Capítulo 13

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Miguel

Dia seguinte

Olho pela janela do galpão enquanto penso sobre tudo o que aconteceu ontem. Ainda não me sinto totalmente bem e recuperado, mas graças a Violet estou um pouco melhor. A situação acabou saindo de controle e eu fiquei daquele jeito, se não fosse por ela, eu poderia ter me fodido mais ainda.

Ontem foi o aniversário de morte dos meus pais, uma data que sempre me deixa mal. Eu tiro esse dia para extravasar e esquecer dos meus problemas. Perder os meus pais foi como perder meu porto seguro e não resolver o assassinato deles tira meu sono. Então, toda vez que esse dia chega, é como uma lembrança anual de que não fui capaz de descobrir o assassino.

Mesmo que pareça estranho, porque mexo com isso, nunca fui um cara de usar muitas drogas, no máximo fumo um baseado. No entanto, na noite de ontem eu extrapolei, usei tudo que vi pela frente e acabei perdendo a consciência.

Não queria que ela me encontrasse dessa maneira e também não queria ter ficado daquele jeito, mas eu estava no fundo do poço e quis afogar as mágoas de algum jeito.

Apesar de tudo, o que mais me deixa pensativo é o fato de Violet ter cuidado de mim. Detesto que façam isso, porque me faz lembrar da minha mãe que era extremamente carinhosa e cuidadosa com as pessoas. Então quando Lupe ou minha tia tentam cuidar de mim, fico desconfortável, porque me faz lembrar dela. Mas com Violet me senti diferente, gostei de seu cuidado de certa forma. Mesmo assim, não quero me acostumar com seu jeito, pois sei que Violet não ficará comigo pra sempre e um dia terá que partir, e já basta de perdas na minha vida.

Ouço a porta da minha sala ser aberta, meu tio Germán passa por ela. Seus cabelos e bigode estão cada vez mais grisalhos, mas seu espírito ainda continua jovem. Sorrio e me levanto, indo em sua direção, trocamos um abraço rápido.

- Como está se sentindo, hijo? - Ele pergunta enquanto aperta meus ombros.

- Estou bem. - Minto. Meu tio cerra as sobrancelhas. Ele é como um pai pra mim e por isso, me conhece como ninguém.

- Você pode enganar sua tia e seus primos, mas a mim você não engana, Miguel León Herrera. Sei que ontem foi o aniversário de morte de Juan Pablo e Ella. Usou aquelas coisas de novo?

Me afasto dele e vou em direção a janela. É impossível esconder algo de tio Germán, ele sempre sabe tudo. O que aconteceu ontem não foi a primeira vez.

- Usei, tio. - Escuto seu xingamento e me sinto como se fosse uma criança novamente. - Você sabe como me sinto.

- Eu sei, mi hijo, mais do que ninguém eu sei, mas não use mais essas coisas. Converse comigo, com sua  tia ou com seus primos, somos sua família e queremos o seu bem. Desabafar pode fazer bem...

Me lembro de Violet falando a mesma coisa ontem.

- Mas pare de usar essas coisas, você está se matando aos poucos, Miguel. - Germán volta a se aproximar de mim e coloca sua mão em meu ombro. - Você se lembra o que seu pai falava?

- A droga é pra vender, não pra consumir. - Repito a frase que mais ouvia meu pai falar.

- Então siga esse conselho.

Fico pensativo com a fala de tio Germán e repenso todas minhas atitudes. Se Violet não tivesse lá em casa eu poderia ter morrido e não é isso que quero para minha vida. Ainda tenho muito o que fazer, o principal é honrar a memória dos meus pais e descobrir o assassino deles.

Depois de um tempo, tio Germán sai da minha sala e Juancho entra em seguida.

- O que acha de irmos a praia? - Ele pergunta animado. - Pedro e Gabi irão com a patricinha.

- Não sei, Juancho. Hoje não é um dia muito bom para mim.

- E vai perder a chance de ver Violet de biquíni? - Viro minha cabeça rapidamente em sua direção.

- Ela não é pra você, cabrón. - Praticamente rosno para ele.

- Como assim? - Meu primo se faz de desentendido.

- Você não quer nada sério com ninguém, Juancho. Já vi a forma com trata as mulheres, você as usa e depois descarta. Violet não merece isso.

- Você fala isso como se fosse diferente, Miguel. - Reviro os olhos.

- A diferença é que eu não iludo ninguém, já deixo muito claro que gosto de foder e ir embora. Você ilude, conquista e depois some.

- Vai pagar de moralista agora? - Ele diz raivoso.

Acabo perdendo minha paciência e me aproximo dele, o encarando fixamente, olho no olho.

- Fique longe de Violet, Juancho. Não é um pedido, é uma ordem como seu líder.

Meu primo afirma com a cabeça ainda meio relutante, mas é bom que fique distante de Violet, ela não é mulher pra ele.

- Você está afim dela, não é, Miguel? - Ignoro sua pergunta e saio da sala.

- Você está afim dela, não é, Miguel? - Ignoro sua pergunta e saio da sala

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Estaciono o carro na vaga em frente a calçada da praia. Juancho abre a porta e sai sem me esperar. O dia está muito bonito e está muito quente também, mas não estou no clima para praia. Vim apenas para acompanhar meu primo e ficar de olho nele, agora que sei de seu interesse por Violet.

Tiro meus tênis para andar pela areia e vou caminhando até encontrar o guarda sol onde minha prima e Pedro estão. Mais uns passos a frente, encontro Gabriela tomando sol em cima da toalha enquanto seu marido está olhando para os lados parecendo neurótico.

- Por que está assim, Pedro? - Pergunto quando estou perto deles.

- Tô vendo quem vai ser o cabrón que vai olhar pra bunda da minha mulher. - Ouço Gabriela bufar.

- Deixa de palhaçada, Pedro. Tem um monte de mulher aqui com um biquíni mais revelador que meu, por que olhariam justamente pra mim? - Ela abaixa seu óculos enquanto fala.

- Porque você é linda e gostosa...

Depois que escuto isso, saio de perto para dar privacidade a eles. Não quero ouvir Pedro elogiando minha prima dessa forma. Sei que são casados há anos, mas não preciso saber de tudo.

Ando um pouco pela praia, aproveito e tiro minha camisa, ficando só de bermuda. Logo mais a frente avisto Juancho conversando com algumas mulheres. Percebo que seu olhar vai em direção ao mar e permanece estático de repente. Tento achar o que ele está procurando, vasculho todo o lugar, mas nada me prepara para o que estou prestes a ver.

Vejo Violet saindo do mar e indo em direção ao guarda sol de Gabriela. Ela parece andar em câmera lenta, encaro seu corpo escultural em um minúsculo biquíni preto. As gotas de água escorrem por todo corpo e seu cabelo brilha por causa do sol. Seu rebolar sensual chama minha atenção, tento afastar o olhar e focar em outras partes, mas tudo nela me deixa atraído. Violet caminha sensualmente até o guarda sol como uma deusa das águas, uma sereia.

Percebo que todos olham para ela, o que me deixa irritado. Possessividade é um caminho perigoso e sem volta, e infelizmente, estou me sentindo assim com Violet.

A Mulher do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora