Capítulo 9

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Miguel

Dia seguinte

Ando pelo corredor escuro. Lembro que da última vez que estive aqui eu ainda era uma criança. Vou até o quarto dos meu pais e abro a porta. Espero encontrar o cômodo vazio, mas na verdade, vejo um corpo estendido em cima da cama com a coberta por cima.

Me aproximo lentamente e quando descubro o corpo, vejo o cadáver dos meus pais. Caio para trás por conta do susto que levei ao ver a cena. Eles estão pálidos e com os olhos opacos, da mesma maneira que os encontrei quando tinha doze anos.

Tento me levantar para sair o mais rápido o possível daqui, mas minhas pernas estão pesadas e parecem não vão se mexer. O desespero parece me consumir. Tento gritar, espernear, fazer qualquer coisa, no entanto tudo é em vão.

Já estou sem esperanças e prestes a deixar minha alma ser engolida pela escuridão, quando um ser iluminado entra no recinto. É uma mulher usando um vestido branco e longo. Seus olhos são da cor violeta. Ela se se aproxima de mim lentamente e subitamente me sinto mais calmo. A jovem estende a mão me ajudando a levantar. Fico de frente para ela, encarando-a e tentando entender quem é essa pessoa.

A mulher sorri para mim e sussurra um agradecimento. Em seguida, ela vai se afastando, mas não me sinto pronto para uma despedida. Corro atrás da jovem, porém não a encontro em lugar nenhum...

Acordo suado e com os batimentos acelerados. Pego meu telefone para ver a hora e vejo que é quase meio dia. Me levanto rapidamente ainda impactado pelo sonho que tive e vou em direção ao meu banheiro.

Sempre que o aniversário de morte dos meus pais se aproxima, eu passo a sonhar com eles constantemente. As vezes eles aparecem vivos e em outras são apenas seus cadáveres. Só que dessa vez, uma nova personagem surgiu. Ela meio que me tirou da escuridão. Normalmente, eu acordo quando eu a escuridão me consome por completo, mas a mulher me salva e foge em seguida.

Isso me deixa pensativo. Seus olhos violetas estão presos em minha mente e não consigo tirá-los dela.

Termino de tomar banho e desço para cozinha para tomar um café antes de ir ao galpão. Guadalupe está dançando pela cozinha a música de Luis Miguel enquanto lava a louça. Me sento na cadeira e assisto a cena dando risada.

Lupe se assusta com minha gargalhada e se vira para mim com a mão no coração.

- Ay, niño, que susto! - Ela grita.

- Desculpa, Lupe. Não queria interromper seu momento.

Guadalupe trabalha aqui tem muito tempo, mas me conhece desde que nasci, por isso, ela tem um carinho materno comigo. Nesses anos todos, ela tem cuidado da minha casa e de mim também de certa forma.

- Está tudo bem, te perdoo. - Rio mais uma vez, Lupe me diverte. - Vai sair sem comer de novo?

- Acordei muito tarde, quero só um café preto e depois almoço no bar.

- Nem adianta eu falar nada, você não aceita ser cuidado por ninguém. - Ela resmunga enquanto tira seu avental. - Bom, tem comida na geladeira pra você jantar e a casa já está toda limpa...

Guadalupe para de falar quando Violet entra no recinto. Eu perco a linha de raciocínio quando a vejo. Ela usa minha camisa que mais parece um vestido e dessa forma consigo ver suas pernas grossas e torneadas. A garota não usa um sutiã então seus mamilos marcam a roupa e seus seios empinados chamam minha atenção. Desvio o olhar rapidamente para que ela perceba que estou olhando para seus peitos, mas quando olho para seu rosto fico mais deslumbrado ainda. Violet não usa nenhuma maquiagem. Ela está de cara limpa e seus cabelos estão soltos e bagunçados, porque provavelmente acabou de acordar.

Ela nunca esteve tão linda. Não a havia visto ainda sem o vestido de noiva e a maquiagem borrada. Sua beleza é ainda mais impactante ao natural. Devo estar que nem um maluco a encarando, mas não consigo desviar, meu olhar clama por ela.

- Não sabia que estava acompanhado, niño. - Guadalupe estranha, porque sabe que nunca trago mulheres para minha casa. Só uso a boate ou um hotel qualquer para transar.

Violet fica sem graça pela insinuação da Lupe e se retrai um pouco. Acho que está com vergonha da pouca roupa que usa também.

- Não é o que está pensando, Lupe, essa é a Violet, minha protegida. - Me aproximo dela e abraço sua cintura. - Princesa, essa é minha funcionária e amiga, Guadalupe.

Ela se encolhe no meu abraço como se eu fosse seu porto seguro. Começo a sentir algo que não deveria, me sinto possessivo com ela. Quero protegê-la, quero cuidar dela, quero tê-la em meus braços. Isso é algo que não sinto há muito tempo. Violet está mexendo com minha mente e acho isso perigoso.

- Muito prazer, senhora. Desculpe chegar assim, estou sem roupas e essa camisa do Miguel é a única que tenho. - Ela diz toda tímida.

- ¡Oh mi niña! Não se preocupe com isso. Pode me chamar de Lupe. Não está com fome? Está tão magrinha. Venha, vou te alimentar, já que esse troglodita não fez isso. - Guadalupe abraça Violet e a leva em direção a geladeira para mostrar as comidas.

Lupe não costuma gostar das pessoas facilmente, acho que com a garota foi uma conexão instantânea. Fico feliz que cuidará bem dela.

- E aí, primo. - Ouço a voz de Juancho. Ele nunca toca a campainha, sempre entra na minha casa como se fosse o dono. Cabrón. - Então é verdade que a filha do Chase está aqui? Tive que ver com meus próprios olhos.

- Pedro já te falou? - Ele acena.

- Nossa, ela é gata pra caralho. - Vejo seu olhar passear pelo corpo inteiro de Violet. Me sinto incomodado com isso, no entanto me seguro para não dar um soco nele. - Se ela não tiver lugar pra ficar, pode ir pra minha casa.

- Ela está bem aqui, Juancho. Não tem nada mais para fazer? - Não escondo minha irritação.

- Calma, chefia. Vim te buscar para recebemos as cargas.

- Vamos logo, só vou me despedir dela. - Ignoro seu olhar malicioso e me aproximo das duas mulheres. - Violet, tenho que trabalhar agora. Mais tarde minha prima vai passar aqui para trazer algumas roupas e produtos íntimos. Tudo bem?

- Pode ir, Miguel, vou ficar bem. - Ela me dá um sorriso que me tranquiliza. Sei que ficará bem.

A Mulher do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora