Capítulo 5

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Violet

Um mês depois

San Diego, Califórnia - EUA

Me olho no espelho e não sinto nada. Já senti tudo o que deveria sentir. Raiva, negação, desconforto, tristeza. Agora estou blindada de qualquer sentimento. Meu olhar vazio se encontra com o da minha mãe no espelho, vejo que o seu está tão vazio quanto o meu. Ela termina de arrumar meu véu  e se afasta.

Percebo que Salma não parece aquelas mães que se emocionam quando veem as filhas vestidas de noiva. Ela parece com... inveja. Minha mãe faz uma careta quando me olha por completo. Imagino que a razão para isso, seja porque ela e meu pai se casaram no civil, e o sonho de Salma era ter uma grande festa de casamento.

Quando ela percebe que estou olhando em sua direção, muda sua feição. Mamãe agora sorri falsamente e finge que seca uma lágrima.

- Você está linda, querida, mesmo com esse vestido. - Ela tenta mostrar que está emocionada.

A única coisa que pude escolher neste casamento foi meu vestido e como sempre, minha mãe detestou, disse que era muito simples. Eu gostei justamente por esse motivo. Ele é um vestido longo, estilo minimalista, com saia rodada e sem mangas. É simples, mas muito elegante. Estou usando um coque com tranças e alguns fios soltos, e uma maquiagem com tons mais claros, do jeito que costumo usar.

A minha aparência é basicamente a única coisa que posso controlar em minha vida, então fiz questão de me sentir bonita e estar confortável, por mais que minha mãe desaprove

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A minha aparência é basicamente a única coisa que posso controlar em minha vida, então fiz questão de me sentir bonita e estar confortável, por mais que minha mãe desaprove.

- A limusine está nos esperando lá fora. - Meu pai comenta enquanto mexe em seu celular.

Em nenhum momento ele olhou para mim. Achei que pelo menos fosse me elogiar, dizer que estou bonita, mas as vezes eu me esqueço de quem sou filha. Meu pai não se importa comigo, não sei porque me surpreendo ainda.

- Para quê uma limusine, pai? - Não sei pra quê esse luxo todo, um carro já estava de bom tamanho. Meus pais insistem em ostentar até o que ele não têm.

- Imagina a filha do deputado chegar em um carrinho na Igreja em que vai se casar. Não quero essa vergonha. - Mamãe comenta ultrajada. Reviro meus olhos de saco cheio.

- As vezes me pergunto de onde vem esse dinheiro todo que vocês gastam. - Terence me encara sério. Seu olhar que antes estava despreocupado, agora parece suspeito.

Sei que ele ganha bem por ser deputado e de família rica, mas não acho que isso cobre os gastos que temos. Vivemos em uma mansão gigantesca em um condomínio fechado, temos vários carros importados e ainda por cima tem o noivado e o casamento, que com certeza foram uma fortuna. Suspeito que papai seja envolvido com negócios ilícitos, mas não tenho certeza, são apenas suspeitas que tenho.

A Mulher do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora