim porque ninguém tem que saber de nada. Vai pagar minhas contas? Vai sustentar a bronca da minha vida? Não vai, então não olha muito que eu não gosto. Com certeza ele sabe do que aconteceu, porque o cheiro de sexo paira no ar, mas ele saber é uma coisa, só não quero que comente.

Eu: Vamo pro banco da frente ou tá com medo de andar? - ela segura na minha mão e eu fico em pé, esperando ela criar coragem - O que foi?

Tiana: Assim, eu sei andar, mas não tenho tanta prática, sabe? - eu franzo o rosto e ela tira um fio de cabelo do rosto, dando um meio sorriso - Não sei andar direito nesse salto, aí eu fico com medo de cair na frente dos outros.

Eu: Tu falou que eu tinha acertado no presente e ainda queria mais, mas nem sabe usar - ela dá risada e eu me abaixo, me apoiando nos meus calcanhares - Deixa eu tirar então, apoia aqui - bato na pontinha do joelho e ela joga o cabelo pro lado, trazendo o pé pequeno pra cima da minha coxa - Tem que comprar tênis agora.

Seguro no salto de veludo, tirando a correia de dentro do ferrinho, ouvindo o barulho da aeronave ficando mais alto perto do pouso. Ela pega no celular e mira na minha direção, eu pensei que ela tava tirando foto, mas só tá mexendo mermo.

Tiana: Mas não pense que eu não sei, porque eu sei - ela passa a mão no nariz e dá risada, segurando na minha mão pra se levantar - Deve ser o peso da marca, sou acostumada com grife, mas não é pra tanto - eu olho pra ela e dou risada - É sério, San San.

Ela fala comigo e eu fico rindo, fala muito, chegou tímida no meu carro, quase não falou comigo, mas já tá soltinha de novo. Nem parece a barraqueira que eu conheci, mas eu sei que ela tá aqui, só tá adormecida. Seguro na cordinha dos saltos, olhando ela falando com as mãos, tá sempre gesticulando e o rosto expressa muito também. O sinalzinho, em cima da boca, mexe o tempo todo, porque ela não se cala.

Eu: Entendi, mas é melhor o tênis pra não machucar o pé, né não? - ela olha pra baixo e depois sobe os olhos pretos na altura dos meus, mexendo o nariz pequeno - Eu mando comprar outro então, só falar qual tu quer e eu compro - ela desvia o olhar pro outro lado e eu percebo que ela tá rindo, mas em silêncio - O que foi? - ela abaixa o olhar e eu sorrio, mas desvio a atenção pro celular vibrando.

Tiana: Vencer, vencer  vencer - ela fala baixo e eu pego o celular no bolso - Tiana tá como o hino do Flamengo, voando alto igual o Poze - desbloqueio o celular e ela fica falando.

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Bacu: Meu pai.
Bacu: Chegou rios aqui na minha casa.
Bacu: 2 milhões da facção, eles mandou avisar que vai ter reunião antes de tu voltar.
Bacu: Onde eu coloco os 2 milhões?

Por uma BucetaOnde histórias criam vida. Descubra agora