Capítulo 6

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Tiana

Seguro no cabo de vassoura, dançando junto com a Ayres. Desço até o chão, sentindo meu joelho estalando, mas eu ligo? Não ligo, a idade permite, ainda tô crocante. A pretinha aumenta o som e eu volto a varrer a casa ao som da Mc Carol, uma diva escutando a outra.

Eu: Meu namorado é mó otário, ele lava as minhas calcinhas! - eu grito no cabo da vassoura e a Ayres dá risada - Se ele ficar cheio de marra, eu mando ele pra cozinha!

Ayres: Arrasa, Tiana! - eu jogo a poeira na pá, vendo ela com a mão apoiada no chão, empinando a bunda na minha direção - A nossa general arrasa muito, isso é um hino de reparação histórica - eu dou risada e ela começa a gemer - Ai, DJ Júnior! Vai!

Eu: Na sua boca, eu viro fruta, chupa que é de uva! - eu pulo no meio da casa, sentindo a felicidade me dominando - Meu Deus, como é bom ser rica! - solto meu cabelo, deixando ele cair nas costas - Ayres, eu tô ficando maluca com esse tanto de dinheiro!

Ayres: Vamo soltar fogos? - ela abaixa o som e eu mordo meu lábio, dando risada - Meu medo é acharem que é invasão - eu pulo, me segurando no cabo de vassoura - Vamo deixar MC Carol de lado, porque ela ativa muitos gatilhos em mim.

Eu começo a dançar sozinha, varrendo o cantinho da parede de casa. Subo a vassoura no teto, limpando as teias de aranha, quem vê pensa que a gente não limpa, mas essa safada dessa aranha tá sempre montando uma teia nova. Eu olho pra Ayres, vendo ela colocando Mc Marcinho, aí eu danço e sofro por ninguém.

Eu: Amor, por que você me trata assim? Apenas quero te fazer feliz! - ela me agarra e a gente pula juntas - Eu tô tão feliz que eu vou morrer, será que é a fase da despedida?

Ayres: Você não dá mais bola para mim, não vou conseguir mais viver sem ti! - ela me ignora e eu dou risada, batendo a vassoura nas coxas dela - Ainda lembro daqueles momentos, até hoje está no pensamento! Amor, me dá uma segunda chance!

Eu deixo ela na sala e vou pra cozinha, tô olhando com um olhar visionário, cheguei em casa e minha mente parecia ter mudado, será a riqueza? Pois, eu tenho certeza. A sala já tem tudo que eu quero, mas a nossa cozinha tá simples demais. Eu chamo a Ayres e ela vem pro meu lado, dando uma olhada na cozinha.

Eu: Eu sinto que falta um toque nessa cozinha - ela coloca a mão na cintura e confirma - Vamo comprar um fogão novo, aqueles elétricos, porque eu não aguento mais fósforo - olho pro fogão e depois pra geladeira típica de pobre - O San San patrocinou o fogão novo e a geladeira, nossos 10 mil vai render muito.

Ayres: É tanta coisa, então vamos comprar o fogão e a geladeira, né? - eu confirmo, abrindo no site da loja - O caminhão das Casas Bahia vai entrar na favela e vem pra nossa casa! - ela pula do meu lado e eu jogo o cabelo pra jogo - Ainda vai sobrar pra comprar a PCX, esse atropelamento foi a abertura pra nossa vida dar certo.

Eu abro no site da loja, procuro as coisas mais em conta, porque tem que sobrar. Peguei os mais bonitinhos e comprei, passei tudo no meu nubank, eu tô tão realizada. Outra dessa eu não tenho nunca mais na vida, foi um dia de azar, mas aí veio ele e clareou tudo, ai Tiana...

Eu: Foi tudo graças ao atropelamento e tem outro detalhe - ela me olha e eu mexo o indicador na minha boca - Tem que agradecer pela saidinha também, eu esqueci que ele era detento, fiquei de cara com o wi-fi, ainda me impressiono com essas coisas.

Ayres: Mas era óbvio, a gente sabia que o dono tava preso, o dono é ele, amiga - eu vou pra sala de novo, ouvindo ela falar - É assim mesmo, qualquer dia desses você tá aí usando uma legging preta - eu jogo a cabeça pra trás, dando risada.

Eu: Olha bem pra minha cara - eu aponto o dedo pro meu rosto e ela dá risada, tampando os olhos - Você sabe que eu sou louca, mas não me sujeito a isso por macho nenhum, você sabe como eu sou - ela estreita os olhos e eu mordo minha unha - Mas sabe o que é pior? A vagabunda da Tiana gostou do wi-fi na perna dele.

Por uma BucetaOnde histórias criam vida. Descubra agora