Capítulo 28

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Tiana

Seguro no afinamento da taça de vidro, sentindo o gelado que adormece meus dedos e cruzo meu braço direito com o braço da Ayres, me aproximando dela pra virar o Gin na boca. Bebo tudo com os olhos fechados, sentindo o sabor, sabor de que, Tiana? Dele mesmo, o sabor do sucesso, da prosperidade, da vitória, da superação e que sabor gostoso, tava muito acostumada com o amargor da derrota, a partir de hoje é só prosperidade pra nós.

Glorifica, Senhor!

Ayres: Eu falei e você ainda queria contestar, mas eu não abro a boca pra errar - ela enxuga o cantinho da boca e eu mexo a língua no céu da boca, degustando o Gin - Depois a gente conversa sobre o desenvolvimento da história de vocês, porque o primeiro passo já foi.

Eu: Eu sei, mas vamo com calma - eu olho pro lado, vendo o Tigrinho fumando sozinho e o Bacu gritando no meio da rua - Vamo ficar caladinha, porque a gente deu mole ali, as duas se matando e a gente tava rindo - ela tampa a boca, dando risada e eu nego com a cabeça - É sério, cachorra, não é pra ninguém saber que foi a gente.

Ayres: A gente só tava brindando, ninguém nem deve ter notado a gente - ela nega com o dedo, fazendo a pulseirinha balançar - Acho que o Bacu deu um selinho no seu Tigrinho ou é só bebida demais no meu rabo.

Eu olho disfarçadamente pro lado, vendo o Bacu sorrindo pro Sanches, só ele que não ri em momento nenhum, só sopra a fumaça pra frente, fazendo um nevoeiro que deixa ele muito gostoso, imagina um maconheiro de óculos. Ele me olha e mexe no óculos de propósito, por isso eu desvio pela milésima vez na noite, o meu fetiche tá me matando e eu não posso matar ele. Venci na vida hoje? Venci, mas não foi em todos os aspectos.

Eu: E você? - ela balança a cabeça pra mim e eu me encosto na parede da casa revestida de azulejo - Bacu tá querendo e você se fazendo de difícil, para de ser vagabunda, Ayres - ela bate no meu braço, jogando a cabeça pra trás - Ele é tão bonitinho, lembra aquele jogador do Flamengo - franzo meu rosto, tentando lembrar - Acho que é Gerson.

Ayres: Não tenho alma pra dar pra bandido, esse posto eu deixo pra você - ela aponta pra mim e eu faço cara feia, estalando os dedos dos pés - Não nego que ele é gostoso, mas tô correndo dessa raça safada.

Bacu: E aí, meu Sancheslícia! - ele levanta os dois polegar pro Sanches, olhando com um sorriso de orelha a orelha - Tá melhor do olhinho ou ainda tá tremendo?

Sanches: Tá ótimo agora - ele passa a mão no queixo, que tá com a barbinha crescendo - Acho que foi o beijo que melhorou - vejo o povo dando risada e ele puxa o cantinho da boca - Foi bom pra selar a irmandade, tô tranquilo.

Bacu: Fala assim não que eu vou querer outro - ele passa a mão na corrente de ouro, entrando no meio das mesas, vindo na nossa direção - Já ganhei de um e o seu vai sair quando, minha pretinha?

Ayres: Em breve, eu prometo - eu finjo que não tô olhando e ele vem pra perto, abraçando ela por trás - No dia 31 de fevereiro, pode anotar que sai.

Bacu: Eu já consegui o mais improvável hoje - ele beija o pescoço dela e ela tenta sair, dando risada - Tá vendo, né, Tiana? Um cara como eu, tô sempre ajudando ela e ela só me dá patada - ele fala comigo e eu dou risada - Hoje se aproveitou de mim pra não perder o cabelo, ainda se aproveita e quer pagar de certa.

Ayres: Eu me aproveitei de você quando, Bacu? - ele esconde o pescoço no rosto dela e ela pisca pra mim - A única coisa que eu fiz foi te abraçar, se isso é se aproveitar, eu não sei mais o significado da palavra.

Eu: Bacu se emocionou um pouco - ele levanta o rosto, cruzando os braços na frente do corpo da Ayres, me olhando com o rosto franzido - Nossa pequena Ayres é santinha, tudo que ela faz é só pensando no bem, você levou pro outro lado.

Por uma BucetaOnde histórias criam vida. Descubra agora