Capítulo 19

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Sanches

Coço meus olhos, sentindo o alívio depois de ter dormido a noite toda, apaguei no sofá, com meu pai roncando, mas eu tava tão cansado, que dormi do mermo jeito. Apoio o punho fechado do lado do meu corpo, vendo ele dançando com uma latinha de cerveja, em plena luz dessa manhã de quarta feira. Quando eu ficar velho, a minha meta é viver igual a ele.

Rael: Sente aqui comigo no sofá e vamos conversar, é hora de abrir o jogo - ele canta logo cedo, tentando me puxar pra dançar - Nosso amor tá indo de água a baixo, se deixar virar relaxo, temporal apaga o fogo - eu dou risada, vendo ele com a mão no peito, dançando no meio da sala - Por que você não olha nos meus olhos? - ele aponta pros olhos e eu me afasto, sentado no sofá.

Eu: Canta pra caralho - ele se mexe, me puxando pra levantar e eu levanto, deixando ele me rodar - Vai atacar a labirintite nessa porra.

Rael: Você se esqueceu, que dentro dessa casa eu existo, que em 92 casou comigo, por isso exijo uma explicação! - ele me abraça, me levando pro meio da sala - Se sou eu quem te incomoda, pra te fazer feliz fiz o que pude, mas os incomodados é que se mude, você quem vai tomar a decisão!

Eu: Decida se vai embora ou fica comigo - eu canto baixo e ele dá risada, dando um beijo no meu rosto - Ainda são 6 horas da manhã e tu tá nesse pique? Chá de buceta levanta até defunto mermo.

Rael: Eu sou rico, porra! Rico tem motivo pra ficar triste? Tem porra nenhuma - ele passa a mão na barba branca, me levando pra cozinha - Sorte sua que hoje não é dia de Pablo, mas se bater neurose, eu canto.

Eu: Não superou a minha mãe ainda, né? - bato nas costas dele, ouvindo a risada grossa - É foda, fica com um monte aí na rua, mas não supera a coroa.

Rael: Eu choro todo dia antes de dormir, não como direito, porra, tô triste demais! - eu puxo a cadeira e me sento, colocando o celular com a tela virada pra baixo, em cima da mesa - Vivo a sonhar com você, eu quero ser feliz! - ele abaixa mais o short preto e me olhando rindo - Meu coração é amor, desejo e paixão!

Só ele pra animar minha manhã desse jeito, porque hoje vai ser mais um dia pra eu me fuder todo, mas ainda tá começando, porque eu deixei pra resolver os problemas nos últimos dias livre. Vou conversar com a Soraya hoje de novo, dessa vez vai ser pra saber a real do meu caso e eu nem posso decidir nada ainda, porque tenho reunião com a facção, um dia antes de voltar. Mas só vou quando mandarem meus 3 milhões, longe disso, não tem conversa. Tenho tudo nas mãos e nada ao mesmo tempo, é foda.

Rael: Come aí e depois vem pra sala, vou te mostrar um funk - ele me entrega o prato cheio de coisa e eu faço toque com ele, um toque que a gente tem desde que eu era pequeno - Errou o toque, seu porra! Faz de novo - eu nego e ele sai da cozinha, cantando de novo.

Depois de um tempo, eu saio do banheiro, fechando o relógio de ouro no pulso, jogo a camisa branca pelo ombro, ouvindo o som alto estalando na casa toda. Caminho até a sala, encaixando a dedeira personalizada no dedo indicador, deixando só ela nos dedos e o meu cordão com o pingente do 7 no pescoço.

Rael: Olha o funk, tu conhece o Poze? - ele aperta o controle da televisão e eu franzo meu rosto, negando - Escuta o hino, então - eu paro na divisória da sala e cozinha, colocando minha camisa, vendo ele bebendo cerveja - Dois contra um, pode ser o momento do Flamengo, Bruno Henrique partiu, Gabigol tá pedindo, Gabigol tá pedindo, Gabigol tá pedindo! Tocou pro Gabigol, bateu! - ele finge chutar a bola, o funk começa e eu não consigo ficar sério.

Eu: Que porra é essa, pai? - ele levanta a latinha pro alto, deslizando os pés de um lado pro outro, enquanto faz uns movimentos com as mãos - Na cadeia tocava essa porra, pelo menos isso eu sei, só não tô ligado no cantor.

Por uma BucetaOnde histórias criam vida. Descubra agora