Capítulo 6

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Violet

San Diego, Califórnia - EUA

Desço as escadas tentando fazer o mínimo de barulho. Passo pela sala em que estava com meu pai agora pouco nas pontas dos pés e vou em direção aos fundos da casa.

Nem pensei em tirar o vestido de noiva e os saltos, agi por impulso, então vou ter que dá meu jeito. Tento puxar a saia do vestido para cima de forma que facilite meu andar. Quando avisto os seguranças de costas para mim próximos a garagem, eu diminuo meu passo. Entro na garagem que é interligada com a parte externa da casa e me escondo atrás de um dos nossos carros.

Meu coração está quase saindo pela boca, mas não posso deixar sorrir. Estou fazendo uma loucura, claro que em prol da minha liberdade, no entanto não deixa de ser uma loucura.

Levanto um pouco a cabeça e vejo seguranças sentados em círculo, comendo pizza e assistindo o que parece um jogo de futebol de americano. Aproveito que eles estão distraídos, engatinho em direção ao painel que contem as chaves de todos carros e pego uma delas. Só falta descobrir a qual carro pertence, o problema que não entendo nada de carros e todos eles parecem ser da mesma marca.

Decido esperar e pensar um pouco no que fazer, quando do nada os seguranças começam a gritar e pular comemorando um touchdown, também ouço o som alto de fogos de artifícios. E é nesse momento que decido apertar o botão na chave para ver qual carro irá piscar e fazer barulho. Como os funcionários estão distraídos gritando e comemorando, não irão notar nada.

Vejo que o carro que pisca é um que está próximo a mim. Vou basicamente rastejando até ele, abro a porta bem lentamente e entro sem chamar atenção. Puxo toda a saia do vestido para dentro do veículo e fecho a porta de forma devagar. Respiro fundo e dou uma risada não acreditando no que estou fazendo. Depois, busco o controle do portão da garagem por todo a carro, até o encontrar no porta luvas.

Eu preciso ser rápida, quando eu ligar o carro os seguranças já vão escutar o barulho e ficarão alertas. Então, a primeira coisa que faço é abrir o portão da garagem, porque sei que demora uns segundos para abrir completamente. Eles estão tão distraídos que não percebem nada. Homens e futebol!

Quando a porta se abre por completo, eu não penso duas vezes e ligo o carro. Os seguranças se assustam e olham confusos diretamente para onde que estou. Não espero nem mais um segundo e arranco com o veículo.

Abro a janela deixando o vento vir em meu rosto, a brisa fresca das noites de San Diego me refrescam. Sinto a adrenalina queimar meu sangue e o ronco do motor soa como música para meus ouvidos. Se isso que é se sentir livre, quero me sentir sempre assim.

Dou uma olhada no decote do meu vestido para ver se a lista ainda está guardada e vou andando pela cidade sem rumo, porque não sei para onde ir. Não sei como andar por San Diego, já que nunca foi necessário, porque sempre tive um motorista particular. Também não tenho familiares na cidade, os poucos que tenho vivem em outras cidades da Califórnia.

Quando olho pelo retrovisor vejo dois SUV pretos me seguindo. São os carros dos meus seguranças. Piso no acelerador e continuo seguindo em frente. Demoro a perceber que o ambiente ao meu redor vai mudando, os prédios são substituídos por um deserto de chão batido e a praia praticamente sumiu. Me afastei muito da cidade, mas não posso voltar atrás agora, tenho que despistar eles.

Acelero o carro mais ainda e mais a frente encontro uma entrada sem nenhum tipo de sinalização. Parece meio sinistra e sinto um pressentimento ruim, mas não me importo, preciso fugir deles. Então, faço a curva entrando no local. A estrada começa a ficar mais sinuosa e de difícil locomoção.

A Mulher do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora