Capítulo 50

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Violet


- Eu quero meu dinheiro, seu bandidinho de merda. - Meu pai grita tentando parecer forte, mas no fundo sei que está desesperado.

Miguel gargalha olhando para Pedro que ri de volta.

- Você não está em posição de fazer exigências, hijo de puta. Basta um sinal e você e todos os seus homens morrem.

- Qualquer movimento que fizer, eu mato ela. - Terence me aperta mais ainda contra seu corpo.

Tento respirar calmamente, mas a situação não me permite. Depois de tudo o que meu pai fez, atirar em mim seria o de menos.

- Se você fizer isso é um homem morto, Chase. Qualquer coisa que você fizer com minha mulher, eu vou fazer pior com você, pode ter certeza disso. - Nunca vi Miguel tão assustador assim. Seus olhos estão sombrios e cerrados, e suas mãos apertam seu colete a prova de balas com força.

Sinto meu pai tremer ao meu lado. Ele está claramente com medo. Terence não é um cara de conflitos cara a cara, ele apenas manda alguém fazer o serviço sujo. É um covarde.

- Podemos resolver isso tranquilamente apenas transfira o dinheiro pra mim e assim eu te entrego Violet. - Me enojo da forma como me trata como mercadoria.

Miguel encara o homem gigante que ainda não sei o nome e faz um sinal como se pedisse aprovação. Em resposta, ele acena confirmando seja lá o que for.

- Vamos fazer o seguinte. Você me dá Violet e só depois eu te dou as maletas com o dinheiro.

- Nem pensar, não vou cair nos seus truquezinhos. - Meu pai exclama.

Meu namorado faz um sinal para Alfonso que abre o porta malas de um dos carros estacionados e traz consigo várias maletas que provavelmente contém dinheiro dentro. O garoto abre cada uma delas revelando os milhares de dólares.

- O dinheiro é todo de vocês, mas antes me entreguem Violet e aí, deixo vocês irem embora.

Terence fica indeciso. É claro que tudo o que ele quer é pegar o dinheiro e retomar a sua antiga vida fútil. Fecho os olhos e torço para que meu pai aceite. Não vejo a hora de todo esse pesadelo acabar.

- Vamos aceitar esse dinheiro logo, Terry. Esses saltos estão me matando. - Minha mãe reclama.

- Nem pensar, Chase. Não podemos confiar na palavra dele. - Juancho se manifesta pela primeira vez.

Miguel olha irritado para o primo. É a primeira vez que se veem desde que ele descobriu a verdadeira índole de Juancho. Chega a ser estranho ver duas pessoas que se consideravam irmãos, se encararem como dois adversários.

- Diferente de você, Juan Alberto, eu compro com o que digo. - O primo ri debochado.

- Olha só, o tão incrível e superior, Miguel. - Ele diz teatralmente. - Esse é seu maior defeito, priminho, sua honra. Nesse mundo em que vivemos, ela não vale de nada.

- Chega dessas tretas familiares, não é o momento pra isso. - María se pronuncia também. Ela está tão diferente do que eu me lembro, parece mais centrada, o que se prova que estava interpretando um papel quando apareceu em Tijuana. - Entrega a fedelha e pegamos o dinheiro, afinal era tudo o que queríamos, cariño.

María acaricia o peito de Juancho, tentando o convencer.

- Conheço Miguel, sei que é apenas mais uma das armações dele. Não podemos confiar. - Ele insiste.

O silêncio se instala por alguns minutos e a tensão paira no ar. Parece que uma bomba está prestes a explodir a qualquer momento.

- Tudo bem. - Meu pai quebra o silêncio. - Eu aceito. Entregamos Violet e você nos dá o dinheiro.

- Não faça isso... - Juancho grita, Terence levanta a mão o interrompendo.

- Os seus problemas com Miguel resolva em outro lugar. Quero o dinheiro.

Miguel sorri satisfeito e aguardo meu pai me soltar. Quando ele me empurra para frente, corro aliviada para os braços do meu namorado o apertando com força. Ele me aperta de volta, cheirando meu pescoço.

- Você está bem, amor? - Miguel segura meus ombros e verifica cada canto do meu corpo pra ver se estou bem. Quando vou responder, Terence nos interrompe.

- Chega dessa palhaçada, me entregue o dinheiro agora.

Enquanto estou em seus braços, Miguel faz um sinal para Alfonso e outros de seus homens entregarem as maletas lotadas de dólares. Meu pai passa o olho verificando cada um delas e em seguida sorri satisfeito.

- É bom fazer negócios com você, Herrera. Até a próxima.

Estranho toda a situação, foi muito mais fácil do que imaginei. Achei que haveria relutância ou até mesmo mais desconfiança, mas foi tudo tão rápido.

Mal tenho tempo de concluir o pensamento quando Terence vira para trás e se prepara para ir embora junto de Salma, Juancho o empurra e rouba sua arma em seguida.

- Isso não vai ficar assim! - Ele grita e aponta-a em minha direção. - É tudo sua culpa, sua piranha desgraçada.

- Juancho, não... - María grita.

Antes que alguém possa fazer qualquer coisa, ele dispara em minha direção. É tudo muito rápido, apenas fechos os olhos preparada para sentir o impacto e a dor, no entanto não sinto nada. Abro meus olhos e vejo Alfonso caído no chão com uma das mãos segurando seu braço ensanguentado.

- Alfonso. - Grito desesperada.

De repente, em menos de um segundo, um dos homens de Miguel dispara e acerta a perna de Juancho que cai no chão. Em seguida, um tiroteio violento se inicia.

- Vá para trás do carro, Violet. - Miguel ordena bruscamente enquanto pega sua arma e começa a atirar me protegendo. - AGORA!

Ainda estou em choque com a situação, mas faço que ele pede. No entanto, antes ajudo Alfonso a se levantar e juntos nos escondemos atrás de um dos carros. Ele se senta do chão e encosta as costas no carro com uma careta de dor.

- Por que fez isso? - Falo desesperada. - Você poderia ter se ferido gravemente.

- Nunca deixaria ninguém machucar você e o bebê, patroa. - Sorrio e acaricio seu rosto.

Em seguida, pego a barra do meu vestido, rasgando-a com toda a força e amarro-a no braço de Alfonso para estancar o sangramento. Ele geme um pouco de dor.

O tiroteio continua. Fico preocupada com Miguel e quero saber o que está acontecendo, mas sei que pode ser fatal qualquer movimento que eu faça. Então me sento ao lado de Alfonso tremendo de medo e ansiedade. Abraço minhas pernas e tento me tranquilizar, mas os barulhos dos tiros me impedem.

- Fique tranquila, Vi. Miguel já fez isso várias vezes e vai conseguir escapar. - Ele tenta me acalmar.

Não sei quanto tempo se passa, mas fecho os meus olhos tentando imaginar coisas positivas para me distrair dos gritos e tiros. Depois de um tempo, o barulho vai cessando, porém ao invés do meu medo passar, ele só aumenta. Será que Miguel está bem?

A Mulher do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora