Capítulo 27

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Sanches

Puxo a gola da camisa, pra cima, tirando pelo pescoço, sentindo o vento frio esfriar meu corpo abafado pelo calor. Jogo a camisa pelo ombro e paro na entrada da casa do Bacu, respirando fundo, quando eu vejo Mirian e Natasha se matando no chão, eu só continuo aqui na calçada, deixando as duas brigarem, todo mundo olha, mas ninguém separa, eu que não vou separar.

Olho pro outro lado, passando a mão no peito, sentindo os pelos pequenos espetando minha palma grossa, vejo o Bacu falando com meu segurança e ele olha pra mim, balançando a cabeça, mas eu nego, mandando deixar as duas brigar. Eu já não ligo normalmente, depois do meu pau ter subido duas vezes e não ter descido, da forma que eu queria, eu quero mais é que se foda. E a Tiana é outra que eu não falo mais nada, só vou deixar brincar, quando eu quiser entrar pra brincadeira, a gente vê quem se diverte mais.

Hariel: Tem tempo que essas porra tá aí brigando - ele joga o fuzil pelo ombro e eu me encosto na porta, tirando um baseado do bolso - É pra deixar mermo? Depois rola notícia com teu nome, pô - eu encaro ele, vendo ele olhar pra trás de mim, bem onde a sonsa tá.

Eu: Terceira vez - falo baixo, rodando o baseado na boca, grudando a saliva na seda marrom, vendo ele me olhar - É a terceira vez que eu pego seu olhar nela, qual é a porra da explicação pra isso? Ou eu tô maluco de ver maldade nisso?

Hariel: Maluco não tá, mas tá se passando - ele me entrega o bic e eu solto uma risada baixa, olhando pra frente - Não vou olhar mais, só olhei por olhar, sem maldade nenhuma, patrão.

Eu: Tenho 37 anos, a cara e o jeito pode ser de otário, mas eu não sou - guardo o isqueiro no bolso, falando com o baseado na boca - Quer olhar? Você olha, mas olhe ciente do que acontece depois, ainda tô te dando o direito de fala, só pra não ser injusto.

Ele me encara nos olhos e desvia, tirando o fuzil do ombro, indo pro outro lado da rua, onde tá rolando a confusão. Daqui eu não vejo nada, só consigo ver uma roda de pessoas em volta delas. Uma coisa que eu não gosto é de ser feito de otário e não é de hoje que eu pego os dois se olhando, ela eu não falo nada, mas ele trabalha pra mim e sabe o que rola entre mim e ela, mas eu deixo rolar. Na hora de cobrar, eu vou tá na minha razão também e se não tiver, eu cobro do mesmo jeito, joguinho de moralidade não funciona comigo.

Sinto o cheiro doce do perfume dela ficando mais próximo e não me viro pra olhar, só percebo ela parar atrás de mim, falando baixo, mas de um jeito debochado.

Tiana: Eu acho que é briga mesmo - sopro a fumaça pro alto, olhando por cima do ombro, vendo ela me olhar com o rostinho franzido - Não é a mulher que tava com você? Uma briga do nada mesmo.

Eu: É ela mermo e lá vai eu pra mais uma briga hoje - ela puxa o cantinho da boca, se mexendo atrás de mim e franze o rosto, segurando no meu ombro - Tira o salto - ela olha pra baixo e volta a me olhar, negando com a cabeça - Tira o salto, vai ficar se machucando?

Tiana: Pelo menos eu tô me machucando num Louboutin - ela fala, dando ombros e eu me abaixo, puxando a cordinha de cada lado, tirando cada um - Eu já tava me acostumando, Tigrinho! - ela fala no automático e se abaixa, pegando os saltos, correndo pro outro lado.

Eu dou risada, tirando o baseado da boca, olhando o vestido dela subir a cada salto que ela dá, chegando perto da amiga. Elas se abraçam, conversando entre si e eu desvio o olhar, ouvindo os tiros no céu e a confusão parando. Só agora eu saio daqui e vou na direção da McLaren, me sentando no capô, fumando na minha paz insaciável.

Mirian: Você é vagabunda, como é que vem me bater assim? - escuto a voz dela, quando o som para de tocar e o Bacu segura ela, que fica se debatendo - Veio atrás de um cara que não quer você? Vai ficar se humilhando, igual puta, por uma pessoa que não te quer?

Por uma BucetaOnde histórias criam vida. Descubra agora